capítulo 11

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Théo.

Estaciono o carro ao chegar no nosso destino. Annie murcha o sorriso que iluminava seu rosto. Ela olha pela janela, incrédula demais para falar qualquer coisa. Eu entendo o espanto. Os nós dos meus dedos estão brancos devido a força com que eu aperto o volante. Ela tem toda a razão em me odiar.

- Você disse que ficaria ao meu lado - Ela sussurra, os olhos começando a marejar.

Engulo em seco. Aperto o volante com toda a minha força.

- Vai ser o melhor pra gente - digo.

Annie nega com a cabeça, e deixa escapar um riso nasalado, sem qualquer resquício de humor.

- Eu não acredito que você está fazendo isso comigo, de novo - Annie eleva o tom de voz.

A fachada da clínica embrulha o meu estômago. Ela vai me odiar, mas é a coisa certa a fazer. Não sei se quero essa responsabilidade. E o meu futuro?

- Você sabe que não é a melhor hora pra isso. Já temos a Mía.

- Por que você mudou de ideia? - ela me questiona. - Eu não consigo acreditar nisso. Eu não vou tirar o meu filho!

Esfrego o meu rosto com uma mão. Não quero discutir com ela, mas Annie é cabeça dura demais. Olho para a clínica e meu celular começa a tocar. O nome de Anthony aparece na tela, ele está impaciente, eu marquei um horário e Annie está nos atrasando.

- Está na hora, Annie - eu digo, recusando a chamada de Anthony. - Você vai tirar essa criança.

Ela balança a cabeça para os lados, sem parar. A expressão de pavor em seu rosto me acerta como um soco na boca do estômago. Eu não queria passar por isso de novo. Eu não queria fazê-la sofrer tudo isso mais uma vez, mas é necessário. Lá no fundo, ela sabe que eu tenho razão. Abro a porta do carro e pulo para fora ao ver que Annie sai correndo, ela está tentando fugir. Alcanço ela e envolvo seu corpo com os meus braços.

- Por que você está fazendo isso comigo? - ela pergunta, observo uma lágrima escorrer até o queixo. - Por que você está fazendo isso com ele? - Ela toca na própria barriga.

Não quero fraquejar, eu simplesmente não posso. Preciso de um futuro. Sarah é o meu futuro. Ela não desistiu de mim, e eu disse que volto se o pai dela me oferecer o cargo de diretor da empresa. Eu prometi deixar tudo para trás.

- Eu não posso ser pai dessa criança agora, Annie - sussurro.

As coisas sempre foram difíceis pra mim, ela sabe disso. O meu pai ainda está doente, eu preciso de mais dinheiro.

- Você nunca mudou, não é mesmo? - Os olhos dela transmitem fúria.

Eu mantenho ela presa em meus braços.

- Só estou pensando no meu futuro.

- Fica longe de mim, seu idiota - ela rosna contra o meu rosto.

- Você não vai fugir dessa vez. Vamos, Anthony está nos esperando.

Carrego ela contra a própria vontade para dentro da clínica. Anthony investiu bem, não tem mais o cheiro de cigarro e bebida barata. Agora é um consultório médico como qualquer outro, mas também uma clínica clandestina de aborto.

Annie se debate em meus braços, ela tenta me socar e grita contra o meu rosto, mas eu não vou soltá-la.

Anthony me olha com a testa franzida quando abre a porta da sala para mim. Eu peço ajuda, preciso controlá-la. Ele concorda com a cabeça, caminha até seus instrumentos e observa calmamente um por um. Tento domá-la, mas ela está decidida a lutar comigo. Ele se aproxima segurando uma seringa. A agulha grossa me dá agonia, então eu apenas viro o rosto para o lado, não quero ver quando Anthony injetar o líquido no pescoço de Annie.

Inalcançável - Livro 2Where stories live. Discover now