26 - Second Chance

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Certo, como não ter um ataque cardíaco quando a garota que você mais ama está a alguns metros de distância, encarando você de uma forma como se pedisse desculpa por algo e com a aparência de quem chorou muito?

Nesse exato momento eu quem deveria estar assim, pois a realidade era que a culpa sempre foi minha. Por mais que eu nunca aceitasse. A culpa era minha, eu quem deveria estar me sentindo péssima.

— Eu posso falar com você? — perguntou a menor passando a manga de sua blusa pelo rosto que estava encharcado de lágrimas secas.

Respirei fundo tentando engolir todos meus sentimentos e acabei por assentir ao que ela dizia.

— Me siga. — foi a única coisa que eu disse antes de levá-la para o quarto de Jinsoul e Lip.

Eu poderia jurar que vi um sorriso de gato de Cheshire no rosto de Jinsoul enquanto Minho parecia surpreso com a situação. É, eu também estava. Mas no fundo esperei muito por isso.

— Então… — falei assim que entrei no quarto e sentei na cama que estava coberta por um lençol da Ariel, essa deveria ser a cama de Lip.

Jiwoo preferiu ficar em pé, com as costas encostadas na parede, encarando o chão enquanto algumas poucas lágrimas escorriam por sua face. E eu não queria vê-la chorar, mas parece que eu não poderia impedir isso.

— Eu sinto muito. — ela disse. — Eu agi da mesma forma com você.

Franzi as sobrancelhas em dúvida tentando entender a razão para me dizer tal coisa. Mas me pareceu algo que eu não conseguiria compreender, ao menos não por mim mesma.

— Agiu? — perguntei.

— Eu estava irritada, eu não pensei no quanto estaria te magoando ao dizer tudo aquilo. Eu não… — ela voltou a chorar ainda encarando o chão.

— Hey, não chore. Por favor. — falei tentando ao máximo não abraçá-la. Jiwoo me parecia tão indefesa daquela forma, como uma criancinha, talvez como Karin estava quando Miyeon foi embora.

— No fim das contas eu fui egoísta também. — ela disse secando suas lágrimas. — Eu só pensei em mim mesma.

— Não é bem assim, eu fiz uma coisa terrível com você, com todo mundo. É normal que pensasse dessa forma.

— Mas… você tinha razão. — disse ela. — Eu nunca a julgaria daquela forma. O problema é que Chaewon é como uma irmã mais velha pra mim, eu sempre tento ouvi-la quando possível.

— É mas… isso não significa que ela esteja sempre certa.

— Eu sei, mas ela me pareceu certa. Nunca achei que você pudesse se arrepender pelo o que fez.

— É que vadias não se arrependem. — falei sorrindo tristemente. — Porém eu deixei de ser vadia faz um bom tempo, e eu sei que não dá pra acreditar em alguém que te magoou imensamente, aliás se Saerom viesse me pedir desculpa eu não acreditaria nela. Porque ela também me magoou bastante e eu não costumo perdoar pessoas que me magoam. Entretanto, se eu sou assim não significa que as outras pessoas não possam pensar da mesma forma, afinal de contas eu humilhei todo mundo então não espero que ninguém me perdoe.

— É mas… você foi até lá e me pediu desculpa. Acho que tem razão, antes você nunca faria isso.

— Não, eu não o faria. Antes eu não ligava pra ninguém além de mim mesma.

— Você ainda não me explicou por qual razão se arrependeu de ter me tratado daquela forma, porque eu acredito que as pessoas mudem depois de ter alguma experiência parecida. Não pode ter mudado nada, não se mudou de verdade.

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