E toda a reflexão se voltava a ele, sempre ele. Desde que Pietra conheceu Ben, a Agente se perdeu no mundo complexo do certo e errado. Além disso, o rumo conturbado que a vida dela havia tomado assustava-a. Toni admitia temer pelas mudanças radicais que Bernardo provocou, mas por outro lado ela não conseguia imaginar qual outro rumo ela teria tomado se nem soubesse da existência dele. De uma forma errada e assustadora, Ben se encaixa em cada espaço vazio da vida de Pietra, e consequentemente ameaça a estabilidade que ele tanta almeja.

Toni sempre esteve tão acomodada a uma vida segura e agitada, onde não precisava se preocupar incessantemente igual vinha fazendo quando está distante dele. Egoistamente ela não se preocupava em como as mentiras e o perigoso trabalho no FBI afetava negativamente as pessoas ao seu redor, sempre faz o que tem que fazer. Mas agora tudo havia mudado, e não só com relação a Bernardo.

Pietra zela pela saúde de Jane, e a vida adoidada que a moça leva pelas boates de Chicago. E com as crises de Nat com os vestibulares, e faculdades. E zela, mais do que queria, com ele. Bernardo tomou as rédeas do coração da Agente inibindo qualquer ação que a razão lhe dizia.

_ Está tão quieta- Toni piscou afastando os pensamentos , e olhou para o CEO exibindo uma pequeno sorriso.

_ Estou cansada, não dormi muito bem!- murmurou aconchegando-se ao banco e observando-o dirigir. O silêncio, no momento, não é algo que a incomodou. Pelo contrário, Toni sentiu-se confortável em apenas o olhar e tentar entender o que devia fazer.

Pietra só retomou consciência da realidade enquanto subia as escadas do jatinho no aeroporto. Particularmente, ela não gosta de Nova York, por ser a cidade de seu pai biológico. Seria obrigada a encarar os enormes cartazes e propagandas eleitorais com o rosto de Bloom espalhado por todas as ruas.

Porém, Toni não poderia reclamar. Lise viveu a vida toda nessa cidade, e nada mais justo que o enterro acontecesse por ali.

No tempo dentro do avião, Pietra tentou repor as horas mal dormidas da noite anterior. Mesmo que por várias vezes, acordou assustada revivendo o pesadelo. Por fim acabou desistindo de dormir, e encarou Ben que estava sentado na poltrona da frente completamente parado e quieto.

O livro que ele segurava nas mãos, impediu que Pietra visse o rosto do CEO. Mas ela vislumbrou o maxilar travado intensamente e com foco total na leitura.

Isso a lembrou da biblioteca que Bernardo havia construído na casa dele, e foi inevitável que ela sorrisse feliz. Toni pensou em questioná-lo sobre o livro, mas imaginou que ele não quisesse conversar, visto a postura desconfortável e rígida que mantinha desde que entraram no jatinho.

E mesmo que Pietra conseguisse decifrar o traços infelizes e cansados nele, o ar sério e o ato elegante ainda acompanhava o rapaz. Bernardo mexeu levemente a cabeça estalando o pescoço e, manteve os olhos fixos nas páginas do livro sem dar uma abertura para que ela iniciasse uma conversa.

Toni desviou o olhar até a janela, e conseguiu avistar o início da cidade. Ela esperou não encontrar Bloom durante as horas em que ficaria por ali, já que os encontros entre os dois não costumam ser muito amigáveis e cabíveis.

_ Está pensando no seu pai?- os olhos que antes estavam no livro agora a olhavam.

_ Sim, como sabe?- questionou com a voz fraca, e curiosa com o fato de ele poder lê-la com tamanha facilidade.

_ Quando vejo essa expressão séria, e essa ruguinha aqui ó- Ben levantou e se sentou ao lado da Agente colocando o dedo entre as sobrancelhas dela- Eu sei que é problema.

_ Eu não tenho ruguinha!- Toni resmungou sorrindo e revirou os olhos .

_ Tem sim, bem aqui ó!- ele fechou pouco os olhos e focou na região dentre as sobrancelhas da moça- Uma pequena e linda ruguinha!- Ben riu vendo a careta de Toni, que tentava se manter séria mas acabou por rir com ele.

Como Seduzir Um MafiosoWhere stories live. Discover now