Amor Animal (Concluído)

Comeu e Palitou os Dentes

Lorenza

Tomei um banho juntinho dela. Que delícia! Na verdade, mais nos acariciamos do que tomamos banho. O dia no parque que seria cheio de compromissos, mas eu a teria ao meu lado o tempo todo.

Várias pessoas já circulavam pelo local. Ao sairmos do trailer, estendi minha mão para que caminhássemos assim. Apaixonei-me mais ainda quando ela abriu um sorriso lindo e segurou minha mão se pendurando no meu braço. Eu estava me sentindo a pessoa mais feliz do mundo.

A levei para ver todos os animais em exposição. Ela fez questão de tirar várias fotos nossas, dos animais e até uma montada em um boi mansinho. Minha "Barbie Dia na Fazenda" estava feliz que só ela. Enquanto Patrícia andava de boi, fiquei segurando a flor roxa horrorosa que ela fez questão de trazer. O que seria ridículo para mim em outros tempos, me fez rir. Era uma fofura aquela criatura passeando pelo parque em cima daquele boi selado. Tirei várias fotos do meu celular também.

A levei para ver onde os leitões eram assados. Primeiro ela ficou com dó dos bichinhos rosinhas rodando nos espetos, mas o cheiro atiçou a nossa fome e logo depois, a minha pequena estava atracada num sanduiche de pernil bem temperado. Apresentei-a para todos como minha namorada. Era engraçado ver a cara de espanto das pessoas, não sei se por eu falar tão abertamente minha opção ou se por eles nunca terem me visto namorando.

Nós nos encontramos com a família de Júnior que estava almoçando. Meu amigo arrancou várias risadas da minha oncinha. Achei estranho ela cumprimentar Mário pelo nome e ele lhe apresentar a esposa e os filhos como se já a conhecesse. Já no meio da tarde enquanto olhávamos os equipamentos agrícolas, topamos de frente com Carolina e Zefa. Confesso que fiquei apreensiva, afinal Carolina tinha todo direito de não querer uma pessoa como eu ao lado da neta. Ela mais que ninguém sabia o quanto eu já tinha aprontado na vida.

— Vóóó... – Minha oncinha se jogou nos braços dela e depois de Zefa.

— Boa tarde, Dona Carol... Tarde, Zefa!!

— Boa tarde, minhas lindas – Disse Carolina toda simpática — Esqueceu que tem casa, senhorita Patrícia?

— Ai, vovó... – Ela disse ficando vermelha.

— Carolina, Zefa, eu... Eu... – Gaguejei ficando vermelha. Eu me senti uma criança — Eu quero fazer tudo certinho: quero ir lá na fazenda pedir a mão da Patrícia para a senhora...

— Eu acho bom mesmo, Lorenza – Diz Zefa com cara séria. — Patrícia não é como essas daí que você pega...

— Pra quê? – Perguntou Carolina — Já deve ter pego a mão e o resto tudo. Sem falar que deve ter comido e palitado os dentes.

— Vovóooooooooo... Meu Deus... – Patrícia disse sorrindo e tampado o rosto. Eu não sabia onde enfiar a minha cara.

— Não, Carolina. Eu não tô gostando nada dessa história, não! Minha neta vai sair falada...

— Zefa, eu sou a primeira a quebrar os dentes de qualquer um que se meta a besta com Paty. – Zefa tinha toda a razão, eu não quero que ninguém fale um "ai" da minha princesa. — Você pode ter certeza que quero fazer tudo certinho, namorar sério, noivar... Tudo nos conformes...

— Eu não sei não... – Zefa era osso duro de roer.

— Tá, tá... tem a nossa benção. Vão se divertir – Carolina disse nos abraçando. Zefa também nos abraçou a contragosto e disse no meu ouvido: "Tô de olho.". Engoli em seco, mas assenti. Não queria de maneira nenhuma decepcionar aquelas mulheres.