Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍDO)

Capítulo 16 - Filme e pipoca

Anelyn

Na terça, vou normalmente para o colégio e, ao final das aulas, Dick me deixa na casa de Melissa antes de seguir com Nicolas para a mansão.

— Cuidado com o namoradinho. A mamãe pode se chatear se você não se comportar. — Nicolas zomba, alto demais, instantes antes do carro começar a se mover para longe.

Reviro os olhos e me viro para tocar a campainha da casa de Melissa. As paredes são azul petróleo e a porta é de madeira marrom escuro. É impossível não me lembrar da minha antiga casa, de arquitetura muito semelhante. Quem sabe um dia eu volte a morar lá, até porque não tenho a pretensão de viver na mesma casa que minha mãe e meu padrasto pelo resto da vida, muito menos se for sob o mesmo teto que Nicolas. Não, isso com certeza não é uma opção.

— Anelyn, que bom vê-la de novo. — Vincent sorri ao me cumprimentar depois de abrir a porta.

— Oi, Vincent. Melissa está? — pergunto.

— Ela foi ao médico ver como está o dedo, mas já deve estar voltando. Ela me avisou que você viria. Entra. — diz, abrindo espaço para que eu passe para o interior da casa. — Senta, fica à vontade. Você quer beber alguma coisa?

Me sento no sofá de couro preto que ele indicou e em seguida respondo sua oferta com um gesto negativo de cabeça. Vincent se senta ao meu lado no sofá, com apenas um acento nos distanciando, o que me deixa constrangida. Não imaginei ficar à sós com ele em momento algum.

— Vincent, eu gostaria de me desculpar com você pelo que eu fiz no restaurante àquela noite. — começo, cortando o silêncio.

— Você não precisa se desculpar. Você parecia encrencada e, até onde eu sei, os amigos são para isso mesmo. Nos tirar das encrencas que nos metemos. — diz, sorrindo gentilmente. — Por outro lado, eu ficaria menos curioso sobre aquilo tudo se você me contasse o que aconteceu.

— Bom, na verdade, eu não me meti em encrenca. O Nicolas é que me meteu. — começo, sentindo uma confiança particular com relação ao garoto à minha frente, como se já nos conhecêssemos. Resumo os acontecimentos desde que deixamos o festival de bandas até a parte em que minha mãe enfiou em sua cabeça que o indivíduo da mentira que Nicolas contou era Mark Fuller.

— Agora eu tenho mais certeza de que deveria ter insistido em levar você para casa naquela noite. Ele colocou sua vida em perigo. — Vincent diz, finalmente.

— Poderia ter acontecido com qualquer um. Foi melhor desse jeito. Vai ver era mesmo para eu estar lá com ele. Caso contrário, não sei o que teria acontecido. O Nicolas tem sérios problemas de comportamento e personalidade. Ele sofreu uma perda devastadora muito cedo e até hoje não aprendeu a lidar com isso. — digo e Vincent me olha de uma maneira sugestiva, com um sorrisinho de canto nos lábios. — Claro que é o garoto mais ridículo e irritante de todos e eu o odeio. — sinto a necessidade de acrescentar.