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Crise de choro

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Papai dormia profundamente desde o dia anterior. Os médicos haviam me dito que aquele era um processo natural de recuperação do corpo por causa do cansaço e perda de sangue, mas ainda assim soava tão estranho. Vê-lo deitado daquele jeito inerte, segurar suas mãos e não ter uma resposta correta, falar com ele e não escutar sua voz autoritária e divertida, adequada sempre aos momentos corretos... era solitário e doloroso. Era triste.

E nesse exato momento, ainda assim, eu só queria voltar ao tempo em que eu era uma simples criança e ter uma crise de choro. Uma enorme crise de choro imparável.

Por que sentimentos eram tão dolorosos?

Disse a mim mesma que não iria me importar caso outra coisa impactante acontecesse na minha vida, mas era impossível controlar meu coração, e laços de família causado não mais por sangue, porém sentimentos preciosos e recordações carinhosas.

Parando para pensar, sempre achei estranho não ter lembranças de Holden em certos momentos da minha vida, como antes dos oito anos de idade. Entretanto, ponderei indagar demais as coisas. Eu era apenas uma criança. E crianças às vezes distorciam muitas coisas, mesmo sem querer.

Agora, os pensamentos vinham à tona como uma rajada de chuva pesada, molhando minha pele e deixando sensações geladas. Soava como se coisas sombrias, guardadas embaixo de um teto aparentemente aquecido, esperasse que eu me aproximasse com a vontade de ter um abrigo para me atacar. Fazia alguma droga de sentido?

— Oh, minha nossa, você ainda está aqui? Pensei que tivesse sido claro ontem e dito para ir descansar em casa — o médico responsável por papai informou.

— Eu não me sentiria bem em casa. Tão pouco iria descansar — disse, com um meio sorriso.

O doutor se aproximou e começou a analisar papai. Fez algumas anotações na prancheta em sua mão e então disse, após alguns minutos sério:

— Sua situação é boa. Como eu informei antes, ele está em observação apenas por cautela. Logo irá acordar então não se preocupe tanto. Vá para casa.

Não estava comendo direito esses dias, muito menos dormindo. O que o médico me receitou no momento era o mínimo que eu merecia mas, se ele estava realmente certo, se papai realmente fosse acordar, então eu queria continuar aqui e presenciar isso.

— Quero ser a primeira a vê-lo acordar. Não posso ir pra casa.

— Não vai ser útil se ele acordar e a primeira coisa que observar é você nesse estado — o médico disse.

Meu segurança havia saído para resolver alguns assuntos pessoais e os policiais ainda se mantinham frente à porta.

— Desculpe doutor, a não ser que me expulse daqui, sou uma acompanhante dele e irei ficar.

O médico suspirou, rendendo-se.

— Vou pedir que tragam alguma coisa pra você comer então. Não quero tratar outra paciente envolvida com política.

Mesmo sem querer, meu sorriso aumentou um pouquinho. O homem não tinha dito as palavras claramente, mas entendi rapidamente o que desejava dizer.

O fato era que, não importava o que ocorresse ali, muito menos seus melhores cuidados, se desejássemos reclamar sobre algo e colocar a culpa nele, a culpa de fato, seria dele. E assim era política. Aqueles com poder sempre ganhavam. E todos ao redor temiam.

— Obrigada.

— Sem problemas. Volto depois para verificar a situação dele outra vez. Se precisar de algo é só apertar o botão e alguém vem aqui.

O médico se retirou da sala logo em seguida e permaneci sentada perto de papai, segurando suas mãos. A espera era de matar.

O que seria de nós se não fosse todo esse reconhecimento? Quero dizer, se fossemos pessoas normais, seríamos tratados do mesmo jeito que agora? As vezes, quando a realidade batia na porta, era difícil de aceitar.

Meu pequeno universo era tão diferente do universo de várias outras pessoas, e mesmo assim, ninguém se salvava das coisas ruins. Apenas lidavam com isso do modo que podiam.

Por exemplo, alguém poderia estar na mesma situação que eu nesse mesmo instante, porém em condições diferentes. E aonde estava a justiça em tudo isso? Onde estava a justiça para todas as outras pessoas?

Fechando os olhos? Correndo somente para as pessoas mais importantes?

Isso me fazia lembrar de Sean. Mesmo sendo um segurança de alguém renomado, não teve tamanha atenção em comparação a papai estava tendo aqui. Essa atenção fingida, esse falso respeito.

— Você tem que acordar logo — murmurei, olhando com certo receio. — Você precisa mudar toda essa droga. Você precisa mudar a visão das pessoas, a visão do poder, do mundo. Eu acredito nisso. Acredito na sua capacidade. E, acima de tudo, precisa continuar sendo meu pai. Me dando broncas, lidando com a minha péssima personalidade. Não posso prometer ser alguém melhor, mas posso garantir que vou me esforçar. Por você, pai. Pela mamãe, por Jaebum, Tereza e todas as outras pessoas importantes por mim. Então acorde. Por favor...

Subitamente, baixei minha cabeça.

Uma vez escutei mamãe falando que palavras tinham forças, mas eu não fazia ideia que do quão real aquilo era. Possivelmente fosse apenas uma coincidência da vida, ou talvez não, mas quando terminei de falar, senti sua mão apertar levemente a minha, numa resposta simples e voltei a encará-lo.

Nesse momento, eu não consegui controlar as lágrimas.

E era a primeira vez que eu chorava em anos.

— Você... — papai murmurou, tentando reconhecer o lugar onde se encontrava. Os olhos ainda pareciam confusos, analisando ao redor da sala, meios sonolento, então ele voltou-se para mim. — O que aconteceu? Por que estamos no hospital?Ei, Nalu, minha filha, não... não chore. Por que está assim?

Ele parecia tão surpresa quanto eu.

Papai tentou se levantar, mas parou ao fazer uma careta, ocasionada pelos ferimentos em volta de seu corpo. Parecia tão triste por me olhar daquela forma desesperada.

— O senhor... acordou. Finalmente! — me levantando, corri para abraçá-lo rapidamente. Escutei-o grunhir um pouco, então me afastei, pedindo desculpas. Estava tão feliz. Tão feliz que não sabia medir minhas atitudes.

— Vou chamar o médico — disse. — Estou tão feliz. Tão feliz, papai.

Sem esperar ele falar qualquer coisa, levantei-me e corri para a porta.

Foi quando a mesma se abriu e a imagem do meu segurança segurando uma bolsa com algumas comidas dentro surgiu bem na minha frente e me surpreendi.

— O que aconteceu?

Ele me observou, confuso, então olhou para trás, avistando Holden acordado.

Quando me encarou uma segunda vez, eu sorria. E sem conseguir conter minha felicidade, pulei para abraçá-lo ali mesmo.

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Perdoa o capítulo chatinho e TÃO DEMORADO pra atualizar.

Vou dar um bônus por isso KKKKKKKKKK

Podem perguntar qualquer coisa pra mim que respondo

(menos sobre spoiler ne) hihihihi

New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now