— Mais tarde você não escapa.

Ele se ajeitou, e me pegou pela mão novamente e descemos as escadas. A mansão era gigantesca, porém sombria, tons de preto e cinza predominavam no local, passamos pela sala e seguimos para a sala de jantar, quando avistei uma cabeleira ruiva sentada à mesa. Meu coração encheu-se de amor, ao lado dela estava Olívia de cabeça baixa. Elas ouviram nossos passos, Rebeca abriu um lindo sorriso e saiu correndo em minha direção.

— Mamãe! - ela gritou, eu me abaixei esperando seu abraço.

— Meu amor!

Abracei-a com todo meu amor, beijei seu rostinho corado, passando as mãos pelo seu cabelo. Afastei um pouco para ver se ela estava realmente bem, aparentemente sim, ela usava um vestido branco com fundo florido. O cabelo estava solto, caindo em onda perfeitas.

— Mamãe eu quero ir embora para casa.

— Aqui é a sua casa, ao lado da sua mãe e do meu que sou seu pai. - Diogo falou autoritário.

— Eu tenho medo dele mamãe. - Rebeca falou baixinho.

— Pois não devia, sou seu pai e não lhe farei mal algum. - Ele ouviu e revidou.

— Mamãe eu quero... - Não deixei que ela terminasse a frase, com a sua ingenuidade infantil provavelmente falaria alguma coisa que faria Diogo ficar furioso.

— A gente vai comer, depois a gente vai conversar tá princesa.

— Tá bom mamãe, não sai de perto de mim. - Ela me abraçou forte, eu fiquei abraçada com ela de olhos fechados por algum tempo. Quando abri os olhos, Olívia estava parada na minha frente, abatida, porém muito forte, uma fibra que eu inveja ter, pois estou me segurando para não desabar. Como se lesse meus pensamentos Diogo falou:

— Loirinha dura na queda, se eu não te amasse tanto, eu casaria com ela.

Olívia disfarçou a cara de nojo e falou comigo.

— Sara, estava tão preocupada. Quase dois dias sem se alimentar, só no soro, como você está se sentindo?

— Um pouco fraca, mas sem fome.

— Negativo, você vai comer sim, e vai se alimentar bem. Eu mesma vou te servir.

Ela segurou na minha mão e me levou até a mesa, onde puxou a cadeira para eu me sentar. Rebeca sentou-se ao meu lado, sem tirar as mãos de mim. Olívia fez meu prato com salada, arroz, filé, batata frita, uma prato bem brasileiro, Diogo pelo visto lembrava do que eu gostava de comer.

Fizemos a refeição em silêncio mórbido, eu sabia que naquela noite nossas vidas tomaria rumos diferentes, meu coração se apertava dentro do peito, mas eu tinha que defender Rebeca e Olívia coitada, que era uma inocente no meio de uma história que não era dela.

Terminamos o jantar, e Diogo ficou me encarando, eu podia sentir o peso do seu olhar, de hoje não escapava. Meu Deus, me dê forças, não vai ser fácil, mas eu sacrificarei minha vida pelos meus filhos.

— Estou ansioso pela proposta que vai me fazer Sara.

Olívia me olhou tensa, balançou a cabeça de forma negativa como se adivinhasse meus planos.

— Não Sara...

— Rebeca minha princesa, sente-se naquele sofá, de lá a gente consegue se ver, a mamãe precisa conversar sério, coisas de adulto, é rapidinho a mamãe já vai sentar lá com você .

Ela se levantou contrariada, mas foi, eu fiquei observando minha filha sair até sentar-se no sofá, de frente para mim, porém numa distância segura que ela não pudesse ouvir a conversa que teríamos.

Prisioneira do Tráfico (Livro 2) CONCLUÍDO ✅ Onde histórias criam vida. Descubra agora