Capítulo 33 - O novo diretor

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Capítulo 33 – O novo diretor

Snape olhou para baixo, diretamente para suas mãos estendidas. Encontrou-as pálidas e sujas com lama preta que escorria lentamente, como o choro da morte marcando sua pele com rastros negros até caírem no chão aos seus pés descalços e frios, formando uma pequena poça que aos poucos aumentava, carregando para o ambiente o tremor que fazia os dedos compridos tremerem de frio, de medo e de pânico.

Já nem conseguia se lembrar quando fora a última vez que se deixara sentir a avalanche de pânico como naquele momento. Provavelmente fora há tanto tempo que nem achasse ser possível sentir novamente, mas ali estava ele em pé no banheiro gelado vendo suas mãos entregar-lhe completamente. Baixou-as até a pia onde se apoiou sentindo que logo suas pernas não o sustentariam. Ergueu os olhos para o espelho e viu seu próprio rosto refletido. Seus olhos estavam assustados e olhavam atentamente para seus cabelos escorridos e cheios de lama escorrendo por seu rosto diretamente para o chão. Estava sujo, machucado, cansado. Queria tanto poder simplesmente fechar os olhos e esquecer, adormecer levemente sendo carregado para algum lugar distante onde não pudesse ser atingido por nada, mas cada vez que fechava suas pálpebras só o que vinha eram as nítidas imagens da perseguição ao Potter no alto céu londrino. Ainda estava vívido em sua mente o momento em que o comensal da morte a sua frente apontou a varinha diretamente para as costas de Harry, sabia que o menino estaria com alguém da Ordem, mas não fazia a menor idéia de quem era a pessoa. E se aquele que estava atrás de Lupin fosse o seu Harry? E se aquela maldição o atingisse machucando-o, derrubando-o da vassoura impedindo-o de fugir?

Não podia permitir, seu feitiço atingiu o Harry no rosto. O machucou seriamente, mas pelo menos afastou o outro comensal. Ele foi atrás deles, voou pelo céu com a varinha na mão forçando-se a cumprir seu papel de comensal enquanto tentava impedir os comensais de seu aproximarem. Foi então que bateu na barreira invisível e não pode fazer nada além de ver Lupin ir embora com um Harry machucado, mas vivo.

Até ali tudo estava certo, ele deveria ir para o ponto de encontro com os comensais, mas enquanto voava em direção ao chão seu braço ardeu com a fúria de Voldemort. Esse mínimo momento de distração foi suficiente para que um feitiço atingisse sua vassoura quebrando-a no meio e fazendo-o cair diretamente dentro de um lamaceiro em algum campo afastado de onde teve que aparatar para o ponto de encontro.

Somente agora a realidade da possível perda o consumia por dentro fazendo arder seu âmago. Ele podia tê-lo perdido, podia tê-lo perdido para sempre ali naquela noite, naquele céu cortado por feitiços. Podia tê-lo perdido.

Suspirando abriu o casaco pesado e o jogou no chão, abriu os botões de sua camisa e o deixou cair no chão também. Seu peito trazia as velhas cicatrizes que um dia os lábios jovens de Potter beijaram. Suas costas, porém, lhe demonstravam cortes novos causados por feitiços hostis e sua queda que quase lhe arrancou a respiração. Retirou a calça e sentiu vertigem ao levantar a cabeça. Há quanto tempo não comia? Era melhor comer depois do banho, o Lord não ficaria nada satisfeito se não conseguisse se concentrar.

Dito e feito Voldemort estava furioso com a fuga de Harry Potter, sua reunião fora feita nos belíssimos jardins da mansão Malfoy, pois todos os comensais que participaram da emboscada estavam ali para prestar contas. Snape, agora limpo e levemente alimentado, estava postado do lado direito do Lord e trazia em seu rosto um semblante frio e vazio, completo de desgosto. Em sua mente havia apenas o desprazer de estar na presença daqueles vermes que tremiam diante da presença de seu mestre. O tremor de horas atrás quando o medo o tomou já não se fazia presente.

- Vejo que ainda faltam alguns servos. – Disse a voz de Voldemort calando imediatamente aqueles que ainda cochichavam. – Cuidarei deles depois. Vão aprender que ninguém foge de Lord Voldemort.

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