"Dalila, Valéria, o pessoal do departamento de vendas tá aí! Eles estão chamando todo mundo na sala de reuniões grande, disseram que tem um anúncio. Vamos logo!" A recepcionista falou e saiu, indo em direção à uma sala virando à esquerda no fim do corredor, sendo seguida pelas amigas que não estavam entendendo nada.

"Bom dia, pessoal. Eu tenho uma notícia muito importante pra dar pra todo mundo. Esperei até que tudo estivesse tudo já assinado, nos conformes, porque dizem que dar notícia antes de dar certo atrai azar, então melhor nem arriscar. Foi meio difícil convencer essas pessoas, nossa querida chefe não fez boas propostas..." o responsável pelo departamento, Caetano, brincou e fez todos rirem, inclusive Valéria.

"Eu sempre disse que não sou boa em vender. Não vendo nem rifa direito!" Ela ergueu as mãos em um ato de rendição.

"Mas tudo bem, chefe. Nosso departamento é muito bom, e com muito jogo de cintura conseguimos o que queríamos. Eu quero anunciar pra vocês que nossa primeira filial foi vendida e vai ser aberta na Suíça."

A sala foi uma explosão de diferentes emoções: Dalila e Valéria se abraçaram comemorando, alguns funcionários bateram palmas, outros estavam de olhos arregalados em surpresa, todos de modo geral muito felizes com aquela notícia.

"O prédio da Insurazo na Suíça já foi alugado, o empresário que comprou nosso royalty já está organizando o serviço pesado, mas vamos ter que recrutar pessoas para fazer treinamento, vamos ter que enviar alguns funcionários para lá, enfim, vai ser um processo longo aí pela frente... Nossas CEOs e o departamento de RH vão resolver esses detalhes. E já existem outros interessados na França." Caetano terminou de falar entre os burburinhos alvoroçados da empresa. Depois da comemoração, todos voltaram aos seus afazeres, com mais energia do que antes.

"Amiga, você vai ter que me deixar ir pra Suíça primeiro. É sério. É meu sonho! Por favor! A França é toda sua, mas a Suíça eu preciso ir. Mesmo." Dalila implorava para a miga, sem esconder a animação.

"À vontade. Desde que você não invente de ficar por lá e me abandonar aqui."

"Não. Isso nunca. Lá não tem carnaval."

Valéria gargalhou.

"Ei, você se importa se eu der uma saidinha? É rápido. Eu volto à tarde e já podemos marcar todas as reuniões que você quiser pra resolver isso."

Valéria olhou em seu relógio. Quase dez da manhã.

"Só se você me deixar voltar às duas da tarde do almoço."

"Fechado." A loira ficou em pé, pegou sua bolsa e saiu num passo apressado, desaparecendo na porta do elevador. A ruiva riu e voltou para a sua sala. Pegou seu celular e abriu o aplicativo de mensagens. Sorriu com a troca de mensagens, jogou o celular na bolsa e finalmente se concentrou numa proposta de novos termos para a modalidade de seguro de vida que havia sido posta para discussão numa última reunião.

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Dalila arrancou com o carro e saiu de sua empresa como se tivesse pouco tempo de vida, atravessando a cidade até a Vila Mariana. Estacionou em frente ao portão branco e bateu palmas, chamando por Laila. Quem apareceu foi a mãe de Laila, a senhora que conhecera no dia do velório. A mulher por sua vez também lembrava dela e abriu a porta, convidando-a para entrar.

"As-Salaamu-Alaikum, senhora. Com licença. Tudo bem? A Laila está por aí?"

"Pode entrar, fica à vontade. Ela tá sim, tá no quarto dela estudando. Pode vir aqui." A mulher sorriu, falava baixo e suas olheiras eram do tipo profundas, daquelas que não saem mais, são marcas fixas. Dalila a seguiu. Passou por uma sala pequena e uma cozinha, entrou num corredor com um banheiro, e três portas, provavelmente três quartos. O último estava com a porta fechada.

She keeps me warmWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu