Capítulo 17 - Fora da rotina

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Nicolas

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Nicolas

No sábado, acordo pouco antes de Gina avisar que meu pai quer que eu desça para almoçar com eles. É engraçado como isso jamais aconteceu antes de Suzanne vir morar aqui. Na maioria das vezes, ele sempre almoçava fora, não só no sábado como no domingo também. Havia sempre uma reunião ou um almoço de negócios, não importa o dia ou a hora, ele jamais fez questão da minha presença. O que sempre me deu muito tempo livre para fazer merda por aí.

No início, era só para chamar a atenção dele, mas depois eu vi que não adiantava e acabei pegando um certo gosto por coisas erradas, especialmente as que arriscassem a minha vida ao extremo. Já faz um tempo que eu estou sossegado, sei lá, chega uma hora que tudo cansa, simplesmente vai perdendo o sentido e eu, por já ter experimentado de quase tudo nessa vida, não tenho mais muitas expectativas de encontrar algo novo e inebriante que me faça sentir bem de novo, muito menos me surpreender de alguma forma.

Durante o almoço em família, vejo a oportunidade de pedir a permissão do meu pai para conseguir pelo menos o carro, já que a moto está fora de cogitação, então aproveito.

— Pai, será que eu posso pegar o carro essa tarde? Anelyn e eu estamos precisando ir até à biblioteca fazer algumas coisas da escola e não queremos ficar incomodando vocês para nos levar e nos buscar. — peço, quase inocentemente.

— Que coisas? Você e Anelyn não tem as mesmas matérias. — Suzanne pergunta, lançando um olhar interrogatório para a filha.

— São coisas do grupo de teatro. — respondo. Pelo menos como uma boa desculpa essa droga de teatro deve servir. — Então pai, posso?

— Tudo bem. Só tome cuidado. Não vai querer regredir a confiança que está começando a ganhar novamente. — meu pai diz, seriamente, e eu assinto.

Anelyn e eu saímos de casa por volta das três da tarde, horário em que sei que é permitido, aos sábados, levar as crianças do orfanato para algum passeio, o que geralmente é feito por casais que querem adotar a criança, mas as minhas intenções com Dave são tão nobres quanto.

— Você se saiu muito bem hoje na hora do almoço. — Anelyn elogia, enquanto seguimos pelo asfalto movimentado.

— Eu sei. Eu sou um exímio mentiroso. — me gabo.

— Só espero, exímio mentiroso, que não acabe sobrando para mim como da última vez. — avisa.

— Na última vez nós erramos por não termos combinado uma mentira com antecedência, isso não vai acontecer de novo. Pode relaxar. Além do mais, hoje nós temos um motivo nobre. — lembro.

Chegamos ao orfanato movimentado, como em quase todas as vezes que estive aqui, e muitos casais estão esperando por seus candidatos à filho adotivo nas cadeiras desconfortáveis da sala de espera. Caminho direto para o corredor, acenando para a irmã Sara, que fica na recepção, e sendo seguido, de perto, por Anelyn. Andamos até o pátio, onde procuro por Dave no meio das outras dezenas de crianças correndo e brincando, mas logo percebo que ele não está ali. Sozinho, fazendo desenhos com um graveto em um canteiro de terra, o encontro. Anelyn e eu nos entreolhamos antes de caminharmos até ele.

Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now