CAPÍTULO 19 - UM ADEUS GLORIOSO

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Tudo estava tão iluminado na praça, que o grupo demorou um pouco para se acostumar com a claridade e ver toda a população a sua volta, boquiaberta. Num palanque, construído para a ocasião, onde estavam os convidados de honra, os dois elfos e o anão, donos da Birosca, se entreolharam sem entender.

- O que aconteceu com as elfas dançarinas de can-can? – o anão perguntou aos elfos, que deram de ombros.

O povo de Dique do Duque estava boquiaberto. Então um barulho de vento forte fez com que todos olhassem para cima.

Pontos muito brancos surgiam no céu negro, vindos da direção da Birosca e quando os moradores de Dique do Duque recomeçaram a bater palmas, achando que as luzes eram fogos de artifício, Cornélio aproveitou para gritar:

- Espalhem-se! Todos no dique em dez minutos! – e com um pulo já estava fora da caixa se enfiando no meio das pessoas que olhavam para o céu, maravilhadas.

Mestre Valentim agarrou o pulso de Anastácia e a puxou para o lado oposto. Ícaro e Dinorah se entreolharam, assustados, as luzes estavam descendo. O avestruz tropeçou nos próprios pés e empurrou Dinorah que caiu pra trás e esperou o contato do chão duro com a cabeça.

Mas não...

Ela estava flutuando!

Abriu os olhos, receosa, e finalmente percebeu que o que a sustentava quase deitada no ar era o tapete, que tremia em suas mãos:

- Um tapete voador! – ela soltou o tapete redondo, que voou tão rápido para suas costas, que ela não caiu mais do que dois centímetros – Sei exatamente como voar em você!

Um dos moradores de Dique do Duque alcançou o palco dos convidados de honra, e agarrou o microfone, berrando tão alto que todos ficaram atordoados.

- SÃO AS BRUXAS ALVAS! – e em seguida caiu desmaiado aos pés do duque.

Depois disso o clima festivo desapareceu completamente, dando lugar ao caos. Todos começaram a correr sem direção, esbarrando uns nos outros, jogando pessoas no chão e passando por cima. No palco, um dos elfos tirou de dentro do bolso uma garrafinha de vidro, contendo um líquido preto.

- Meu caro duque, foi uma festa admirável, mas nós elfos e anões não nós damos com essas suas convidadas de última hora, então, se me permite...

Ele tomou um gole do líquido e logo desapareceu, o outro elfo e o anão o imitaram, não sem antes fazerem uma pequena reverência com a cabeça para o duque, e assim, desapareceram também, deixando no palco um nobre sozinho e confuso.

- Droga! – Ícaro exclamou, no chão, enquanto era pisoteado pela multidão – Eu não consigo ver em que direção fica o dique!

Mestre Valentim lançara em si mesmo um Feitiço dos Pés Flutuantes, e agora estava correndo por cima das cabeças da multidão, como se estivesse voando. Ele segurava o pulso de Anastácia, que por conseqüência flutuava também.

- Não se preocupe, querida Ani, logo estaremos no dique!

Mas apesar disso, Anastácia parecia a ponto de chorar.

- Mestre... não estou vendo minha irmã, nem Ícaro!

- Tenho certeza que eles estão bem! Não-bruxos sempre dão um jeitinho de se safarem de situações complicadas!

Nesse momento eles ouviram um berro que Anastácia soube, imediatamente, ser de Ícaro. Começou a torcer a cabeça para todos os lados, até que viu uma Bruxa Alva que descia furiosamente do céu em direção a um alvo, depois voltava a subir e repetia todo o processo, berrando tanto que seu rosto estava se deformando, se transformando no de uma mulher cada vez mais velha.

O Demônio, a Bruxa (e a irmã dela) [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora