Cueca de Oncinha

7.6K 484 55
                                    

Lorenza

Saí da clínica com o demônio no corpo... Eu queria moer a Natália de pancada. Nunca na vida pensei em levantar a mão para uma mulher, mas essa vagabunda tinha ido longe demais.

Assim que parei ao lado da lindinha, enfiei as mãos nos bolsos procurando a chave. Só depois de procurar em todos, me lembrei de que estava com Júnior. Entrei na academia quase correndo procurando meu amigo. Ele estava encostado em um dos equipamentos conversando com Aninha que fazia sua série de exercícios.

— Bro, me dá a chave... – Pedi impaciente fazendo com que os dois me olhassem assustados.

— O que aconteceu, Lorenza? Você está parecendo um pimentão.

— A chave, Júnior... Cara, eu vou arrebentar a Natália. Foi ela que ligou no meu telefone aquele dia e falou aquelas coisas pra Paty... Ela disse que passou aquele dia trepando comigo...

— Calma, Chefinha. – Aninha olhou em volta. Acompanhei seus olhos e vi que alguns curiosos prestavam atenção no que eu falava.

— Bora lá pra fora. – Eu disse e sai, sendo seguida pelos dois.

Já na calçada, contei a eles tudo que Paty tinha me falado. O que eu queria fazer com a Natália.

— Calma, Bro, será que isso não é um mal-entendido? Não acho que ela seria capaz de fazer uma covardia dessa não...

— Ah, gente, agora eu entendi tudo...

Olhamos para Aninha que ria incrédula.

— Entendeu o que? - Perguntei

— Bora sentar ali no boteco do Jorjão, pra gente conversar melhor. – Assim que nos sentamos em uma mesa, ela continuou. —Naquele dia assim que cheguei no trailer Pedro já tinha fechado tudo para ir almoçar, mas estava parado na porta. Perguntei a ele o que ainda estava fazendo ali, e ele disse que estava só esperando uma senhora que pediu para usar o banheiro do trailer. E qual foi minha surpresa ao ver saindo de lá a doutora sem noção. Ela nem se dirigiu a mim, agradeceu o Pedro e foi embora.

— Que pilantra... Foi ela mesma... – Júnior constatou indignado.

Pedi a chave novamente, mas eles não me deixaram sair de perto deles. E depois de muito ponderar, resolvi dar ouvidos aos dois e me concentrar em tentar ajudar minha pequena... E não fazer nada de cabeça cheia. Eu iria fazer merda! E com certeza desceria o braço em Natália. O que era dela estava bem guardado!

Peguei o telefone e liguei para Verônica, a terapeuta da Patrícia. Assim que ela atendeu me afastei da mesa para ter privacidade e contar que minha pequena tinha voltado a se cortar. Contei tudo a ela... TUDO. A médica se mostrou muito preocupada e triste por minha pequena ter regredido no tratamento. Ela me disse também que já tinha pedido a Paty para procurar uma terapeuta mais próxima, e que era muito importante que ela não parasse com as consultas online. Mas fazia quase um mês que Patrícia não a procurava. Disse que ia tentar contato com Paty assim que desligássemos.

Júnior como sempre grudou em mim, me fez ir até em casa me arrumar para sair com ele e as gêmeas. Mesmo sem animo algum, não o deixaria na mão. E também seria bom revê-las. Seguimos nos dois carros e deixamos o seu na porta do restaurante.

Assim que paramos em frente à casa da família delas, Júnior estava branco de nervoso. Comecei a rir.

— Cara, tu vai assustá-las assim... Tá parecendo um boneco de cera. Calma!!!

— Porra, Lorenza, tô nervosão... Já faz muito tempo, cara. Você sabe o que eu sentia por ela... O quanto eu sofri por ela ir embora... Nossa, tô me sentindo um moleque!

Amor Animal (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora