Cinco anos se passaram desde a partida de Wonwoo. Ninguém acreditaria que depois de tanto tempo iriam encontrar quem achavam estar morto andando pelas ruas totalmente diferente do que um dia já foi, repleto de tatuagens, piercings, com dois filhos e...
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Capítulo 11 Wonwoo:
Foi difícil para mim acordar sem memórias. Acho que mesmo se eu tentasse expor em palavras os meus sentimentos ao acordar e não lembrar de absolutamente nada, nenhuma palavra serviria.
Quando acordei naquele hospital no Brasil, sem memória alguma, em um primeiro instante eu quis sim recuperar tudo o que havia perdido, mas depois de um tempo internado acabei decidindo esquecer definitivamente. Pode parecer egoísta e tudo mais, só que mesmo hoje, eu ainda não me arrependo de ter escolhido esquecer, mesmo tendo lembrado de Jun e ter conhecido muitas outras pessoas. Esquecer foi a melhor decisão que tomei, tenho certeza disso.
Se eu tivesse escolhido lembrar de primeira, provavelmente voltaria para Coreia rápido, lembraria de tudo por convivência com pessoas do meu círculo de amizade, elas não sofreriam como sofrem e sofreram, tenho certeza. Se eu tivesse escolhido lembrar seria melhor para minha verdadeira família e amigos, mas não pra mim.
Quando escolhi esquecer, pude recomeçar do zero. Aprendi tudo de novo, tive novas experiências e me tornei a pessoa que sou hoje e eu gosto de quem sou, sou feliz sendo assim. Tive a oportunidade de conhecer muitos lugares, morar em diversos países, aprendi à apreciar à arte e tornei meu corpo uma tela. Mas a principal vantagem pra mim em esquecer foi conhecer meus filhos. Se eu tivesse lembrado não teria adotado Jaehyun nos Estados Unidos e nem o YukHei na França, e eu amo os dois com todo meu ser, nunca me arrependerei deles.
Antes de falar sobre meus filhos, tenho que falar sobre aqueles que cuidaram de mim durante esses cinco anos: Jinhwan, Junhoe e Rowoon. Quando acordei no hospital sem memória alguma, Jinhwan e Junhoe se prontificaram em me ajudar em tudo, me auxiliaram em tudo. Depois de mais um tempo internado eles me perguntaram se eu queria saber sobre a minha antiga vida, lembrar o meu passado, mas eu não quis. Naquela época disse que ter esquecido foi uma maneira de Deus me dar uma nova vida, recomeçar e esquecer do passado, e eles aceitaram minha decisão.
Rowoon foi um ótimo amigo, ficou comigo todos os dias no quarto do hospital me ensinando coisas básicas que eu havia esquecido no processo também. Criamos uma amizade que me aquece o coração, Woon é uma parte crucial de mim hoje.
Quando recebi alta, Jin e Hoe me disseram que iriam para o interior do Brasil - país onde eu estava internado - e se eu quisesse poderia ir também e recomeçar a minha vida junto com eles e Rowoon. Obviamente não pensei duas vezes antes de ir, eles eram uma espécie de família pra mim, eu aprendi a ama-los e quis fazer parte daquele núcleo.
Com a convivência passei a chamar os dois mais velhos de "pais". Sei que é estranho levando em consideração que tenho quase a mesma idade que ambos, e só um ano de diferença de Junhoe, mas os dois foram como pais pra mim dês do dia em que recebi alta e como escolhi esquecer minha família verdadeira eles se tornaram a minha nova.
No interior do Brasil eu decidi recomeçar definitivamente, mas pra isso precisei me alto avaliar na frente do espelho. Tenho uma tatuagem no peito que já estava comigo quando acordei do coma, a única que possuía; parecia o brasão de uma família real, mas Rowoon me disse que a monarquia havia caído, então fiquei intrigado com a beleza e cada pequeno detalhe gravado para sempre em minha pele. Vendo aquela tatuagem eu me apaixonei, busquei fazer mais delas e hoje meu corpo se tornou um quadro. Passamos um ano no Brasil, foi muito bom e eu pude aprender diversas coisas. Decidimos ir para os Estados Unidos, conhecer novos lugares e seguir com o trabalho voluntário que Jinhwan e Junhoe faziam.
