Eu não quero sair daqui

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 A felicidade tomou conta de Hugo quando soube que não seria mais demitido, ao chegar para assinar os papeis. Hugo não tinha me visto ali, e correu para o mar para dar um mergulho antes de começar o trabalho. Quando voltava de lá, topou comigo e abriu um sorriso. 

— Nossa, eu não te vi aqui. Eu não sei o que você fez, mas brigadão! Nem sei como te agradecer. — Ele se aproximou e me deu um abraço apertado. Não tive tempo de reagir. A água que escorria pela pele dele passou a escorrer em mim também.

— Fica tranquilo. Era o mínimo que eu podia fazer! — Respondi enquanto desfazíamos aquele abraço. — Agora vai lá por o avental e pegar o bloquinho, que eu já quero pedir. 

— Belê. Já volto. — Ele deu uma pequena risadinha e me encarou por uma fração de segundo.  

Não vou esconder nadinha. Aquele abraço tinha mexido comigo. Sentia uma coisinha na boca do estômago. Uma mistura de satisfação por ver Hugo mais tranquilo com uma atração que começava a aparecer ali e... Quando olhei pra baixo, percebi que eu estava duro e ainda por cima de sunga. Será que ele tinha sentido isso? Será que era por isso que ele tinha dado aquela risadinha? 

— Já quer pedir, então? — Ele apareceu atrás de mim. Me sentei rapidamente, e muito sem graça escolhi qualquer coisa no cardápio. 

Sentado na cadeira, e tentando disfarçar o máximo possível, nem mesmo a vergonha conseguia diminuir o meu... volume. "Eu não quero sair daqui", pensei. Quanto mais eu me esforçava, mais eu sentia que o meu sangue corria por ali e deixava tudo bem firme. Droga.

O desespero passou quando meu corpo resolveu me dar um pouco de paz. Naquele dia, fiz questão de não só pagar a minha conta como deixar uma gorjeta justa pra Hugo. Mais uma vez, seguimos juntos para a pousada no final da tarde. 

— Hugo, deixa eu te perguntar... Quais praias você me recomenda aqui?

— Ué, depende... Que que você tá procurando?

— Tava querendo conhecer umas mais calmas e tal, menos pessoas. 

— Então, tem a praia do Felix. Lá é bem gostoso e mais tranquilo. Se quiser, amanhã é minha folga. Posso ir com você até lá. 

— Topo demais. Se não for te atrapalhar, nem nada...

— Não, tá tranquilo. Você tá precisando de um guia. Se não, vai acabar ficando só na Praia Grande e não vai conhecer mais nada. Falando nisso, até quando você fica?

— Até domingo. 

— Ah, vai aproveitar bastante ainda então. Amanhã às nove, pode ser? Te encontro na pousada.

— Claro, pode sim. Te espero lá.

— Eu que agradeço pelo que você fez por mim. Me ajudou pra caramba. 

Demorei a pegar no sono naquela noite. Por mais que eu tentasse negar, Hugo mexia comigo de alguma forma. Não só sexualmente. Mas estar com ele me deixava um pouco nervoso. Conseguia agir naturalmente na grande parte do tempo, mas dentro de mim a sensação estava lá. O sorriso gostoso, o olhar, a voz grave e carinhosa. Mas, por outro lado, não podia deixar de pensar que com certeza ele era hétero. E que nutrir qualquer sentimento por ele não era nem um pouco saudável e iria me frustrar. 

Pensei em cancelar o rolê na praia. Será que isso deixaria ele chateado?

Repensei. Ele tinha sido fofo em se oferecer. Ele iria gastar o dia da folga comigo. Não podia cancelar assim. Era minha obrigação engolir aquela coisa toda que eu estava sentindo e curtir o rolê. 

Amor de Areia (Romance LGBT)Where stories live. Discover now