Capitulo 39

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Estava pensando seriamente sobre a discussão que tive com Gael, e como isso o afetou de uma forma imensa! Ele com toda certeza está certo, o pensamento dele é mais humano do que o meu, isso faz com que eu me pergunte quantas coisas tenho a aprender com ele, sobre viver em sociedade?
1 hora depois Gael volta para o quarto.
Em silêncio, ele não disse nada, só deitou na cama e pronto, cheguei mais perto.
Eu: Gael? — ele não me respondia — sei que está triste e com raiva, sei também o quanto minhas opiniões incoerentes te deixaram mal e decepcionado, me perdoe! De todo meu coração, se eu quero que o mundo melhore, preciso ser a melhora dele. Espero que fique tudo bem entre nós. – ele continuou parado, nada saia da sua boca e eu entendi que tinha feito minha parte, virei para o outro lado da cama e dormi.

{ próximo dia }

Acordei primeiro que Gael e já fui organizar as coisas para o café da manhã! Me encontrei com Juliana logo cedo.
Eu: Você para por algum momento? — ela riu.
Juliana: Nem se me pagassem! E qual foi a grande bomba do jantar? – perguntou curiosa.
Eu: Iremos para o Brasil! – seu sorriso se desfez e se transformou em surpresa.
Juliana: Como? Brasil??? América latina? Brasil dos portugueses? — falou como se não tivesse acreditando.
Eu: Não vou repetir de novo Juliana! – a respondi.
Juliana: Iremos para um país calorento? Sairemos desse frio? Ficaremos onde? Como será a nossa estadia?! — perguntou animada.
Eu: Só sei que iremos para Pernambuco, é uma capitania muito importante do Brasil e pelo que falam, muito linda! Não sei mais a fundo, porque não tive chance de perguntar ao seu irmão.
Juliana: Por qual motivo? – me questionou.
Eu: não gosto de pessoas negras! – respondi, mas não tenho orgulho.
Juliana: Como é? Renata é negra! É você sabe disso.
Eu: Mas Renata é um caso a parte, é uma negra de alma branca. — Juliana imediatamente parou o que estava fazendo e olhou para minha cara.
Juliana: Porque? Por acaso se a alma dela fosse branca seria melhor? Amenizaria o tom da sua melanina, que pela sua visão é o defeito dela! – talvez fosse.
Eu: Só queria que vocês entendessem, que fui criada com esse pensamento, não sei como pensar diferente.
Juliana: É só não pensar então, você tem tanto a aprender sobre a vida! Antes de estar com o meu irmão, aprenda o básico, aceite as pessoas como elas são! Ser negro não é um defeito, mas se todas as pessoas brancas de fora, forem que nem você, talvez ser branco seja um. — e as palavras de Juliana, foram como uma espada afiada, que passa em meu coração, sem piedade. Devo rever o que estou pensando, devo me tornar alguém melhor.
Eu: Me perdoe Juliana! – ela me olhou indignada.
Juliana: Não me peça perdão, mude! – mais uma vez.

No café da manhã
Todos estavam conversando muito e rindo, eu estava na minha pensando em como eu posso odiar uma pessoa, pela sua cor de pele, não faz o menor sentido.
Rei: Porque está tão calada Angelina? – me questionou.
Eu: estou pensativa vossa majestade, está tudo bem.
Rei: Vá nos conte o que anda lhe preocupando. – sorriu o rei.
Eu: estou pensando em quão ignorante é odiar pessoas pela sua cor de pele, e como meu silêncio diante de uma sociedade tão homicida, é só uma fração do quão eu faço parte dessas mortes.
Rainha : não pense assim meu bem! Os africanos sempre foram um povo forte no braço, mas burros na mente.
Eu: Porque?
Rainha: oras....

O novo Grão- DuqueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora