Capítulo 4

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     Estava exausta de ficar naquele quarto, decido ir procurar aquela menina chata que me recebeu ontem, para trocar essas roupas de cama, que estavam com um cheiro horrível de amaciante barato. Desço as escadas e sigo para a cozinha, onde encontro Donna, a tal garota e Carmen, uma senhora que já trabalhava ali desde a época dos meus avós.

- Olá senhorita, Megan.- Fala Carmen feliz.- Fico muito feliz em saber que veio passar uns dias conosco.

- Oi, pena que não posso dizer o mesmo.- Digo respirando fundo.

       Carmen baixa a cabeça e continua o que estava fazendo.

- Precisa de algo, Meg?- Pergunta Donna sorridente.

      Odiava quando ela me chamava assim, me lembrava de coisas do passado que preferia esquecer.

- Já disse que não gosto que me chame assim, Donna.- Falo brava.- Quero falar com você mesma, garota que não sei o nome.- Aponto para a menina.

- Claro, pode falar.- Diz espontânea.- Quer que eu faça alguma, ou eu fiz algo que não lhe agradou?

- Quero que vá até meu quarto e troque todas as roupas de cama, de preferência por outras que não cheire a amaciante barato, odeio aquele cheiro.- Digo.

- Pode deixar, trocarei tudinho.- Fala concordando.- Vou ver umas roupas de camas novas e levarei todas as outras, pode ficar tranquila, mais alguma coisa, senhorita Megan?

- Não, agora trate de falar menos e trabalhar mais, já estou ficando com dor de cabeça de tanto que você fala.- Digo dando as costas.

        Acho que essa garota engoliu um rádio, e põe voz enjoativa, realmente não entendo de onde vem tanta vontade dessas pessoas conversarem, também nesse fim de mundo, não deveriam de ver muitas pessoas. Estava saindo da cozinha quando vejo meu pai vindo em minha direção todo arrumado, ao me ver ele sorri.

- Estava mesmo te procurando.- Fala parando a minha frente.

- Vai sair?- Pergunto o observando.

- Na verdade estou voltando para Nova Iorque.- Diz com as mãos no bolso.- Queria apenas me despedir de você antes de ir.

      Olho para ele soltando uma gargalhada, só podia ser uma piada que ele iria me deixar aqui.

- Isso só pode ser uma piada.- Digo o olhando.

- Não mesmo.- Fala sério.- Preciso voltar devido a empresa, você ficará aqui até para você conhecer melhor seu futuro marido e na sexta a noite eu retorno, pois sábado será a festa de noivado de vocês.

        Sinto o meu sangue ferver, meu pai não poderia fazer isso comigo, não poderia decidir as coisas por mim.

- Eu não sou mais criança, você não pode me obrigar a fazer o que eu não quero.- Grito com raiva.

- Megan eu não vou discutir com você, até porque vou me atrasar para o meu vôo.- Fala calmo.- Vai ser bom você ficar aqui, longe de tudo, pode repensar suas atitudes e quem sabe se reencontrar.

      Dito isso ele vira as costas e se vai, me deixando ali com a minha fúria. Vejo um vaso com flores do campo sobre uma mesa, o pego, o jogando contra a parede, precisava descontar minha raiva.

- Você vai pagar caro por isso, seu Oscar.- Grito alto para que ele escute.

      Vejo Donna e as outras duas me olhando meio apavoradas, as encaro com o meu pior olhar.

- O que foi? Vocês não tem trabalho a fazer não?- Pergunto brava.- Vão, somem da minha frente.

           Caminho rapidamente dali, precisava um pouco de ar, precisava ficar sozinha, afinal era o que eu mais gostava de fazer nesses últimos anos. Ando pela fazenda até chegar ao estábulo, onde vejo alguns cavalos, vou até um deles, fazia muito tempo que não montava em um.
        
- Precisa de ajuda, senhorita?- Pergunta um senhor, me observando.

- Quero andar a cavalo, arrume um deles para mim.- Digo cruzando os braços.

- Claro, é pra já.- Fala sorrindo.

