você está agindo igual a uma criança em busca de atenção

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Salto do ônibus com um pouco de medo. Graças a Deus o ônibus que eu estava em mente passa perto da casa dele, senão eu teria de pagar um táxi e não ando com dinheiro para essas coisas. O que me resta agora é bater à porta e esperar ele abrir. Não sei se estou nervoso porque fiquei molenga no ônibus. Sabe, eu não sou acostumado a pegar ônibus tão vazios assim. Por que ônibus de bairro nobre é tão vazio? Tudo bem que eles têm carros, mas poderiam utilizar o transporte público e dar descanso à camada de ozônio. Eu odeio burgueses. Ten, se eu gosto tanto de você, se sinta privilegiado.

E estou pensando no seu nome enquanto bato à porta. Não literalmente, pois há uma campainha para isso. Por sorte, as luzes estão ligadas. Ele deve estar checando minha imagem pela câmera. E demora, chego suspiro alto. Daí a porta se abre e contemplo sua imagem de cabelo e corpo molhado, inserido num roupão de veludo.

— Taeyong...

— Você ainda lembra do meu nome? — questiono ironicamente, entrando sem nem ser convidado. Não estou com paciência para etiquetas.

— Então quer dizer que você parou de me ignorar? — cruza os braços sobre o roupão enquanto eu fecho a porta pelas costas. Eu diria que ele está sensual assim, se não fosse pela minha raiva e o deboche explícito dele.

— Como?

— Me ignorar, Taeyong. Não se faça de idiota.

— Quê? — ah, pronto. Sempre tem a cereja do bolo pra foder com tudo. — Você que tem me ignorado. Estou tentando falar com você desde ontem.

— E eu estou a tentar falar com você desde a semana passada — ele caminha até o sofá e pega uma toalha que repousava no braço. — Me senti bem idiota, às sete da noite, fazendo chamadas para os satélites. Sozinho.

— Você parou pra pensar que talvez tivesse acontecido alguma coisa comigo? — encaro. Eu não acredito que estamos discutindo isso, pois nem é de fato o foco urgente.

— Você está intacto, pelo que estou vendo. E ainda veio com roupa de trabalho, que incrível — de onde Chittaphon está tirando essa ironia? — Quer saber? Isso já passou. Tenho outras coisas com que me preocupar.

Caminho, me a aproximando de ti, não sei se com raiva do desdém ou machucado pelo tal jeito. Pois quando começa a esfregar a toalha no cabelo, curvando o corpo levemente bronzeado, eu decido jogar as cartas na mesa.

— Itália, por exemplo — menciono. Ele continua a esfregar o cabelo. — Não vai falar nada?

— Você já sabe e isso é ótimo — afasta a toalha do cabelo, deixa que repouse úmida no seu colo. — Era isso que eu queria falar com você.

— Ah, então você planejava falar comigo uma semana antes?

— Taeyong, eu tentei falar antes com você. Mas não consegui. Tentei dar um jeito, mas às vezes simplesmente não ia. Tipo, eu não queria que você ficasse bravo ou coisa do tipo. Às vezes você surta.

— Parabéns, Chittaphon, você acertou. Eu surto mesmo. E você sabe como foi meu surto quando soube disso? Você nem ao menos mencionou isso antes.

— Eu sempre falei que queria ir. Acha que eu estava estudando italiano para quê? Dizer que sou poliglota e dominar o mundo? — levanta-se do sofá, a toalha caindo no chão brilhante.

— Você nunca disse que seria esse ano, você nunca disse.

— Eu ia te dizer.

— E ficou me enrolando por meses? — aponto para o meu próprio peito. — Ten, isso é ridículo. Você nem ao menos pensou em mim.

café et cigarettes༶✎༶tae•tenWhere stories live. Discover now