Capítulo 16

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       Estava no escritório, observava pela janela ao longe, as pessoas trabalhando nas plantações que eram de meu avô. Lembro o quanto ele amava cuidar de tudo isso, sempre foi muito atencioso com tudo e todos, sempre priorizou a família e todos que estavam a sua volta.
       Ouço duas batidas na porta, era Donna para avisar que o almoço estava servido, fecho a cortina do escritório e desço.
       Vejo a mesa servida, estava farta de comida, me sento em meu lugar, apenas eu e aquela grande mesa. Olho para todos os lugares vazios, sinto um vazio, como se faltasse algo, por um momento não queria estar ali sozinha, não queria me sentir sozinha Era estranho me sentir assim,admito que me assustava um pouco, pois durante todos esses anos, sempre me virei bem, apenas eu.
     Me levanto da mesa, aquilo estava me martirizando, realmente não sabia lidar com aquilo, desisto de almoçar, tinha perdido a fome.

- Algum problema com a comida, senhorita Megan?- Pergunta Carmen preocupada.- Podemos fazer outra coisa se a você preferir e...

- Perdi a fome, apenas isso.- Digo dando as costas.- Junte toda essa comida e divida com os funcionários da fazenda, seria um desperdício jogar tudo isso no lixo.- Falo sem a olhar.- Aproveitem por mim.

     Saio dali indo dar um volta, precisava de ar puro, colocar meus pensamentos no lugar. Caminho lentamente até às plantações, sinto o leve vento tocando sobre meu rosto, era isso que eu necessitava naquele momento.
      Ao me aproximar das plantações, paro por alguns instantes observando.  Realmente aquilo ali tinha progredido bastante desde a época do meu avô, as plantações triplicaram, e tinha bem mais variedades.

- Senhorita Megan, que honra em recebê-la aqui.- Diz um senhor de cabelos grisalhos sorrindo.- Meu nome é Tião.

- Pois é, estava dando uma caminhada apenas.- Digo.

- Isso é bom.- Fala tranquilo.- Se quiser posso lhe mostrar as plantações.

- Pode ser sim.- Concordo.

     Tião, caminha ao meu lado, explicando como funcionava as plantações. Podia ver alguns olhares amedrontados por onde eu passava, outros até desviavam o caminho, pelo jeito minha fama tinha se alastrado por aqui.
      Caminho por todas as plantações, Tião me explicava tudo com muita calma, parecia gostar do que fazia. Na verdade, todos ali pareciam muito satisfeitos com o seus trabalhos, me pergunto se um dia eles já experimentaram algo melhor que aquilo, com certeza não.

- As plantações e a qualidade dos produtos cresceram muito nos últimos anos, assim como os lucros também triplicaram.- Fala Tião orgulhoso, parando em uma sombra.- Não podemos negar que Dylan vem fazendo um ótimo trabalho por aqui.

- Percebi.- Digo apenas.

- Dylan tem um coração enorme, adoramos trabalhar para ele.- Diz sorrindo.- Seu Adamastor e Heitor ficariam muito orgulhosos de tudo o que ele vem fazendo pela fazenda e a processadora.

        Pelo visto Dylan era adorado por todos aqui, e isso me irritava, será que era só eu via que ele não era nada disso?

- Vou indo lá, estou um pouco cansada.- Digo trocando de assunto.

- Venha mais vezes, temos as estufas também que você ainda não conhece.- Diz simpático.

- Talvez.- Falo.- Até logo.

        Sigo caminhando até o lago, não tinha como negar que esse carisma todo de Dylan me irritava. Lembro que desde criança ele sempre foi muito certinho, prestativo, sempre educado com todos, arrancava muitos elogios das pessoas e suspiros das meninas.
        Me deito embaixo da Figueira, em frente ao lago, estava cansada de caminhar. Fico observando as nuvens no céu, e por um segundo me pego tentando dar formatos a elas. Essa era a minha brincadeira favorita quando me sentava aqui, passava intermináveis horas tentando formar desenhos com as nuvens, muitas vezes até adormecia.
        Era incrível como esse lugar me trazia lembranças que tinha deixado esquecidas no passado. Fecho meus olhos por alguns segundos, sentindo apenas o cheiro do campo, ouvindo apenas o canto dos pássaros e barulho da água do lago, e por um momento posso sentir lá no fundo uma tranquilidade, uma paz que a muitos anos não sentia.
       Abro os olhos me sentindo mais leve, posso ouvir passos se aproximando, me sento rapidamente, me ajeitando.

Jogadas do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora