OITO - MALDITOS CROMOSSOMOS

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I A N

– Pode nos deixar a sós por um momento, Raquel? – Disse Ryan levantando da cadeira e se escorando na escrivaninha para ficar de frente a Ian. – Gostaria de ter uma conversa com... – ele encarou o vampiro por alguns segundos – meu irmão – aquilo soou bastante orgulhoso.

A loura fez um gesto positivo com a cabeça e passou por Ian seguindo em direção ao elevador, ela parou no meio do caminho depois de refletir por um instante e virou-se para encarar Ryan.

– Quer que eu deixe Sandro aqui? – Perguntou ela. Ryan olhou para o garoto ainda no elevador encarando os próprios pés e fez uma discreta careta de nojo.

– Não é necessário – disse ele voltando os olhos para o irmão. Quando a garota sumiu com Sandro pelo elevador, Ian voltou a sentir seus poderes voltar um a um e como ele já imaginava, Sandro era quem bloqueava suas habilidades, fator pertinente aos caçadores.

Ryan tirou do bolso um pequeno dispositivo parecido com o controle de um portão elétrico e apertou num dos botões o que fez as persianas cobrirem a enorme parede de vidro em suas costas. Em seguida, ele apertou em outro botão e as luzes se acenderam por cima de suas cabeças, claras e fortes.

– Zacarias havia me dito que você estava morto – disse Ian se lembrando da noite em que havia confrontado o cientista. O velho havia lhe dito que seu irmão gêmeo havia morrido por não ter aguentado as experiências em laboratório. No segundo seguinte, Ian teve uma crise de raiva tão forte que o fez socar o rosto de Zacarias até a morte.

– Meu pai estava tentando me proteger – disse Ryan calmamente.

– Pai? – Perguntou Ian atônito. – Aquele verme não era seu pai.

Ryan encarou o irmão um tanto desconfortável por tê-lo ouvido falar daquela forma sobre Zacarias, mas por algum motivo, ele resolveu ignorar o comentário.

– Quando seus poderes se manifestaram no orfanato – disse Ryan – você foi trazido para essa ilha para ser estudado e eu vim com você. – Ian não ousava piscar. Ele havia sido levado para aquela ilha ainda muito novo, por isso se lembrava pouco do irmão.

Por muito tempo, ele havia feito perguntas sobre Ryan, mas nunca alguém havia lhe respondido uma delas se quer. Quando Ian fugiu da Ilha, tudo o que ele queria era descobrir o que havia acontecido com seu gêmeo, e naquela noite, ele havia descoberto. Aliás, era o que ele acreditava até o presente momento ter se revelado.

– Zacarias achou que minhas habilidades também se manifestariam, mas adivinha? – continuou Ryan – Nunca se manifestaram.

– Humano? – Perguntou Ian confuso.

– Exatamente – disse Ryan. – Um mutante e um humano, irmãos gêmeos – ele voltou a sorrir – idênticos por fora, completamente diferentes por dentro.

Ian engoliu em seco. Ryan era realmente idêntico a ele. O nariz grande, a boca larga e o mesmo tom de azul nos olhos. A diferença dos dois estava nas roupas, já que ele usava uma calça social preta, uma camisa de botão bem passada e sapatos italianos enquanto Ian parecia um maltrapilho dentro de um jeans velho e rasgado, uma camiseta preta desbotada e um par de tênis gasto.

Ryan tinha uma postura autoritária, ereto, queixo erguido, o olhar para a frente e para o alto, já Ian era um pouco curvado e procurava não encarar muito as pessoas para não chamar a atenção para si. O corte de cabelo de Ryan era baixo, cortado na tesoura, um corte americano caro e perfeitamente alinhado, se Ian tivesse um pente, ele conseguiria deixar seu cabelo igual ao do gêmeo chique.

– Zacarias me tirou da ilha – continuou Ryan. – Me levou para morar por um tempo com ele até que algo fosse feito comigo, mas no final ele mesmo acabou me adotando – Ian continuou encarando Ryan seriamente. – Eu soube da sua existência a pouco tempo – disse ele. – Meu pai havia me dito que você havia morrido quando criança, mas eu estava com ele quando você ligou da cadeia há dois anos. Eu queria ter entrado na sua vida ali, naquela época, mas meu pai interveio e acabou me mandando para fora do pais para cuidar de alguns assuntos da família.

Heróis (Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora