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CAPÍTULO 25 – PARTE I 
MELINA

Eu estava em um quarto trancada a mais de horas. Sandro só apareceu quando pediu que eu falasse ao telefone e quando ouvi a voz de Zola tudo dentro de mim se acalmou.

O quarto era todo em cor pastel, a cama parecia estar sem ser usada a tempos o pó tomava conta de todos os cantos do cômodo.

As imagens do acontecido voltam a minha cabeça de minuto em minuto e eu consigo enxergar agora nos detalhes minha imprudência.

Eu não sabia com o que estava lidando, eu só sabia que um passo em falso poderia colocar todos meus esforços a sete palmos abaixo da terra e eu não estava disposta a desistir da vida. Não agora que eu conseguia ver luz no meio de toda escuridão que minha vida se tornou.

O silencio do quarto estava me enlouquecendo, meus pensamentos gritavam em minha cabeça e a culpa me consumia.

O que eu fiz?

A porta do quarto se abre de repente e vejo Sandro e um dos seus homens entrar mal-encarados.

- Até agora não obtivemos nenhum contado do seu amado. – O homem fala desdenhando. – Eu falei que a vaca não serviria de nada. Devíamos ter sequestrado a esposa do chefão. – E ao ouvir suas palavras eu gelo.

- Saia! – Sandro ordena e o homem o olha surpreso e irritado. – Agora! – O homem sai resignado batendo a porta atrás de si.

Sandro bufa e se senta na cama e me encara parecendo cansado.

- Sabe menina eu não vou te machucar, mas preciso que colabore comigo. – Ele passa as mãos no cabelo nervoso. – Você realmente não sabe onde se meteu, não é mesmo? – Seus olhos estão focados em meu rosto amedrontado. – Eu tinha uma filha que era para estar mais ou menos com sua idade, mas eu paguei o preço dos meus erros. – A tristeza em sua voz é profunda.

Eu fico em silencio o olhando apreensiva. Eu não conhecia esse homem e não confiava nele.

- A Camurro é a porra de um câncer na Itália e muitos estão se mexendo para derruba-los. – Ele agora me olha de uma forma odiosa. – Eles possuem o território inteiro e isso é tão... – Ele se levanta nervoso. – Por causa daqueles filhos da puta eu perdi minha esposa e minha filha. Eles não foram meus parceiros quando eu precisei, garota.

Ele bufa e continua a falar.

- Quando conheci Jonas eu conseguia ver sua ambição escorrer por seus olhos e eu sabia que eu podia tirar proveito disso e por um lado eu consegui. Até que ele se tornou um grande fardo por suas imprudências e impulsividade. Eu sabia que tinha que tirar ele da jogada, mas o filha da puta era mais sangue frio do que eu imaginava. – Ele ri secamente. – A ponto de matar a mulher por quem se dizia apaixonado.

E eu paraliso e meus olhos já não conseguem mais desviar do rosto de Sandro.

- Oh, não pense muito sobre isso garota. – Sandro suspira fundo. – Sua família inteira já estava atolada nas merdas que Jonas assumiu.

- Não fale da minha família. – Falo magoada.

Eu já não queria mais pensar em tudo o que aconteceu, era uma ferida pulsando em meu peito que doía demais.

- Sua família que te meteu aqui garota. – Ele enfatiza. – Jonas matou sua irmã, condenou a própria mulher, submeteu seu irmão a Camurro e fez sua mãe ser escrava na índia. E você seguiu pelo mesmo caminho, você era a única que podia ter saído disso.

Ele bufa.

- Foda-se, eu só quero o meu dinheiro. – O riso dele me assusta.

- O que te faz achar que Dimitre irá te dar esse dinheiro? – Questiono. – Por mim? – Dessa vez sou eu a rir.

Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série ObscurosWhere stories live. Discover now