V - Artigos

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Katie

A biblioteca da cidade sempre foi um dos meus lugares preferidos. Desde pequena minha mãe nos finais de semana me levava para os encontros de histórias infantis. A Biblioteca era um dos poucos pontos turísticos da cidade, porém sempre atraia diversos turistas por conta do enorme acervo que contém.

As ruas da cidade estavam desertas. Policiais eram as únicas pessoas que caminhavam pela cidade, com cachorros e lanternas. É incrível como ainda não encontraram esse maldito psicopata, mas isso é consequência dos poucos policiais que trabalham em pequenas cidades, mesmo com a presença dos agentes especializados nenhum resultado foi divulgado. Eu e Carlos ficamos por um grande tempo escondidos atrás de uma árvore esperando os policiais saírem das redondezas para invadimos a biblioteca.

- Estou com muito medo que meu pai perceba que eu saí. - Carlos olha para mim.

- Carlos, quem deveria estar com esse medo era eu - Ri de nervosismo. - Se minha mãe acordar e abrir a porta do meu quarto e não me encontrasse lá ela iria enfartar. Ainda bem que sempre tive a liberdade de trancar meu quarto quando vou dormir, nunca vão descobrir.

Carlos ri.

- Que romântico isso, e bem moderno. Uma mulher fugindo. Sério que eles não perceberam?

- Não. Eu entrei em casa do mesmo modo que saí meu pai ainda não estava em casa, subi as escadas e ignorei minha mãe perguntando onde eu estava, fechei a porta de meu quarto e desci pela janela. Nunca tinha feito isso, mas pela arquitetura de minha casa sempre vi que era possível fazer isso.

- Meu Deus! Minha amiga de infância é um homem aranha.

- Machista. Por que não a mulher aranha? - Falo rindo.

- Eu machista? Você não sabe como eu trato uma mulher não, viu? Queridinha!

Sabe quando você quer falar algo e não consegue e depois se arrepende e fica ruminando isso na sua cama quando você vai dormir? Pois é. Não sei de onde saiu essa confiança de mim, mas falei o que sempre quis.

- Me mostre então!

Meu Deus o que ele vai responder? Eu vou me arrepender disso? Será que ela vai embora depois dessa cantada? Meu coração parecia que iria pular da minha boca, meu nervosismo era nítido, meus olhos ficaram inquietos e o pior que olhei para a boca dele no momento, sabe aquela boca bem desenhada? E o pior que ele riu Meu Deussss socorrooo que sorriso lindo, alinhado, dentes branquinhos, pele lisinha ao redor da boca, parecendo pele de bebê. Não pode ser... Senhor. A mão dele estava em meu queixo, pera, a outra estava indo em direção a minha nuca, meu coração parecia uma picareta em ação. Quando me deparei já estava beijando aquela boca macia, um beijo com vontade, um beijo confortável, sério... Não me recordo de alguém que me beijou tão bem quando o Carlos e o pior, no final do beijo ainda teve um selinho no final, pera, eu quando abro os olhos ele ainda está com a mão em minha nuca e de olhos fechados, e encostou sua testa na minha. Meu Deussss que cena de filmeeeee. Isso é um sonho? Até esqueci-me do pesadelo que estou vivendo, meu coração ainda está batendo totalmente forte.

- É! Esse foi melhor do que quando tirei meu BV com você. - Quebrei aquele silêncio torturante.

- Verdade!

O quê? Ele lembrava? Ficamos ali, parecendo dois adolescentes na puberdade, não que tenhamos concluído essa fase, sentados na grama atrás de uma grande árvore de mãos dadas, esperando o movimento na frente da biblioteca ficar menor.

Quando tudo parecia estar calmo, eu e Carlos nos dirigimos aos fundos da biblioteca. Lá se encontrava uma porta que dava acesso direto aos porões daquele local.

KARMA - A Morte Do Seu Lado Onde as histórias ganham vida. Descobre agora