Capítulo 34

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   Aviso: Ao fim do capítulo encontrarão uma ilustração feita por mim do personagem Viktor Berm, essa é uma das ilustrações oficiais de "Pela Honra de Frid", eu mesma ilustrei e tenho total direito autoral sobre ela. Não está permitido qualquer compartilhamento, salvar a foto ou tirar print da imagem, ela estará disponível no meu Instagram oficial de autora caso desejem vê-la novamente.

   NÃO ERA CORRIQUEIRO do dia a dia das Atrações receber qualquer chama de interesse de qualquer ser que seja, sabendo bem disso Arabella sentia uma grande necessidade de mostrar para aquelas pessoas a importância que tinham como seres humanos e quão desejados realmente eram para os Guardiões.

   Obviamente ser salvo não é suficiente, não significa que uma Atração simplesmente poderia viver com o fato de ser ela mesma apenas por ter sido salva – pensava Arabella reflexiva – Zach deixou claro este pensamento, ser liberto não mudará o pensamento de uma Atração ou a fará se sentir menos inferior ou monstruosa, por isso é meu dever mostrar a todos que são sim humanos, importantes e valiosos.

  Decidida a mostrar seu interesse por todos os libertos Arabella – enquanto mexia a grande panela, que haviam encontrado em meio à desorganização do Circo, de ensopado – resolve que faria com que todos se apresentassem e se conhecessem entre si, todos precisavam se tornar amigos e um belo jantar em grupo com uma conversa amigável não lhe parecia nada mal. Animada com a perspectiva de dar tudo certo e conhecer melhor seus súditos, fazer deles amigos, a jovem mal pode esperar para o ensopado de batata-doce ficar pronto.
— É sopa de novo? Eu não aguento mais! – a reclamação infantil de Math, na qual o moreno balança o corpo desgostoso como uma criança mimada faz Arabella desejar jogar sua colher de madeira na cabeça dele.
— Você se esqueceu da sua vida tentando sobreviver todos os dias e comendo seus sapatos sem ter o que jantar? – questiona a loira sentindo-se brava com a ingratidão do moreno mal acostumado.
— Nunca comi meus sapatos! Eu lambi uma vez... – diz o moreno coçando o queixo marcado por uma trilha de pelos pequenos – mas nunca comi!
— Bem, se não for mais grato farei questão que saiba como é comer um! – diz a jovem loira sorrindo, sentindo o calafrio se espalhando pela coluna Math faz uma nota mental.

  Nota mental: Não reclame da sopa de Arabella ou pode acabar com uma bota na garganta.

Claro princesa, jamais reclamaria da sua comida, da divina sopa que comemos todos os dias a mais de um ano, que glória!
— Ótimo! Agora vá pegar as vasilhas, temos de alimentar muita gente, aproveite e chame aquele Lisianto distraído lá fora, é a terceira vez que o chamo para ajudar Malia a cobrir com a lona o chão, a coitadinha ainda está tentando carregá-la para o centro.
— Sim senhora – diz Math desanimado se retirando, especialmente preguiçoso, o inverno costumava deixá-lo letárgico, talvez fosse na verdade um urso, quem sabe.
— E você? Não vai soltar minha perna? – se dirigindo à pequena pessoinha de baixa estatura e cabelos cacheados bagunçados que à algum tempo decidira entrar em uma relação digamos... grudenta, com a perna de Arabella.

  Zoey não falava muito desde que fora liberta, francamente as vezes que Arabella ouvira a criança falar mais de três frases fora no enterro de seus pais, entretanto a garotinha respondia Arabella baixinho às vezes, mas jamais em hipótese alguma respondia ou se deixava ser tocada por qualquer outro dos Guardiões fossem homens ou mulheres.
Fome – a voz baixinha de Zoey é captada pelos ouvidos da loira que fica feliz em ser respondida pela pequena bicolor, pondo-a em seus braços com o consentimento da garotinha.
— Está com fome? Já já vamos comer, você vai poder comer o quanto quiser mais uma vez, isso não te deixa feliz? – brinca com o narizinho de Zoey que tapa o rostinho com suas mãozinhas e solta uma leve risada. Era difícil fazê-la rir, fazia pouco tempo desde o enterro dos seus pais e a menininha ainda sofria muito com isso, se tornara comum a pequena acordar chorando à noite repleta de pesadelos, sendo sempre confortada por Arabella que dormia ao seu lado todas as noites, enchendo-a de abraços e cafunés carinhosos que permitiam a pobre menininha uma, tão merecida, calma noite de sono.
— Acho que o ensopado deve estar pronto... – comenta Arabella falando com sigo mesma. Andando com Zoey em seus braços a procura de Math que deveria ter buscado Lisianto, mas simplesmente não havia voltado, dirigindo-se para os fundos do circo e saindo para fora encontra três desocupados deitados na grama a olhar as estrelas – Eu espero que estejam treinando seus próprios funerais, diz a loira brava atraindo os olhares dos três rapazes pegos no flagra.
— Ah é mesmo! – Math bate em sua testa com a palma da mão – eu havia me esquecido, Lisianto Arabella mandou ajudar Malia a estender a lona.
— Nossa muito obrigada Math por esperar que eu venha até aqui para poder chamá-lo, o que eu faria se não fosse sua competência? – sendo repreendido com o sarcasmo de Arabella Math ri envergonhado.
— Malia precisa de ajuda? Estou indo agora! – apoiando as mãos no chão Lisianto ergue seu corpo e agilmente parte para dentro da tenda.
— Ele está caidinho por ela! – comenta Viktor que ainda deitado com as mãos atrás da cabeça olhava o céu estrelado despreocupadamente.
— Ele não tem coragem para sequer tocar no assunto – a voz de Marjorie surge de dentro da tenda revelando a garota que surgia para fora – mas ainda que ele não fosse uma pessoa totalmente indiscreta eu ainda assim saberia que ele não tira os olhos dela.
— Delatando seu irmão tão facilmente, que coisa feia Floquinho de Neve! – Math brinca com Marjorie.
— Em primeiro lugar não tenho por que esconder uma coisa que está tão visível para todos, em segundo lugar eu posso delatar facilmente para Lucinda os apelidinhos que tem dado para a gente – o comentário espinhoso sendo respondido com uma reação súbita de Math que se senta rapidamente de olhos arregalados.
— Ah meu Deus, por favor não faça isso! Lucinda vai me matar antes que eu tenha chance de me explicar!
— Sabe quem mais vai matar você, ou melhor... vocês? – Arabella balança seu dedo indicador em direção aos rapazes deitados.
— Quem?
— Eu também?! – Viktor questiona surpreso
— Sim e sim, eu vou matá-los e enterrá-los na próxima clareira se não entrarem agora e ajudarem a servir o jantar! Zoey está faminta e eu tenho planos importantes para essa noite, então se não der tudo certo eu vou descontar o meu mal-humor em vocês dois! – Arabella claramente brava sorri ameaçadora, sendo respondida pela imediata obediência dos homens que levantam-se e adentram a tenda a procura das tigelas.

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