        Será que todos por aqui viviam num conto de fadas, para viverem sempre sorridentes e dispostos a todo momento? Ou será que nesse fim de mundo tudo era perfeito?
          Volto a minha realidade e vejo que são um bando de caipiras, que não conhecem o mundo, então se contentam com pouco, pois não sabem o que existe além daquele horizonte.

- Está prontinho, senhorita.- Fala ele acariciando o cavalo.- Mais alguma coisa?

- Não, é só isso.- Digo séria.

- Tudo bem, qualquer coisa só me chamar, não sei se a senhorita se lembra de mim, sou o Hélio.- Diz com um sorriso.

         Me lembro dele naquele momento, ele era casado com Carmen, os dois moravam ali na fazenda, era ele quem realizava minhas vontades quando criança, com toda sua paciência. Porém estava bem diferente, tinha envelhecido, é claro.

- Claro que lembro.- Digo o olhando.

- Que bom, vejo que o tempo lhe tornou numa grande mulher, seus avós ficariam felizes em lhe ver assim, eles tinham muito orgulho de você.- Diz com um sorriso singelo.- Mas então, vai dar uma volta pelo lago, olhar seu antigo esconderijo?

        Olho para ele sem entender, ainda existia a tal cabana onde costumava me esconder com minha boneca, quando não queria ir embora?

- Ainda existe?- Pergunto.

- Mas é claro, tratei de cuidar bem da cabana, inclusive vi que esses dias Dylan estava lá, dando uma reformada nela.- Confessa feliz.

- Tanto faz, poderiam ter derrubado ela.- Digo montando no cavalo.

         Saio dali o deixando sozinho, tudo o que eu menos queria ouvir naquele momento era algo sobre Dylan, pois ele era o culpado de eu estar aqui.
         Cavalgo pelos campos, sentido o o vento tocar meu rosto, sentindo aquela sensação de liberdade, que não sentia a muito tempo. Era como se tivesse voltado ao tempo, lembro que fazia muito isso, sair andando de cavalo sem rumo certo, apenas por prazer.
        Ando durante um tempo, o sol estava realmente quente decido voltar, mas não sem passar pelo lago primeiro. Desço do cavalo, o deixando descançar sobre a sombra da figueira,  me aproximo do lago, tocando aquela água cristalina com as mãos. Costumava tomar muito banho aqui no verão, inclusive meus avós e Hélio me chamavam de patinha, pois adorava uma água.
         Olho para trás e avisto a cabana , me levanto cedendo a curiosidade de ir até lá. Tento abrir a porta, mas estava chaveada, olho debaixo do tapete onde sempre costumava deixar a chave, e lá estava ela, abro a porta.
         Entro vagarosamente, observando cada detalhe, que ainda que modificado, continuava lembrando aquela época. Vejo minha boneca preferida em cima da cama, a pego, lembrando de todas as vezes que vinha para cá brincar com ela e Dylan.

- Cuidei bem da cabana e da Nina também.- Ouço a voz de Dylan.

          Largo rapidamente a boneca na cama, o observando.

- Pelo menos para alguma coisa você tinha que servir.- Digo revirando os olhos.

- Aqui era o nosso esconderijo preferido lembra?- Pergunta recordando.- Deixávamos todos enlouquecidos atrás de nós.

- Nem lembro mais disso.- Digo indo até a porta.

         Sinto Dylan segurar meu braço, me impedindo de sair.

- Por que você vive na defensiva sempre?- Pergunta me olhando nos olhos.- Será que a vida na cidade grande te fez tão mal assim?

- Por que você insiste em ser a minha sombra e me seguir para todo o lado?- Questiono irritada.- O tempo passou Dylan, e sinceramente, meu passado prefiro deixar morto e enterrado lá atrás.

          Ele me larga, aproveito e saio dali rapidamente, pegando meu cavalo. Odiava lembrar do passado, odiava lembrar que eu já fui uma menininha idiota, ingênua, e foi isso que tenho feito durante esses anos, esquecer tudo.

       Olaaaa

     Gente, essa personalidade da Megan é fogo .🔥🔥
      Mas e aí, vocês acham que esse casamento forçado vai mudar ela? Sei não, viu.
     
       Deixem seus comentários e estrelinhas, logo logo mais capítulos.

     Bjoooos

Jogadas do DestinoWhere stories live. Discover now