Desde que arquitetara o plano que Avril havia desistido de contatar Barnes, mas isso não significava que o celular saíra de suas mãos. Ela apenas tinha um novo contato que não atendia suas chamadas.

Steve assistiu a tela de seu celular acender com um desenho de Avril que fizera anos atrás pelo o que devia ser a quinta vez em dez minutos. Seu instinto era de selecionar a opção recusar, mas era mais fácil fingir que não vira nenhuma de suas tentativas, lhe traria bem menos dor de cabeça do que confirmar a ela que estava apenas sendo ignorada, mesmo que ciente disso. O soldado não podia desconsiderar a parte de que Avril deveria estar genuinamente preocupada com como ele estava lidando com aquilo, mas isso não diminuía o fato que ela iria se opor ao seu plano.

Um assobio baixo de Sam chamou sua atenção, Steve finalmente tirando os olhos da tela do aparelho para olhar ao seu redor. A cafeteria estava bastante cheia, não era difícil para alguém próximo conseguir ver a tela e suspeitar de quem era o dono celular, por isso o soldado virou sua tela para baixo, mesmo sem ele parar de vibrar.

Steve teve a impressão que foram três ligações seguidas, chegando até a ficar com o aparelho nas mãos para evitar que ele se locomovesse pelo balcão enquanto ouvia Sharon relatar o que conseguira descobrir até então.

- É a Stark? Eu não atenderia, Capitão – aconselhou ela, depois de notar a tela do aparelho que o soldado segurava desligar apenas para acender novamente. A certeza em sua voz pegou a dupla de ex-vingadores de surpresa, que ficaram olhando para as costas da loira, esperando por explicações – Ela assinou o Tratado. A Stark que está organizando a operação de busca pelo Barnes.

Sam chegou a praguejar baixo, mas Steve seguiu sem reação por alguns instantes, sem conseguir correlacionar as ações da mulher. Avril podia não ter seu empenho em localizar Bucky, mas ele não podia dizer que ela ignoraria uma chance de localizá-lo se tivesse a oportunidade. Só que ela tinha sido bastante categórica sobre não assinar o Tratado, tinha uma motivação forte para não assinar, envolvendo tanto sua segurança como a dos outros ao seu redor, e agora ela simplesmente assinara, como se tudo aquilo não tivesse importância? Avril dias atrás se julgara incapaz, e agora liderava uma operação que tinha permissão e objetivo de matar o alvo?

- Precisamos nos mexer. E rápido – disse Steve por fim, pegando o arquivo que Sharon trouxera enquanto se colocava e pé e guardava o celular que ainda tocava no bolso – Temos que chegar antes da Avril.

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Se fosse em um cenário diferente, Avril teria sido indiscutivelmente contra a duas abordagens separadas, por isso ela teve que fingir muito desagrado quando a equipe foi dividida em dois grupos. Rhodes ficara com o primeiro grupo, indo checar o endereço errado que receberam, a alguns quarteirões de distância do endereço correto. Por insistência sua – e para não entregar que ela sabia mais do que devia –, Rhodes devia também tentar conversar primeiro caso encontrasse o alvo, evitando ao máximo uma abordagem ofensiva. Seria a mesma tática que Avril utilizaria na localização certa.

A equipe que a acompanhava se posicionava ao redor do prédio em questão, com um grupo menor subindo em sua companhia. Estava tudo seguindo exatamente como planejado, até um dos agentes do suporte aéreo anunciar companhia no terraço, assim como a movimentação de mais alguém dentro do apartamento. Avril tentara tomar a dianteira e subir mesmo assim, mas o segundo em comando lembrara perfeitamente que a condição da permanência da mulher na operação era não ter confusões, e aquela possibilidade agora era presença constitucional na equação.

A mulher fora escoltada de volta para o veículo em que viera, sendo vigiada o tempo todo pelo mesmo agente. Avril apenas respirava fundo o tempo todo, as mãos fechadas em punhos sobre os joelhos, tentando manter os pensamentos em ordem enquanto ouvia pelo rádio comum todo o andamento da operação. Quando se iniciou a movimentação do alvo, o agente passara para o banco do motorista e mais dois embarcaram na traseira, para que pudessem fazer o acompanhamento do deslocamento e dar suporte, caso fosse necessário. Acabou que não havia apenas dois indivíduos obstruindo a operação, mas um terceiro que eles não conseguiam identificar. Pela narração dos colegas, Barnes estava sendo perseguido por três fontes diferentes: o desconhecido em trajes escuros e bastante resistentes, os dois ex-vingadores, e a própria Força Antiterrorismo. Em um certo ponto o soldado que a vigiava desceu do carro em busca de alguém que pudesse fornecer um pouco de água porque ele tinha certeza que a mulher estava prestes a desmaiar.

The Real Side II: Dark TimesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora