Capítulo 5

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     Estava sentada na varanda, mexendo no celular, tentando encontrar alguma distração. Odiava estar sem fazer nada, pois sabia que meus pensamentos iriam para um rumo errado.

- Que desânimo é esse, meu anjo?- Pergunta Donna se sentando ao meu lado.

- Nada para fazer nesse fim de mundo. - Respondo.

- Então seu problema acabou.- Vejo Dylan se aproximar.- Vamos para a cidade comigo, dar uma volta.

       Ok, esse cara tinha se transformado na minha sombra agora, estava sempre grudado em mim em todos os lugares. Me levanto rapidamente dando as costas.

- Está louco?!- Digo.- Não quero.

- Deixa de ser irritante uma vez na vida?!- Diz bufando.- Ta pior do que um burro empacado, que sabe que está errado mas não dá o braço a torcer.

- Vai com ele Megan, vai ser legal, se distrair um pouco.- Diz Donna.

- Já disse que não.- Falo brava.- Com esse daí não vou a lugar nenhum, e ponto final.

       Dito isso me viro para entrar, quando sinto Dylan puxar meu braço e me colocar em seus ombros, feito um saco de batata. Tento o chutar e bater, mas foi em vão, ele me segurava firme.

- Me solta seu bruto, imbecil.- Digo brava.- Se não me soltar agora eu vou gritar.

- Pode gritar a vontade, não me importo.- Fala calmo.

- Eu te odeio.- Falo tentando me debater.

       Dylan me larga dentro da caminhonete, trancando a porta para eu não sair. 

- Seu cretino, me deixa sair daqui.- Digo o batendo.- Você não sabe com quem está mexendo.

- Não deixo.- Fala me segurando, olhando em meus olhos.- Deixa de ser xucra.

- Para de falar assim, como se eu fosse um animal.- Grito irritada.

- Então para de agir como se fosse um.- Fala ligando o carro.

- Animal é o seu...- Ele coloca a mão na minha boca, impedindo que eu falasse.

- Olha essa boca suja, que feio.- Diz, parando a poucos centímetros do meu rosto.- Esquece tudo isso e apenas curte o passeio.

         Me afasto rapidamente, virando o rosto, ele conseguia me irritar mais que o normal.

- Idiota.- Digo.

        Cara imbecil, quem ele pensa que é, para agir dessa forma comigo? Como eu queria que tudo voltasse ao normal, mas por um momento paro e penso, a muito tempo minha vida não era normal, em algum momento ela perdeu o sentido, saiu dos trilhos, e eu sabia exatamente quando, tento não pensar nisso.
           Fomos o caminho todo em silêncio, até chegar na cidade, estava exausta de ficar sentada naquele carro, ainda mais ao lado dessa criatura.

-Chegamos.- Fala abrindo sua porta.

          Não respondo, apenas espero ele destravar a minha porta para eu poder sair. Realmente a cidade estava bem diferente, tinha evoluído um pouco, mas ainda continuava uma cidade pacata de interior.
        Caminho vagarosamente observando cada detalhe, podia ver algumas pessoas me olhando estranho, outras até cochichavam entre si, coisa de cidade pequena. Me aproximo lentamente de duas senhoras, sem ser notada, escutando a conversa.

- Essa dali que é a famosa neta do falecido fazendeiro Adamastor Cooper e da falecida Amélia.- Escuto uma senhora falar para a outra.

- Dizem que ela é uma bruxa com os empregados da fazenda, bem diferente dos seus avós.- Escuto a outra falar.

- Dizem que a fruta não cai longe do pé, mas nesse caso caiu, e bem longe.- Falam.

       Sinto meu sangue ferver, já que eu tinha fama de bruxa por aqui, então nada melhor do que mostras minhas garras.

- Vocês não tem nada mais útil para fazer, do que ficar falando da vida alheia?- Pergunto brava.- O que eu sou ou como trato as pessoas não é da conta de ninguém.

