00 | Prólogo

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Estava cheia de coqueiros. 

A praia.

Jimin a observava pela janela do Clio vermelho, conseguindo enxergar o mar no horizonte, as águas azuladas com resquícios de branco além dos enormes coqueiros que se estendiam pela beira da estrada, a qual levava a cidade litorânea, onde localizava-se a casa alugada por seus pais para o final daquele ano. 

Jimin esperava que não houvessem vizinhos barulhentos como no ano anterior; rezava para que não. 

Quase não conseguiu dormir nas três noites em que se hospedaram ao lado daquela família de estrangeiros, e na única noite em que conseguiu, acordou assustado com os gritos escandalosos de um daqueles caras. Não era à toa que seus pais haviam escolhido uma casa solitária a algumas quadras da praia e não o sobrado em frente a ela, onde passaram o Réveillon nos anos anteriores.

O de cabelo preto deixou a visão dos altos coqueiros e dos turistas que descansavam na areia da praia daquela cidadezinha e os pousou na própria mão, encarando o dedo anelar, sentindo a falta da fina aliança que esteve ali por quase um ano e que apenas foi retirada há três meses, motivado por uma traição.

Jimin realmente não sentia mais a falta de Jisoo, mas sim do acessório que sempre esteve consigo, mesmo que o anel prata tenha significado um namoro sem sentido, sem amor ou carinho, apenas cômodo aos dois. 

Jisoo não o amava como já havia dito milhares de vezes. O mesmo vinha de Jimin, mas diferente dela, Jimin a respeitava e não esteve com outra pessoa enquanto a namorava. Sinceridade era o que ele mais visava em um relacionamento, e ela não pôde mantê—la consigo.

— Ei, hyung! — Virou seu rosto para a esquerda e encarou o garoto moreno ao seu lado. Woobin, seu irmão mais novo. — Ainda sente a falta dela, não é? 

Negou, mexendo a cabeça de um lado para o outro e afastando o cinto de seu pescoço que já estava começando a ficar dolorido.

— Eu gostava da aliança... — riu sem humor, conferindo com o canto do olho a reação do irmão mais novo. Ele ainda era novo demais para entender tudo aquilo, compreender o real motivo do casal perfeito ter se desmanchado como papel em um copo d'água. — Acho que me apeguei a ela. A aliança, digo.

Woobin acenou, sorrindo. O mais novo realmente não entendia o que levou Jimin a terminar com Jisoo, mas confiava nele e, também, não tinha nada o que pudesse fazer a respeito. O namoro era deles, afinal.

Woobin virou-se em direção a janela e relaxou, deixando a cabeça apoiada sobre o cinto e as mãos em cima das coxas. Os olhos do menino de 14 anos focaram a estrada e sua mente mergulhou em pensamentos.

Jimin o encarou por alguns segundos, passando os olhos pelos cabelos castanhos que recaiam sobre os olhos amendoados e então sobre o corpo do menino não mais tão menino e suspirou, pensativo. 

Woobin já estava maior do que no ano anterior e a camisa de botões meio aberta lhe dava a visão dos músculos quase definidos, lembrado a Jimin que o irmão já frequentava a mesma academia que si há meses. 

Ele havia crescido tão rápido e, olhando daquele momento, parecia-lhe que fora ontem o dia de seu nascimento e em um piscar de olhos, Woobin já havia ganhado músculos e uma beleza sem igual.

Jimin tirou seus olhos do irmão e afastou o cinto do pescoço mais uma vez, sentindo a pele daquela área já queimada pelo atrito. 

Woobin não é mais uma criança, lembrava-se das palavras de seu pai naquela manhã enquanto esperavam sua mãe para trancarem a casa e encaravam o Park mais novo enquanto ele recolhia as malas de viagem de 10kg, levando-as até o porta-malas do carro. 

THE DEAD ARE BACKOnde as histórias ganham vida. Descobre agora