XIII - Recomeço

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Katie

Abraço minha mãe. E fico com ela deitada em meu colo por alguns minutos, até que ela escuta na televisão o que eu estou assistindo.

- Filha! Tira isso... – Fala espantada.

- Não vai tirar não mãe, eu preciso saber quem morreu.

- Você não se cansa disso? – Pergunta.

- E você não entende que o Carlos poderia estar lá dentro?

Ela não fala nada, senta na cadeira que estava ao lado de minha cama, coloca as mãos na testa e enxuga as lágrimas.

- Isso foi um milagre, você sobreviveu. A única sobrevivente.

Não. Não foi um milagre mãe, eu estava distante da explosão, apenas a causei.

- Eu queria que o seu pai estivesse aqui com a gente. – Fala.

Não consigo conter a fúria que nasce em mim nesse exato momento.

- Mãe! Não fale do papai. – Meus olhos começam a encher de lágrimas, vejo que ela não está entendendo o motivo do meu pedido. – Você nunca iria acreditar na versão dele, assim como não acredita em mim.

- Claro que eu teria acreditado se ele tivesse sentado e conversado comigo. Eu nunca que iria imaginar que o seu pai também corria um sério risco.

- PORRA MÃE! Todo mundo corria perigo! Você está de brincadeira comigo? – Grito, minha garganta dói. – Ele foi embora, e nós duas temos culpa.

- Filha você não está bem, eu entendo todo o seu estresse. Você passou por muita coisa nessa noite, eu espero que eles não tenham feito mal algum a você.

- Não fizeram. – Corto conversa. Vejo que o intervalo do jornal acabou e mando minha mãe aumentar o volume. – Aumenta o volume mãe. Ela pega o controle e faz o que eu mandei.

Voltamos com o Jornal local para trazer mais informações sobre a grande explosão do galpão de gasolina da cidade de Stiller, até o momento cinquenta mortes estão confirmadas e ainda há mais de dez desaparecidos, incluindo o Xerife Jhon e o empresário Senhor Oliver. Informações de que o corpo do filho do Oliver já foi encontrado. Carlos Oliver tinha 17 anos e se formaria na escola no próximo ano.

O Jornalista continua falando mais informações, mas eu não consigo processar mais nada, apenas fecho os meus olhos e começo a chorar. Choro desesperadamente. As lágrimas pareciam que nunca iriam acabar.

O Carlos foi para mim uma reviravolta. No começo eu não gostava dele, mas depois cedi a mim mesma. Eu sempre tive um desejo reprimido sobre gostar dele, eu olhava para ele e sempre desejei ser uma das meninas que ele pegava no final de semana. Mas tudo mudou as condições que estávamos vivendo, o que vivemos foi muito tenso. O Carlos mudou bastante e para melhor. Quando a morte vem em busca de nossas almas temos um impacto e logo mudamos de atitudes que sabemos que são erradas. Eu não terei meu sonho realizado de dizer sim para ele em um casamento, não terei filhos com essa pessoa e acho que irei demorar bastante para me apaixonar novamente. Tudo o que eu quero é ir ao velório e discursar, eu quero que todos escutem o que esse menino fez para me proteger.

MERDA.

Lembro-me do corpo do Clark que ainda está em meu quarto.

- Mãe, você trouxe alguma roupa limpa?

- Sim! Quando me ligaram eu corri para o seu quarto e peguei. – Ela não comenta sobre nada estranho e isso me deixa aliviada. – Falando nisso Senhorita... – MERDA – Que tantas roupas são aquelas no cesto do banheiro?

KARMA - A Morte Do Seu Lado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora