Capítulo 49 - Momentos de Lys

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Capítulo 49 - Momentos de Lys

POV Lys

Já faz meses que me mudei para Hogwarts. Não posso dizer que foi uma ideia que me agradou no início, não queria sair de onde estava. Eu tinha amigos, mesmo que alguns fossem chatos com toda aquela história de me reverenciar, mas eu gostava deles. Sair de lá para Hogwarts foi um choque gigante, mas que eu não poderia negar, afinal eu estava finalmente junto dos meus pais e mais ainda do meu papai Severus. A saudade dos momentos correndo pelos campos com os meninos, enquanto as meninas fingiam ler os livros da escola embaixo de uma árvore, me doía muito, mas a felicidade de poder abraçar meus pais toda noite e manhã suprimia essa dor.

Claro que os treinamentos também me faziam muita falta, mas fui autorizada a treinar em Hogwarts também, na Floresta ou na Sala Precisa. Eu adorei essa notícia, sentia falta de manejar minha espada ou meu arco e flecha.

Conheci muita gente estranha nesse lugar, desde um zelador bufante até a diretora com cara de brava, isso sem contar os fantasmas e criaturas estranhas que rodeavam a propriedade. Tive medo dos fantasmas no começo, mas no fim acabei gostando deles, até mesmo do Barão Sangrento que adorava lamentar-se para mim enquanto carregava suas correntes pelo ar. Eu não gostava tanto assim da sua companhia quando os lamentos começavam, mas sabia que Pirraça não chegaria perto de mim estando na companhia do único a qual ele temia.

Hagrid foi um dos que mais gostei, para desgosto do papai Severus, digamos que o jeito estabanado e feliz de Hagrid não era muito bem visto pelos olhos negros dele, mas eu gostava, principalmente porque o guarda caça me levava para a Orla da Floresta Negra e me deixava conhecer algumas criaturas que aos olhos dos outros eram assustadoras e perigosas, mas que para mim não eram nada demais, apenas incompreendidas, talvez. Tudo bem, não irei mentir e dizer que sai ilesa todas essas vezes, mas nas vezes que me machuquei não passei mais do que três dias na ala hospitalar sendo velada, desnecessariamente, diga-se de passagem, por meus pais até que eu tivesse o aval da enfermeira de que poderia ir para casa.

Minha casa era nas masmorras onde sempre fora os aposentos do temível professor Snape. Era bonito e grande, tinha uma lareira onde normalmente me deitava em frente e dormia tendo que ser carregada por meus pais até meu quarto que ficava ao lado do deles. Uma vez ouvi papai Harry dizer que estava com saudades das brincadeiras que faziam no meu quarto. Quase vomitei. Eu sei o que eles fizeram, sou criança, mas não sou tão inocente assim, sei de onde vim e o que foi necessário para meu nascimento. Mas isso não me agradava, eles são meus pais, até aturo os beijos que papai Severus rouba de papai Harry as vezes, mas só isso.

O casamento dos dois não era segredo e nem mesmo minha existência, nós vivíamos como uma família comum, mesmo não sendo comum. Eu ainda treinava com a guardiã mestra que vinha duas vezes por semana para que eu não perdesse meus conhecimentos. Eu gostava muito dela, mesmo ela sendo tão severa quando a professora Minerva. Nós ficávamos na Sala Precisa, só nós duas, não deixava meus pais assistirem, papai Severus fica me analisando pensando onde eu poderia melhorar e papai Harry ficava com uma cara de que eu poderia morrer a qualquer movimento. Mas a verdade é que eu era realmente muito boa no que fazia, sabia manejar uma espada com destreza usando ambas as mãos e minhas flechas sempre acertavam o alvo. Também estudava muito sobre feitiços, por ser quem sou e ter os feitiços e poções que resguardam minha identidade, ainda mais por estar em Hogwarts, posso usar magia e uma vez ouvi o professor Flitwick me elogiar dizendo que eu era muito boa para minha idade e que eu lhe lembrava a tia Hermione. Fiquei feliz, eu gosto muito da tia Hermione.

Apesar de adorar meus treinamentos e me sentir uma verdadeira guerreira pronta para a guerra, jamais quis que meu destino chegasse a tal ponto. Não gosto de pensar que um dia terei que ferir alguém, mesmo que essa pessoa tenha nascido para me matar. Sei que tenho uma idade muito tenra para saber esse tipo de coisa, que alguém quer me matar, mas meu papa sempre quis me dizer a verdade e me deixar pronta para toda e qualquer necessidade, foi ele inclusive que me ensinou Oclumência. Mas como disse, não queria ferir ninguém. Talvez se isso acontecesse quando eu estivesse bem mais velha eu pensasse diferente, mas nesse momento provavelmente eu morreria ou no mínimo sairia correndo e me esconderia. Não que eu tenha medo, mas a ideia de que eu causaria a morte de alguém com minhas mãos era nauseante.

A Lenda (Snarry)Where stories live. Discover now