Capítulo 9 - O primeiro dia

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Capítulo 9 – O primeiro dia

Os dedos finos e longos estavam entrelaçados embaixo de seu queixo enquanto os olhos negros observavam o menino dormindo tranquilamente na cama de dosséis, o lençol negro cobria apenas o seu quadril e uma perna deixando o restante do corpo jovem exposto ao homem. Harry dormia tão tranquilamente que seria até mesmo pecado acordá-lo, um sorriso leve dançava em seus lábios vermelhos enquanto um leve rubor manchava seu rosto evidenciando os possíveis sonhos com que sua mente o presenteava. Seus cabelos rebeldes espetavam para todos os lados e derramavam-se no travesseiro branco, sua pequena mão estava estendida no colchão como se procurasse a pessoa que deveria estar ao seu lado dormindo e aproveitandoseus carinhos inconscientes, mas não havia mais ninguém na cama, pois Severus Snape estava sentado em uma cadeira ao lado olhando-o dormir.

Em sua mente Snape tentava se lembrar das últimas horas antes do crepúsculo aparecer e trazer a noite em seu encalço. Era difícil distinguir as imagens, pareciam apenas borrões naquele momento, mas ele sabia que havia tomado o menino mais uma vez, talvez duas, na cozinha antes do almoço e novamente no quarto, na cama de dosséis, embaixo dos lençóis enquanto o sol ia embora. Porém as imagens estavam borradas o intrigando ao ponto de deixá-lo nervoso. Não deveria ter tomado aquela garrafa de whisky, mas agora era tarde para lamentar algo, o estrago estava feito e o resultado estava dormindo à sua frente.

- Droga. – Exclamou lembrando-se dos gemidos.

Seus gemidos. Baixos e raros, mas seus.

Seus olhos não desgrudaram do menino mesmo quando as imagens clarearam em sua mente lembrando-se de quando tomou Harry em cima da mesa da cozinha mordendo o ombro do garoto, deixando-o marcado ao sentir-se novamente derramando-se dentro daquele corpo. Devagar Snape se aproximou do menino deitado de bruços e tocou o ombro direito, estava nítida ali a marca de seus dentes, quase perfurara a carne. Ficaria vermelho a princípio, roxo depois, doeria, mas ele não faria nada para amenizar a dor dele, não, o deixaria sofrer. O faria se lembrar que antes de seus gemidos vinha a dor.

Uma nuvem se afastou no céu deixando a mostra uma lua quase cheia, sua luz era fraca, mas forte o bastante para lembrá-lo que a hora de partir chegava cada vez mais perto. Deveria acordar o garoto, mas então teria que tocá-lo novamente e somente o fato de pensar nisso o levava para a outra lembrança de poucas horas antes, naquela mesma cama. Ele tomara Potter ali, olhara em seus olhos verdes enquanto entrava em seu corpo. Lembrava-se, de suas mãos passeando pelas costelas dele, segurando seu quadril e seus olhos devorando-o enquanto o via arquear o corpo de prazer. Mais gemidos, dessa vez um pouco mais alto, saindo do fundo de sua garganta direto para os ouvidos atentos do grifinório.

O sorriso, lembrava-se do sorriso dele também.

"Adorei esse som." Ele disseraem meio ao gozo que o sujava.

Mas o que mais irritava e intrigava o professor era o depois do sexo, aquele momento em que as mãos pequeninas o puxavam para um abraço e ele, cansado, aceitava e descansava sua cabeça no ombro do menino sentindo-o respirar rápido.Por que ele aceitara aquele abraço? Por que não rejeitou e apenas se afastou? Ele não tomou a poção de fertilização, não estava sob influência de seus ingredientes fortes. O fato é que ficara deitado sobre aquele corpo sentindo uma mão acariciar seus cabelos negros e outra esfregar suas costas suadas até que finalmente pudesse controlar seu corpo e se levantar.Para sua sorte Potter dormia rápido o deixando livre para vagar entre seus pensamentos sem se preocupar com um grifinório cheio de desejos atrás de si.

Snape respirou fundo e se levantou indo até a varanda, abriu a porta e deixou que o vento frio da noite recém chegada entrasse no aposento quente queimando seu rosto. A camisa que vestia era fina e não bloqueava o ar que o açoitava. Tudo bem, queria sentir os arrepios involuntários, os pelos eriçados e a pele esfriando. Era bom. Era maravilhoso deixar o vento do mar gelado varrer qualquer pensamento e sentimento quente que, involuntariamente, tivesse naquele momento. Queria o frio, o ardor e a sombra. Queria sentir-se como si mesmo, trazer à superfície da mente as imagens que o acompanharam durante anos, justamente aquelas que doíam em sua alma. Sim, ele pedia para sofrer, pois o sofrimento era a única forma de lhe mostrar que ainda estava vivo.

A Lenda (Snarry)Where stories live. Discover now