Paty Hora de Nanar

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Lorenza

Ele nos serviu de uma dose de whisky que estava na mesinha ao lado. Assim que me entregou o copo, se encostou confortavelmente na poltrona.

— Lorenza, eu quero te pedir como amigo se tem alguma possibilidade de você voltar a ser amante da minha mulher? –Arregalei meus olhos colocando o copo na mesinha de centro, enxugando as mãos na calça em seguida.

— Co...omo é que é?

— Quero que você volte a se encontrar às escondidas com a Ângela, simples! – Eu juro que tentei não sorrir, mas foi impossível! Estava tudo sendo tudo muito surreal.

— Jonas, como assim?

— Minha amiga, você acha mesmo que eu não sabia? Eu sempre soube. Eu via o rabo de olho dela pra cima de você. Por que você acha que eu dei o voo rasante de avião aqui na sede aquele dia? Foi pra dar tempo de você picar a mula antes que eu chegasse aqui em casa.

— Jonas, eu não acredito que você sabia este tempo todo... Como assim querer que eu volte a ficar com sua esposa? Que doideira é essa, homem?! – Peguei o copo, virei o conteúdo de uma vez e pedi mais. Ele encheu meu copo novamente.

— Ah, Lorenza, você acha mesmo que eu não sei o que ela quer de mim? E eu também não sou santo, tenho meus rolos por aí. Mas a questão é que depois que ela começou a ficar com você eu tive sossego, mil vezes melhor ela ficar com você do que com outro homem... Ainda mais esses peões porqueiras daqui... E, pela madrugada, Lorenza!! Estes dias estão sendo um inferno aqui em casa... Ela está um porre desde que você parou de ficar com ela, ela tá um demônio, tá difícil de aguentar!!!

Jonas me contou tudo... Que Ângela, por despeito ao me ver dançando com Patrícia, disse a ele que eu dava em cima dela e que até tentei lhe roubar um beijo no celeiro... Que pilantra... Ele me falou das suas outras mulheres... Que tinha até um filho de dois meses com uma de suas amantes, por isso ele viajava tanto. E ele ainda usou o termo que durante a "minha gestão com a Ângela", foi sem dúvida a fase que ele teve mais sossego quanto às puladas de cerca da esposa. Dizia tudo em um tom baixo, sempre apontado para sombra debaixo da porta. Mostrando que Ângela tentava nos ouvir. Respondi a ele no mesmo tom.

— Jonas, eu estou apaixonada e arriada na Patrícia, nós estamos namorando sério. E por incrível que pareça, meu amigo, eu sou fiel a ela. Me desculpe primeiro pelo que fiz a você, e em segundo, por não poder atender ao seu pedido. Mas eu amo aquela pequena! – Ele sorriu e tomou o restante do seu whisky.

— Eu te entendo, minha amiga, mas preciso da tua ajuda pra uma outra coisa então... Tenho que pelo menos aparentar indignação de marido traído, não? Mas saiba que não muda nada na nossa amizade e nos nossos negócios. Tentei conter as gargalhadas. Cara, era tudo muito inusitado. — Não se assuste com o que eu irei fazer agora – Ele disse com uma cara travessa. Ajeitou o copo na mão e o atirou na porta onde o mesmo quebrou fazendo um barulhão. – LORENZA, SUA CAFAJESTE, ACHOU QUE EU NÃO IA DESCOBRIR?!

Parei de boca aberta sem saber o que falar. Ele fazia gestos para que eu entrasse no clima e eu limpei a garganta e gritei.

— JONAS! SE ACALME, HOMEM! – Eu estava morrendo de vontade de rir porque o meu amigo pulava na poltrona para fazer barulho, chutava as coisas... Como se estivéssemos brigando! — Me desculpa, Jonas, eu prometo nunca mais nem olhar para sua esposa... – Eu disse em um tom mais alto próxima a porta.

— Eu acho bom mesmo! Respeito é bom e eu gosto. – tirou a barra da camisa como se nós tivéssemos brigado e piscou para mim, entrei no clima e me desarrumei também. — E é melhor você ir embora, não quero fazer uma besteira – Baixou o tom de voz e disse – Passa amanhã lá no frigorifico que eu te mostro a documentação do gado que eu comprei, aí você me diz qual o melhor negócio que podemos fazer, transferência de embrião ou só inseminação mesmo, ok? – Me estendeu a mão.

Amor Animal (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora