4 - I Don't Remember

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Sorte é uma palavra que não se encaixa mais em meu vocabulário.

Eu teria agradecido se o filme tivesse sete horas de duração, estava sendo incrivelmente fácil cuidar daquelas duas praguinhas quando estavam caladas.

A quietude que se instalava pelo local era realmente muito boa, mas eu não tinha sorte então assim que os créditos começaram as duas crianças deixaram de lado o silêncio e começaram a falar tantas coisas que eu acabei me perdendo.

Deus, odeio o fato de eu ser mãe de duas crianças pequenas e eu direi isso até o dia do meu velório.

Qual a parte de "eu odeio crianças" o destino não entendeu?

Talvez ele estivesse fazendo de propósito, evidentemente estava. Eu tenho total certeza disso.

— Omma, estou com fome. — Taeyang disse deitando sua cabeça em meu braço.

Por falar nisso eu odiava esse costume dos meus supostos filhos, nunca gostei de muito contato com outras pessoas. A não ser que a pessoa fosse um jogador do time de futebol super perfeito e é claro rico.

Mas eu tinha que agradecer ao destino por eles terem quatro anos, eu precisava pensar no lado bom. Não eram bebês, ao menos eu não trocaria fraldas de ninguém.

Isso seria nojento.

— Não posso fazer nada. — falei me afastando dele.

Sun-Hee riu inocentemente e balançou com a cabeça diversas vezes.

— Omma Soo está chateada com você porque brigou com aquele garoto. — disse a garotinha enlaçando os braços em sua boneca.

Ela tinha me chamado de Soo? O quê?

— Mentira! — bradou o menino. — Omma não sabe, só se você contou.

— Hum, não contei nadinha. — disse a garota. — Talvez a tia Eunbi tenha ligado para as mamães e contado que você brigou com o Suk.

O menino fez uma careta e cruzou os braços.

— Ele é um idiota. — disse Taeyang cruzando os braços. — Fica se gabando por aí somente porque tem dois pais.

— Ele tem dois pais? — perguntei encarando o menino.

- Sim, e ele fica dizendo para todo mundo que é bem mais legal que todo mundo.

- Babaca. - resmunguei revirando os olhos.

- Sim, mas nós temos duas mães Tae. - Sun-Hee sorriu de maneira reconfortante. - É bem melhor não é?

- M-Mas eu não tenho nenhum appa para jogar futebol comigo. - disse o garotinho aparentando estar triste.

Ao ouvir o que ele disse pensei melhor sobre sua frase, ele poderia ser só uma criança mas de alguma forma estava sendo preconceituoso.

Franzi as sobrancelhas ao refletir sobre isso sentindo uma onda elétrica de raiva inundar meu corpo.

Eu odiava preconceito.

Porra destino me fazer ter um filho homofóbico foi realmente uma tacada de mestre viu?! Acho que você realmente deseja que eu acabe assassinando o pirralho.

- Quer dizer que você queria ter um appa?! - perguntei o olhando incrédula. - Mas e a sua mãe? Ela se esforça tanto pra cuidar de você, criança. Acha isso justo com ela? Ela saiu para trabalhar no sábado, sábado! Somente para que você tivesse comida e uma roupa para vestir. Sinceramente acho que você está sendo egoísta ao pensar dessa forma.

Taeyang permaneceu calado piscando os olhos diversas vezes enquanto poucas lágrimas escorriam deles, Sun-Hee apenas encolheu-se e ficou apertando a boneca em seus braços.

Uncertain FutureWhere stories live. Discover now