- É incrível!

- Posso dançar agora? - ele perguntou esperançoso.

- Desculpe. Ainda precisa se curar. - não valia a pena se arriscar a bater aquela perna.

Ele ficou decepcionado e pegou seu banjo.

- Está bem! - disse a Srta Stacy - Vamos tentar de novo.

Voltamos a nos posicionar para a dança. Novamente me vi diante de Anne, ela estava no centro de um trio formado por ela, Charlie e Caleb (o filho dos Lynde), eu também estava no centro do meu trio e tinha Diana de um lado e Jane do outro.

Moody começou a tocar a música The Dashing White Sergeant, ou seja, O Arrojado Sargento Branco. Decidi que já que não poderia fugir, ao menos me divertiria com a situação. Olhei para Anne e comecei a dançar tentando ser tão arrojado quanto o tal Sargento.

Eu sorria e fazia reverências exageradas. Ela pareceu surpresa de início, mas me lançou um olhar divertido. A dança começou e ela continuava olhando para mim, agora com um grande sorriso do rosto.

Nos dividimos em trios e ela se separou de mim, ficando no outro trio. Mesmo assim seus olhos continuavam em mim, meu coração batia acelerado e eu não conseguia tirar meus olhos dela. Não sabia se quem dançava comigo era Jane ou Diana, tudo o que eu enxergava era Anne. Sua pele branca em contraste com suas tranças vermelhas, e aqueles impressionantes olhos azuis me seguindo.

O próximo movimento da dança era os trios se cumprimentando. Anne continuava me olhando e quando se aproximou meu coração parou por um instante. Havia algo diferente em seu olhar, eu não sabia dizer ao certo o que era, mas era muito bom receber aquele olhar.

Nos separamos, mas eu queria mais. Precisava ter ela mais perto de mim.

A dança pedia que meu trio passasse por baixo dos braços do dela. Num impulso soltei a mão de Diana e peguei a de Anne, a rodopiei colocando-a ao meu lado. Ela me olhou com um grande sorriso que me tirou o fôlego. Agora estávamos de mãos dadas e era maravilhoso poder tê-la perto de mim e tocá-la...

Puxei sua mão de forma que ela ficasse o mais próximo de mim possível enquanto girávamos em círculo. Ela continuava com os olhos fixos em mim.

Meus parceiros de dança se reorganizaram de alguma forma e quando nos separamos de novo formei um trio com Anne e Charlie. Bom, Charlie estava ao lado dela desde o início da dança e quando ela trocou de lugar ele veio atrás. Naquele momento eu não me importava com ele, era para mim que ela olhava, era para mim que ela sorria... e aquilo era perfeito! Anne era perfeita!

Começamos a dança em trio, Charlie e todos os outros ainda deviam estar lá, mas para mim tudo desapareceu. Só existia Anne e eu, seus olhos nos meus, seu toque... cada movimento dela... era como se o mundo tivesse parado. Ela também sentiu. Como era possível que não sentisse? Seus olhos denunciavam que o que eu estava sentindo era recíproco.

Estendi a mão e ela a pegou, olhou nossas mãos juntas e deu um suspiro... tudo parecia um sonho.

No último movimento, alguém de nosso grupo se perdeu e nos reorganizamos. Acabamos novamente frente a frente quando fizemos a última reverência. A música parou, mas eu não conseguia me mexer.

Anne continuava parada na minha frente com os olhos fixos em mim. Eu queria dizer alguma coisa, mas não consegui formular nenhuma palavra. Nem sei como ainda conseguia respirar, parecia que meu coração ia explodir.

Ela piscou, como se de repente acordasse de um transe e saiu. Vê-la se afastar chegou a doer em meu peito. Que sentimento era aquele? Fiquei ali parado por mais um instante, tentando reorganizar meus pensamentos.

O que havia acontecido? Seria possível que Anne estivesse flertando comigo?

Comecei a me preparar para sair, mas ainda tentava entender tudo. Aquilo havia começado com uma brincadeira, talvez ela só estivesse brincando o tempo todo. Talvez eu tivesse imaginado tudo aquilo.

Era tudo tão confuso para mim. Até mesmo meus próprios sentimentos eram difíceis de entender. Minha vontade era correr até ela e a abraçar, tocar, não sei... eu queria estar com ela novamente. Mas o que aquilo significava? O que eu deveria fazer diante desse sentimento?

Me virei para sair e me vi novamente diante dela. Anne me pareceu assustada quando me olhou. Saiu correndo e eu fiquei pensando se ela estava com medo de mim. Talvez eu tivesse imaginado tudo. Talvez não fosse recíproco e eu ainda a tivesse assustado.

Meu Deus! Eu estava cada vez mais confuso!

Passei o dia todo pensando nisso e enquanto preparava o jantar ainda pensava nisso. Eu estava preparando um cozido e usava uma das receitas de Mary. Bash me observava enquanto dava a papa de Delphine.

Eu cortava cenouras e só conseguia pensar no movimento das tranças de Anne enquanto ela dançava me olhando nos olhos. Soltei um suspiro de irritação por não conseguir tirar aquilo da cabeça.

- Aconteceu alguma coisa... diferente na escola hoje? - Bash perguntou não segurando mais sua curiosidade.

- Sim. - disse com irritação - Apesar da proximidade das provas e de tudo o que se poderia ensinar em uma escola. Hoje tivemos uma aula de dança!

- Interessante. - Bash disse rindo - E... de que tipo de dança estamos falando?

- The Dashing White Sergeant.

- Essa dança... o que ela fez para te ofender tanto?

- Dançar não é o meu jeito preferido de passar uma tarde. Só isso. - suspirei frustrado - Eu não... eu não entendo.

- Até as suas abelhas dançam. O que foi tão confuso?

- Se eu... se eu sentir algo... por uma garota, significa que é com ela que devo me casar?

- Não necessariamente. - ele disse coçando a nuca, pensativo - Atração, sim, é importante. Mas o amor... é o que realmente importa. E o amor é maior... do que os sentimentos de que está falando. Faz sentido?

Atração? Amor? Como eu saberia a diferença então? Ele havia dito que o que eu estava sentindo era atração. Que amor era maior que aquilo. Seria possível que eu apenas me sentisse atraído por Anne? E haveria um sentimento maior que aquele?

- Acho que sim. - eu disse, mas me sentia ainda mais confuso.

- Pode me dizer quem é essa garota?

- Não. - ele nunca me deixaria em paz se eu dissesse.

- Tem certeza?

- Sim.

- E agora? - perguntou depois de um segundo.

- Não.

- Pode contar à ela. - apontou Deli que sorria para mim - Ela não vai falar.

______________________________________
Oi gente. Espero que tenham gostado do capítulo. Tentei descrever a cena com o máximo de detalhes. Mas não sei se consegui. Então...
Vai aí o vídeo para vocês conferirem.

My Anne with an EWhere stories live. Discover now