Eu quero o litoral

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Na manhã seguinte, despertei com o barulho do trânsito lá fora. Levantei minha cabeça levemente e fui recobrando os flashes da noite anterior. Havia duas pessoas na cama, peladas e jogadas sobre o lençol amarrotado.

As memórias da noite anterior não eram exatamente ruins. Mas não deixei de rir e julgar o meu juízo. Fui transar com um cara do trabalho e acabei transando com meu ex e com o boy que ele estava pegando também. Quê?

Levantei cuidadosamente para não acordar os dois que ainda estavam na cama. Segui até o banheiro, joguei uma água fria no rosto e me olhei pelo espelho. Meu cabelo estava um desastre e meu rosto super inchado. Sentia algo grudado em minhas costas e, sem sucesso, tentei alcançar para saber o que era. Ao me inclinar para o lado no espelho, consegui saber o que estava lá. Era uma camisinha...

Passei pela sala e vi a bagunça que haviam deixado por ali. Tinha um cara deitado de bruços no sofá e eu me senti em um daqueles filmes americanos de universitários. Pelo menos ele estava com roupa. Apesar que, a julgar pelo que eu via no jeans, não seria uma má ideia se ele estivesse pelado.

Na cozinha, encontrei Marco parado olhando pela janela. Quando me aproximei, ele me olhou e parecia surpreso.

— Bom dia, princeso. — Ele disse com um sorriso um tanto safado.

— Bom dia... Mano... Nem sei o que dizer.

— Não diz nada. Desencana. Abstrai. Fica frio.

— Foi gostoso.

— Foi. Vou te falar que tava com saudade de transar com você.

— E aquele Gabriel? Nada mal, hein...

— Ele é ótimo. Me pagou um boquete no caminho pra cá ontem.

— Nossa, depois do tanto que você gozou ontem nem dá pra acreditar que já tinha gozado mais cedo.

— Real... — Ele riu e se aproximou. — Rafa, o que pegou ontem na tua casa?

— Meus pais descobriram o meu rolê todo.

— Caralho e como você tá?

— Minha bunda tá doendo. E é isso. — Rimos. — Mas sério, sei lá. Eu tô processando ainda. E teve todo o problema no trabalho também...

— Eu te entendo. Cê lembra como foi lá em casa, né? Por isso fui morar sozinho. Foi a melhor coisa que eu fiz, na real.

— Foi mesmo. Graças a isso a gente passou a ter local. — Voltamos a rir. — É complicado. E foi mal pela minha mãe. Não queria que ela tivesse te mandado mensagem. Eu passei teu contato naquela vez que a gente foi pra Angra, porque ela gosta de ter um contato reserva, sabe? E aí ontem no meio do surto, ela disse que já tava meio desconfiada da gente e tal... Foi mal mesmo.

— Não tem problema. Sei lá, fiquei meio louco na hora. Meio sem entender. Mas tá tudo bem, de verdade. Aproveitando, foi mal por ser um babaca nesses últimos dias.

— Me explica isso, Marco. Qual o problema? Tipo... Se você queria terminar, por que você tá fazendo isso?

— Sei lá. Fui idiota. Acho que quando vi que você não insistiu muito pra gente ficar junto e vi você indo viver tua vida, comecei a fazer graça demais. Queria te mostrar que eu tava bem, queria ficar por cima. E sei lá, foi patético pra caralho. Foi mal mesmo. Eu amo você, eu amei o que a gente teve.

— Eu também te amo, Marco. — Ele se aproximou de mim e pegou minha mão.

— Se você ainda me quiser, eu tô aqui. Eu tô arrependido. Eu te amo. Você é o amor da minha vida.

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