E dos grandes.

Seu uniforme padrão da S.H.I.E.L.D. ajudara bastante a evitar reações raivosas dos habitantes de Sokovia, mas um ou outro acabava por reconhecê-la tanto pela fisionomia como por algum colega a chamando pelo nome. Em um determinado momento, um grupo chegou a criar um tumulto e recusar a ajuda dos jovens Vingadores, mas tudo foi esquecido quando o prédio que eles esvaziavam começou a desmoronar, e ainda havia pessoas dentro dele. O grupo se silenciou quando a dupla não hesitou em voltar ao prédio, desviando com agilidade dos escombros que despencavam sem piedade. Petr foi o primeiro a retornar, com alguém que não sobrevivera aos ferimentos nos braços. No grupo de revoltosos, um homem se distanciou dos demais, um grito doloroso saindo do fundo de sua alma enquanto corria em direção do agente, reconhecendo a filha em seus braços. O momento apenas não seguiu porque o estrondo de mais um andar despencando assustou a todos, a maior parte do grupo chegando a se afastar por precaução. Apenas Petr e mais alguns seguiram a direção oposta, devido os gritos de pedido de socorro de Avril e de vozes infantis.

Depois dos dez minutos mais longos de sua vida, tanto Avril como as duas crianças estavam seguras fora do prédio já no chão, outra equipe da S.H.I.E.L.D. se assegurando do bem-estar de todos. A mulher tentou discutir, mas aparentemente a agência tinha novos protocolos para agentes que queria permanecer em ação depois de terem soterrados, e, julgando pelo cansaço que começava a ficar difícil de disfarçar, Avril aceitou ser levada de volta para o helicarrier, se livrando do pano imundo que usaram para improvisar um curativo em sua testa antes de subir no barco com mais algumas vítimas que precisavam de atendimento urgente.

E foi assim que Avril terminou pela segunda vez no dia em uma das alas da enfermaria, um novo recorde pessoal. Pelo menos dessa vez sua visita foi mais rápida, saindo de lá em minutos apenas com um pano embebido de sabe-se lá o que para limpar os ferimentos de seus braços agora expostos, já que a parte de cima de seu macacão fora aberta e estava pendurada em seu corpo, a regata clara que vestia por baixo agora sendo a única peça que cobria seu tronco. Não muito contente com ter que ficar de molho agora, Avril ainda deu algumas voltas pelo helicarrier, tentou se oferecer para ajudar onde quer que fosse, apenas para ser ordenada a retornar ao seu quarto – que ela sequer sabia onde era.

Nessa busca um tanto não muito empenhada em encontrar o bendito quarto, Avril acabou encontrando Natasha em um dos laboratórios, sentada contra uma parede de vidro, uma garrafa de água pela metade nas mãos.

- Um lugar desse tamanho e aqui que você escolheu para descansar? – estranhou a mais nova, seu tom sarcástico não sendo muito bem recebido pela ex-espiã – Cadê o Banner?

Mesmo se não fosse quem fosse, Avril teria percebido naquele momento que algo realmente estava errado, principalmente pela forma com os olhos de Natasha vacilaram e evitaram encarar Avril, quase que com vergonha.

- Eu não sei – foi a resposta que a ruiva deu, virando o rosto mais ainda – Ninguém sabe.

- Espera, ele simplesmente... sumiu? Isso não parece em nada com o Banner – o tom de acusação aos poucos foi tomando a voz de Avril, que começava a ficar irritada pela mais velha não ter tentado negar – Natasha, o que você fez? Não me olha desse jeito, você fez alguma coisa.

Natasha podia ter mentido? Podia. Teria surtido efeito? Provavelmente apenas feito com que ela se sentisse mais estúpida, já que a última pessoa para quem deveria tentar mentir era Avril. Até mesmo Fury fosse ser mais fácil de enrolar, nada comparado àquela pirralha quando já estava desconfiada.

- Ele já queria fugir, mas... – a mulher respirou fundo, quase rindo quando ouviu o próprio barulho falho que produzia ao inspirar – Eu sabia que precisavam de nós. Não dava para simplesmente dar as costas.

The Real Side II: Dark TimesWhere stories live. Discover now