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CAPÍTULO 17
ZOLA

O ar fresco, o sol e o céu limpo não conseguiam afastar toda a dor na minha alma. As memorias de Borya eram tão vivas, tão única que eu não conseguia simplesmente deixar passar.

Me sento ao lado da sua lápide e me lembro de seu rosto sereno e sorriso sincero. O seu cheiro que sempre me tirava todos os meus demônios e me levava a outro plano.

- Já faz tanto tempo, não é mesmo meu amor? – Pergunto olhando para o céu me lembrando de seus olhos.

E eu por mais louco que possa parecer eu podia senti-la ao meu lado, sua energia, seu cheiro, sua total presença.

- Também senti sua falta, meu pequeno vendaval. – Ouço a voz dela tão próximo que posso vê-la.

- Borya, eu não sei viver sem você. – Eu olho para ela e não me importo se ela é simplesmente um fruto da minha imaginação.

- Não pense dessa forma, amor. Você tem conseguido por todo esse tempo. – Suas mãos afagam meus cabelos.

- Eu tenho sobrevivido, viver é algo totalmente diferente. E fazer isso sem você tem sido insuportável. – Penso e de repente os olhos castanhos calmos de Melina invadem minha mente.

- Ela é adorável, não é? - A voz suave de Borya volta a invadir minha mente.

- Leve como o ar... – Complemento.

- Então por que não se permite ser feliz novamente, meu amor? – O sorriso da minha russa ilumina meu mundo.

- Porque você nunca mais terá essa chance! – Surto. – Porque eu aceitaria melhor o fato de você estar com qualquer outro e estar aqui, do simplesmente saber que você preferiu partir!

- Algumas coisas não podemos mudar, Zola. – Até mesmo a voz de repreensão dela eu amava.

- Você se arrepende? – Pergunto.

- Não! – Borya diz e se aproxima de mim. – Não me arrependo de exatamente nada e espero que um dia você também possa aceitar isso.

E tão breve e lindo ela estava aqui e logo se dissipou com o ar fazendo meu coração errar as batidas e a saudade se implantar em meu peito novamente.

- Merda! – Grito e me levanto nervoso.

Entro no carro ainda sem rumo e respiro fundo.

- Não sei se estou pronto para te esquecer ainda, minha russa. – Falo para mim mesmo me sentindo desesperado.

Vou direto para meu apartamento e passo o dia bebendo e fumando, eu não conseguia aceitar o fato que uma parte de mim queria seguir adiante. Que uma parte de mim já estava deixando Borya ir.

Eu não podia deixa-la ir.

E com o tempo passando eu sinto a coragem se esvaindo. Eu não conseguia simplesmente passar uma borracha no passado, não quando eu sentia a culpa me seguindo.

As memorias do passado se misturam com as do presente e vários sorrisos de Borya são levadas pelos olhos marcantes de Melina, com todo seu carisma e jeito único de ser.

E os dias passam e as perguntas não se calam em minha cabeça e eu nunca chego perto de uma decisão a tomar.

Decido então ir para o centro da Camurro, eu precisava dar um tempo e pensar com mais calma no assunto e de preferência sóbrio.

- Olha quem decidiu aparecer por aqui. – Giacomo zomba ao me ver entrar acabado na sala de jogos.

Vejo os olhos dos meus irmãos virem todos para cima de mim, cambaleio até o sofá e cumprimento todos de longe.

Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série ObscurosWhere stories live. Discover now