Capítulo 20

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Annie.

Toda minha atenção está voltada para o ser pequenininho em meus braços, enrolado em uma manta azul, que mama tranquilamente, com os olhos fechados e a expressão serena no rosto. Eu não consigo parar de olhar para cada detalhe dele. Matteo tem as bochechas gordinhas, o que me dá vontade de apertar, mas me controlo.

Apesar da enorme força que recebi do Théo, o parto de Matteo foi mais difícil e doloroso do que da Mía. Eu achei que não aguentaria. Foi importante ter a presença do Théo ao meu lado em todos os momentos, eu não me senti sozinha. E por mais que eu estivesse esgotada e me sentindo sem forças, ele me encorajou a continuar. Toda a dor fez sentido e tudo melhorou quando escutei aquele choro agudo, o alívio me preencheu e o meu coração transbordou de amor. Matteo nasceu lindo e saudável.

Meus pais me ligaram assim que acordei do meu descanso merecido. Minha mãe lamentou por não estar ao meu lado, mas ela mora em outra cidade e o meu menino chegou de surpresa. Nem eu esperava. Meu pai prometeu pegar a estrada assim que o dia clarear, pude sentir a ansiedade dele em seu tom de voz. Tina e Lívia foram as primeiras a conhecer o novo integrante da família.

Ouço a porta do quarto abrir, chamando a minha atenção. Théo entra e eu enrugo a testa ao perceber a expressão séria em seu rosto.

— Minha mãe já foi, Lívia também. Melissa mandou uma mensagem dizendo que assim que minha mãe chegar no apartamento ela vem, com a Mía e o Vicente.

Ele caminha até o lado da cama, e só quando vê Matteo mamando esboça um sorriso de boca fechada.

— O que aconteceu?

— Hãn? — ele pergunta.

Théo estica a mão e com o dedão faz um carinho lento e delicado na bochecha do filho.

— Essa cara.

— Que cara? — ele pergunta de novo, com os olhos grudados em Matteo.

— A que você estava quando entrou no quarto. Anda, fala logo.

Ele solta uma lufada de ar, recolhe a mão e se senta na poltrona grande e confortável ao lado da cama.

— Nada, eu só achei que tinha visto alguém. — Théo dá de ombros.

— Quem? — Minha testa franzida não nega a minha curiosidade.

Théo curva o corpo para frente, apoia os braços nas coxas e enrola alguns segundos para contar.

— O Fred.

Sinto meu corpo gelar dos pés à cabeça, firmo meus braços ao redor de Matteo, trazendo mais o meu filho para mim. Fred ainda tem um efeito gigante em mim, e da pior forma possível. Depois de tudo, eu tomei pavor dele e só o nome me faz estremecer de medo.

— Como assim? Você tem certeza?

Meu coração palpita e o meu estômago embrulha de nervoso.

— Eu vi um homem parado de frente ao berçário, olhando pelo vidro, quando andei na direção dele para ver se era mesmo o Fred, ele foi embora. Mas não sei, pode ter sido só alguém parecido.

Meu estômago continua dando cambalhotas, até que um alívio me alcança quando me lembro que Julie me disse essa semana que Fred ainda está fora do país, e não tem previsão de volta. Segundo ela, ele disse que se arrependeu de tudo o que aconteceu e quer tirar um tempo para refletir. Eu não sei se acredito nessa mudança repentina.

— Não era ele — digo.

— Como você sabe?

— Julie me disse que ele ainda está fora do país, e não tem previsão de volta.

Inalcançável - Livro 2Where stories live. Discover now