― Agora eu preciso ir. Não se demore tanto em sair da cama. Não tenho mais desculpas para meu pai. ― Ettore se aproximou da cama, a fim de beijar a testa da esposa, mas foi surpreendido quando ela o puxou.

― E se usarmos a desculpa de sempre? ― Helena se virou na cama, deitando por cima do marido. ― Que estamos praticando para dar um neto a ele?

As mãos grandes de Ettore se enfiaram nos cabelos escuros femininos, trazendo a mulher para mais perto de si. Passou a língua levemente pelo lábio inferior da mulher, um gemido sôfrego saiu de sua garganta, atrás de mais.

Os olhos fechados e os lábios rosados se formaram em um biquinho, quando duas batidas na porta cortou todo o clima.

Um Leonel furioso entrou pela porta e foi apenas um segundo para que Ettore puxasse o lençol para esconder a nudez de sua esposa.

― Quero você lá em baixo em um segundo! ― Foi uma ordem explícita para Ettore que se levantou assim que seu pai deu as costas e saiu.

― E o meu beijo? ― Helena perguntou para o marido que parou no batente da porta.

― Quando eu voltar dou quantos você quiser. ― Foi a última coisa que falou antes de fechar a porta atrás de si.

Saiu a procura de seu pai que não estava em nenhum lugar aparente, até perguntar para alguma empregada e ser sinalizado que estava no escritório.

― O que houve, pai? ― Perguntou assim que viu seu pai sentado na cadeira frente a mesa no centro do cômodo, com uma expressão nada boa.

― Andrei está na cidade.

Andrei era filho de um dos inimigos de seu pai, mas era aquele impossível de ser comprado. Que estava longe dos domínios italianos.

Que atuava no país frio. Pertencente de uma máfia russa. Ele não deveria estar na Itália, ainda mais em Sicília.

Colocar os pés em solo italiano era assinar seu próprio atestado de óbito.

― Impossível. Ele não seria um tonto.

― Veja você mesmo. ― Seu pai jogou sobre a mesa fotos de Andrei, várias fotos recentes, em Palermo. Conversando com várias pessoas. ― Vladimir não vai demorar a mostrar a cara também.

― Temos um acordo de anos. Eles não vem até aqui e nós não vamos até lá. Fácil e simples.

Ettore largou as fotos e as mãos foram direito aos cabelos, puxando os fios, estava agoniado.

Helena.

Sua esposa foi a primeira a povoar seus pensamentos.

Se os russos estavam na cidade não era boa coisa, nunca era. Quebraram um acordo estabelecido a anos.

― Foi o câncer.

― O câncer, pai? Como?

― Você vai assumir o meu lugar em alguns dias. ― Seu pai começou a falar de forma pragmática, denotava ter conhecimento. Conhecimento que Ettore não tinha. ― Eu estou morrendo. Se eles pretendem atacar a hora se aproxima.

― O que aconteceu no galpão. A visão que passou. Uma notícia vazou. Nada foi feito. ― Ettore entendeu naquele segundo tudo o que aconteceu. ― Pequenas coisas que fizeram de mim um possível Capo fraco.

Ettore passou aos mãos no rosto, tentando controlar a raiva que sentia correr por seu sangue. Parecia ser feito naquilo, de raiva.

Havia um grito preso em sua garganta, um sentimento incomum.

Giostra - Máfia Siciliana (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now