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CAPÍTULO 05
MELINA

Em toda a minha vida eu sempre pensei que minha família estaria unida e feliz, juntos, sempre. Quando meu pai faleceu e minha mãe entrou em depressão foi o primeiro tombo que levei, foi difícil mas ainda assim eu tinha meus irmãos para me ajudarem e então Melissa sofreu o acidente de carro, minha irmã, minha Mel, tinha ido embora e foi uma dor tão intensa que eu sinto até hoje meu peito doer ao me lembrar do sorriso dela e saber que nunca mais poderei ver novamente seu sorriso e ouvir seu riso.

Depois de tudo isso foi tão difícil colocar a vida nos eixos que sinto que até os dias de hoje eu luto intensamente para não me perder na dor que tento exprimir todo dia de dentro de mim. E nada nessa vida, nada em nenhuma dessas quedas, nada no meio de todas as dores que eu conheci havia me preparado para a doença de Agnes.

Eu sabia que tinha meus irmãos para me ajudarem e eu sabia que tinha minha mãe, mas por que eu sentia que nada disso era suficiente?

Marina é a mais amável de nós, ela é doce com seu jeito único. E tudo mudou depois de um ano casada com Jonas e por alguns momentos eu me vi assustada por não reconhecer minha irmã.

Jonas foi a grande doença que minha família sofreu, com todo seu egoísmo e ambição exacerbada ele foi entrando na mente do meu irmão e da minha irmã que quando estavam na presença dele se transformavam.

E eu odiava isso. Odiava sentir que estava perdendo a minha família.

Já faziam três horas que eu estava na sala de espera do hospital e minha mente divagava sobre várias coisas que estavam me entristecendo, que estavam me abalando e eu sentia que estava à beira de um colapso.

- Pegue. – Ouço a voz de Zola calma e pego o copo de água que está me oferecendo.

- Obrigada. – Sussurro sentindo que se eu falasse mais que isso cairia em prantos.

- Não precisa guardar tudo para si. – Ele volta a falar e se senta ao meu lado. – Sei que é horrível quando parece que o mundo está desmoronando, mas tudo fica muito pior se guardar isso só para si.

Eu fito o homem ao meu lado com os olhos curiosos sobre mim e por um momento eu consigo sentir a empatia que emanava dele.

Zola é muito bonito que chega a ser intimidador e foi esse homem, um desconhecido, que no momento que eu precisei me ajudou.

- Obrigada! – Respirei fundo e olhei em seus olhos. – Por hoje, pelo que fez por mim e por Agnes. Serei imensamente grata.

- Não se preocupe com isso. – Ele solta um sorriso passageiro. – Eu realmente espero que ela fique bem, não consigo me imaginar perdendo um dos meus sobrinhos.

- Não vou perde-la. – Falo com a voz dura sentindo um incomodo no peito.

- Não foi o que eu quis dizer... só... – Ele suspira e se levanta cansado. – Seu irmão virá para cá?

E nesse momento vejo Bernardo e Marina entrando no hospital inquietos olhando para todos os lados. Minha irmã parece relaxar no momento em que coloca seus olhos em mim e eu sinto toda a mágoa transbordar.

Não é a primeira vez e eu sei que não será a última vez que eles me ignoram, e pior, ignoram a saúde de Agnes em prol de seus próprios interesses e isso é algo que eu nunca iria entender. Mas mamãe diz que eu não posso cobrar deles um sentimento que na verdade floresce em meu peito, eu amava Agnes a ponto de dar minha vida por ela e esse era um sentimento unicamente meu.

Perdendo-se no Passado I Livro 05 -  Série ObscurosWhere stories live. Discover now