capítulo 14

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Annie.

Théo está me encarando com a testa franzida. Abro e fecho as pálpebras rapidamente, só então percebo que ele está no mesmo lugar, segurando o celular, com uma cara de quem está confuso, sem entender por qual motivo eu estou parada na sala, petrificada, encarando ele.

Nada aconteceu. Quero dizer, ele não falou tudo o quê eu queria ouvir, nem me fez tocar no que eu mais gosto em todo o seu corpo. Eu imaginei tudo. Posso dizer que sonhei acordada.

Meu Deus. Eu estou enlouquecendo. O efeito de Théo sobre mim é demais pra minha cabeça.

— Annie — Théo me chama. —, tá tudo bem?

Relaxo meus ombros. O suspiro de frustração que sobe pela minha garganta é audível. Ele ainda está com a testa franzida, dando mais um gole longo na água. O pomo de Adão dele sobe e desce.

Céus...

— Eu só vim devolver o seu telefone mesmo.

Um dejavu do que nunca aconteceu me deixa incomodada. Como eu queria que ele tivesse dito todas aquelas besteiras e mais um pouco.

Confiro as horas no relógio digital do aparador da sala.

— Está na hora de buscar a Mía.

— Deixa que eu vou — ele diz. — Só vou colocar uma roupa.

Um gemido escapa entre meus lábios quando ele sai da sala e vai em direção ao quarto.

Mas que merda... Será que eu nunca vou superar a vontade imensa que eu tenho dele? Será que ele sempre estará com suas perfeitas definições esfregando na minha cara o quanto ele é o homem mais bonito que eu conheço na minha vida?

Os hormônios da gravidez definitivamente estão mexendo com a minha cabeça.

Sento no sofá, balançando a perna, impaciente. Preciso me distrair. Não quero fechar os olhos e imaginar todas as possíveis coisas que teriam rolado entre nós dois. O toque de Théo, o jeito como ele faz... Tudo é ainda tão vivo na minha mente. A última vez que estive em seus braços foi há mais de cinco meses, mas parece que foi ontem, porque eu me lembro perfeitamente da maneira como ele me deixou sem fôlego.

Ligo a televisão, buscando por alguma coisa que me distraia. Conecto na Netflix e procuro por algum filme no catálogo. Fujo dos filmes de romance. Não quero saber de casais felizes e amores perfeitos que claramente tem a chance zero de acontecer na minha vida.

Cruzo as pernas em cima do sofá e relaxo o meu corpo, passando de uma sinopse a outra, sem me interessar por nenhuma em especial.

Théo sai do quarto logo em seguida, trazendo com ele o cheiro incrível do perfume masculino que fica impregnado em todos os cantos desse apartamento. Já não basta ser lindo, ele ainda precisa ser tão cheiroso desse jeito?

— Eu já volto. Qualquer coisa me liga, tudo bem?

Balanço a cabeça, confirmando. Parece que eu prendo a respiração até ele bater a porta do apartamento, porque quando ele sai eu solto todo o ar acumulado em meus pulmões. Deito no sofá, apoiando a cabeça em uma das almofadas, me obrigando a focar em qualquer coisa que não seja o Théo.

Desisto de procurar um filme pra ver, nenhuma das sinopses me interessou o bastante. Permaneço deitada no sofá e começo a pensar em tudo que aconteceu na minha vida.

Os flashes do Fred me agredindo voltam a me atormentar, é instantâneo o nó que se forma em minha garganta. A dor física nem se compara a dor emocional que ele me causou. Eu não esperava nada disso dele. Sabia que ele era ciumento e descontrolado, mas ele dizia me amar.  O cara que dizia ser apaixonado por mim quase me matou.

Inalcançável - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora