Capítulo 13 - Amizade perdida

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Nicolas

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Nicolas

Meia noite e quinze e eu desisto de pegar no sono. Não porque eu não esteja conseguindo, mas sim, pelos pesadelos que me atormentam toda vez que fecho os meus olhos. É horrível estar com os olhos ardendo de tanto sono e não poder dormir porque a porra do seu inconsciente não te permite descansar e está empenhado em foder a sua tranquila e necessária noite de sono.

Calço meus chinelos ao pé da cama e saio do meu quarto para ir à cozinha somente para passar o tempo enquanto tomo um copo de água, suco ou o que eu puder encontrar. Apesar das luzes estarem todas apagadas, caminho pela casa sem dificuldade devido à luz lunar que entra pelas janelas de vidro espalhadas pela mansão.

Paro de andar quando chego ao vão da porta da cozinha e Anelyn está sentada em um dos bancos altos da ilha, comendo um pedaço de bolo de chocolate que eu duvido que ela possa comer mesmo após passar dias de fome. Penso em dar meia volta, mas entre encarar os meus pesadelos ou Anelyn, eu fico com a segunda opção.

— Você não está pensando em comer tudo isso, está? — digo, entrando no cômodo e chamando a atenção da garota, que olha para mim por cima do ombro. Vou até a gaveta de talheres, pego um garfo e me sento do outro lado, de frente para a nerd. Puxo a porcelana branca, onde o bolo está servido, até o meio do mármore e começo a comer também. — Também não consegue dormir? — pergunto e ela afirma apenas com um gesto de cabeça

A julgar pelo seu silêncio e a sua quietude, percebo que ela está estranhando os meus gestos. Eu sei que tenho confundido a cabeça dela com a minha bipolaridade, mas não é como se eu pudesse controlar. Ultimamente, eu tenho vivido à flor da pele, cansado de mim mesmo e da minha vida, com vontade de me lançar em um mar turbulento e em seguida, ser conduzido pela calmaria. Com vontade, simplesmente, de mudar, mas não fazendo ideia de como.

Depois de um bom tempo, comendo a enorme fatia de bolo, alternando a vez de cada um apanhar o seu pedaço, ela quebra o silêncio.

— Porque você vai àquele orfanato? Só por causa do Dave? — pergunta e eu pondero sobre responder ou não. Nunca falei sobre isso com ninguém. É algo que sempre me esforcei para guardar somente para mim, justamente por saber o quão inacreditável seria para qualquer pessoa que me conheça, mas a verdade é que, para Anelyn, já não é mais segredo, então talvez eu possa falar sobre isso com ela.

— Não. Não é só por causa dele. — falo, depois de finalizar a mastigação dos pedaços de chocolate do bolo em minha boca. — Eu comecei a ir lá a pouco mais de um ano. Nem eu sei o que eu buscava. Mas me senti bem lá.

— Por causa da sua mãe?

— Como você sabe disso? — pergunto.

— Aquela freira me contou que você ia até lá com ela, antes de...

— Nós íamos. — afirmo, antes que ela complete a frase. — Eu só pensei que talvez ela gostaria de me ver indo lá novamente. E aí o Dave apareceu, dando muito trabalho para as freiras, e eu, de certa forma, me vi nele. Um garoto perdido e problemático que se culpa por ter sobrevivido ao acidente que matou os pais. No meu caso, meu pai não morreu, mas se afastou tanto de mim que foi quase pior do que ter morrido.

Sob O Mesmo Destino (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now