           As duas me olham apavoradas, pareciam ter visto o capeta em pessoa, saindo rapidamente. Sorrio internamente, adorava ver as pessoas desse jeito, amedrontadas.

- Que feio, assustando senhoras indefesas.- Diz Dylan rindo.

- Isso não dá o direito delas ficarem falando da vida dos outros.- Digo cruzando os braços.

- Concordo plenamente, fez certo.- Fala me seguindo.- Mas o que acha da gente ir comer algo ali na lanchonete?

- Tanto faz.- Digo revirando os olhos.

       Dylan sorri, seguindo até a lanchonete na esquina, o sigo mesmo sem vontade. Era um lugar simples, rústico, com assoalho de madeira, assim como as mesas, onde havia um vasinho de flor do campo, feito de garrafa de vidro, para enfeitar.
       Dylan escolhe uma mesa perto da porta, me sento, me sentindo entediada por estar naquele local.

- Boa tarde.- Fala a garçonete com um bloco nas mãos.- Dylan, já estávamos sentindo sua falta, semana passada você não apareceu.

- Pois é Lizze, estava muito ocupado com a empresa e com outros assuntos pessoais.- Vejo ele me dar um rápido olhar.

- Ah tudo bem.- Fala sorrindo feito boba.- E como anda os negócios na processadora?

- Tudo indo muito bem.- Responde.

- Que bom, fico feliz por você.- Diz com os olhos brilhantes.

       Ok, pelo visto essa garota arrastava uma asinha para o cowboy ali, que idiota. Vendo que eu estava sobrando no assunto, tento fazer a garota voltar ao ponto principal, pois pelo jeito ela se perdeu do foco pelo qual ela estava ali.

- Queridinha, anota aí.- Digo a fazendo me olhar.- Quero um café preto sem açúcar, e um sanduíche natural.

- Oh claro, certo.- Fala anotando.- Só que hoje não estamos fazendo sanduíches, mas temos coxinha, hambúrguer...

- Nossa, deveriam melhorar o cardápio de vocês, que lanchonete é essa que não tem nem um sanduíche?!- Digo revirando os olhos.- Vou querer só o café mesmo.

       Ela fica toda sem jeito, mas logo se recompõe, olhando para Dylan.

- E você Dylan?- Pergunta o olhando.- Vai querer o de sempre?

- Pode ser.- Fala concordando.

      A garota dá um sorriso enorme para Dylan antes de sair, como é bobinha, que idiota. Pego meu celular na bolsa, havia várias mensagens de Richard, começo a lê-las.

- Gosto de vir aqui, mas não imaginei que não teria o que você gosta.- Diz puxando assunto.

         Dou um sorriso, tirando meu olhar da tela do celular e o olhando.

- Posso imaginar o porquê de você gostar.- Digo o encarando.- A tal da garçonete arrasta uma asinha por você.

- Quem a Lizze?- Pergunta incrédulo.- Somos apenas amigos.

- Mas não é apenas isso que ela quer.- Falo focando no meu celular.- Coitada, quanto mal gosto dela.

       Sinto o celular ser arrancado de minhas mãos, Dylan me encarava sério.

- Será que é mal gosto dela mesmo?- Pergunta me analisando.- Ou você só fala isso da boca pra fora?

- Vai sonhando.- Digo tentando pegar meu celular.- Me devolve meu celular.

         Tento pegar mas ele é mais rápido, segurando meu braço e me puxando para mais perto.

- Eu sei que você fala isso apenas da boca pra fora.- Fala ao meu ouvido, me fazendo arrepiar.- Ah, e foi mal por excluir o número desse tal de Richard, mas sabe como é né, futura esposa.

- Seu desgraçado.- Digo com raiva pegando meu celular.

      Sinto raiva, quem é que esse cara pensa que é para ficar excluindo os meus contatos, isso não ficaria assim, não mesmo.

           

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