— Essa mesma, olha ela ali – Apontei meneando a cabeça.

— Opaaaa, já gostei da retaguarda – Eu amigo fala safado virando a cabeça pra apreciar o material.

— Tira o olho, que essa eu vi primeiro. Vou brincar com ela um pouco. Ela é esnobe e grosseira demais da conta. Dá até vontade de dar umas boas palmadas naquela bundinha linda pra aprender a virar gente.

Vi quando ela bateu a porta com força. "Realmente essa garota tem problemas. Não é normal ser tão mal-humorada". Assim que ela entrou, estacionei logo atrás do carro dela, a impedindo de sair e chamei Júnior.

— Desce... Bora! Quer ver ela ficar louca?

— Cara, tu vai irritar a garota mesmo?

— Vou! Vamos comprar as coisas na ferragista primeiro, neste calor ela vai perder a paciência em 2 minutos e ela fica um Tzão nervosinha. Além do mais, nem te falei, pega aí no porta-luvas. Ela perdeu a carteira lá onde ela sentou enquanto eu trocava o pneu. Achei ontem à noite.

— Hummm... Uma Prada??? Que chique.

— Cara... sei não! Você dançando e rebolando daquele jeito no Fitdance e entendendo de carteira feminina... Não sei não, viu? Tô te estranhando...

— Palhaça! Tu sabe que a mulherada se amarra no meu rebolado, além do mais, quem nunca assistiu ao filme "As Braquelas?": ..." Não é uma bolsa, é uma Prada..." – Falou me jogando um beijo. Lógico que nós dois caímos na gargalhada como duas hienas retardadas.

Como eu amo esse meu irmão da vida, sou filha única, mas às vezes me pego imaginando que se eu tivesse um irmão de sangue, queria que ele fosse exatamente como o Júnior.

Assim que descemos, uma gurizada que brincava na pracinha em frente começou a chamar por Charlotte. A danada me olhava pedindo autorização enquanto abanava o rabo. Como ela já estava acostumada com a vizinhança, a deixei ir.

Já de dentro da loja vi Patrícia voltando cheia de sacolas e estancar ao ver que alguém havia trancado seu carro e não a deixava sair. Ela olhava a "lindinha", minha camionete, com uma cara tão vermelha que parecia um moranguinho a ponto de explodir. "Que coisa mais bonitinha modeuso! Parece um chaveirinho irritado!".

Patrícia olhava em volta, entrava novamente na agropecuária, saia, voltava, olhava a camionete cruzava e descruzava os braços... "Uma coisa eu não posso negar, essa garota me dá um Tzão da porra".

Vi quando ela se abaixou e falou com Charlotte. Minha filha se jogou em cima dela e a lambeu inteira. Ponto positivo, ela gosta realmente de animais. Charlotte voltou para a brincadeira com a meninada e a chiliquenta entrou no carro. Finalizei as compras calmamente e ainda parei pra dar um dedo de prosa com dona Lurdes que era amiga de bingo da Bá.

— Hora de enfrentar a fera... Ela esta literalmente soltando fogo pelas ventas... Reze por mim, e se eu morrer, minhas botas são suas! – Falei pra Júnior enquanto colocava as ferramentas dentro de um dos carrinhos. — Tu vem comigo?

— Vou nada! Essa eu vou assistir de camarote sentado ali no boteco do Jorjão. Vai lá. Ela esta do jeitinho que você gosta... bem chucra!

— Adoro amansar uma nervosinha.

Sai da loja lentamente sem olhar na direção dela, parei atrás da camionete e comecei a colocar as coisas na carroceria, só ouvi a pancada da porta do carro dela e aquela voz já conhecida se fazer notar.

— SUA RIDÍCULA SEM EDUCAÇÃO! É BEM GENTINHA MESMO! Não sabe que não pode fechar os outros?

— Pronto! Já estou aqui! Quais são seus outros 2 desejos? – Cruzei os braços e a encarei com um sorriso aberto me encostando na lateral da carroceria, apoiando um dos pés no pneu.

Amor Animal (Concluído)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora