Capitulo 25 - O outro que não era ele

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Quando comecei a briga com Roberta, não pensei nas possíveis consequências. Não imaginei que alguns alunos muito idiotas iriam querer guardar aquele momento para a posterioridade, gravando tudo em seus celulares.

Não imaginei que arrancaria um punhado do cabelo ruivo da Roberta, junto com sua correntinha com pingente rosa. Muito menos pensei que juntaria uma roda de alunos a nossa volta, nos incentivando a acabar com a raça uma da outra.

Estou agora sentada numa das cadeiras cor de laranja que ficam na porta da sala do diretor. Meu couro cabeludo dói bastante, depois das puxadas que a Roberta me deu. Meu queixo está arranhado, junto com meu cotovelo e meus joelhos, que estão latejando.

Acho que a Roberta está pior.

Como tinha dito anteriormente, eu arranquei um pouco do seu cabelo e lhe deu alguns socos no rosto. Ela acabou ficando com a bochecha meio arroxeada, o cabelo todo erguido, parecendo uma vassoura muito usada e um nariz sangrando.

Me senti quase totalmente vingada ao vê-la.

Mas então me dei conta que estaria encrencada.

Meu pai vai me matar!

Vou pegar suspensão por no mínimo uma semana depois disso. E se não for expulsa.

Ai meu deus. Como não pensei nisso antes?

Ergo meu olhar ao ouvir o barulho de uma porta abrindo e espero ver Roberta.

Porém a porta que se abriu foi a do fim do corredor. E quem me aparece é o Adam.

- Nossa, você ta acabada, hein. – me diz e vem se sentar ao meu lado.

Encaro seus olhos azuis, me sentindo cansada.

- Muito obrigada, Adam. – digo.

- Desculpe. O que houve?

- Nada demais. Só briguei com sua amiguinha.

- Não tenho nenhuma amiguinha.

- Ah não? E a Roberta? – levanto as sobrancelhas.

- Ela não é nada pra mim. Mas você... – me dá um daqueles olhares e eu solto um gemido de desgosto.

- Não começa Adam. Senão eu juro que te acerto e meu pai não ta aqui pra te defender.

- Está bem, Julieta. – ele revira os olhos para mim e relaxa contra a cadeira. – Você ta muito encrencada com seu pai?

- Acho que sim. – falo com a voz meio tremida e quando me dou conta, um soluço já está escapando por minha boca.

Droga,odeio chorar. Choro por tudo. Pareço até uma cachoeira. Nem sei de onde vem tantas lagrimas.

- Ei, calma. Tudo bem. – Adam me abraça forte, passando um braço por meu corpo trêmulo e eu permito seu contato.

Ah estou tão carente!

Gustavo, onde você está?

Será que ele ouviu falar da briga? Se ouviu por que ele não veio me ver?

Eu preciso desesperadamente dele.

E esse fato só me faz ficar mais triste e chorar no ombro do Adam. Coitado, nem sei como aguenta uma pessoa tão neurótica quanto eu.

- Vamos, Ju. Vê se respira fundo. Vai dar tudo certo com seu pai.

- Como pode ter tanta certeza? – me afasto e esfrego os olhos.

- Eu conheço ele. É um ótimo pai.

Fico sem graça.

Nesse instante, eis que meu pai aparece, abrindo a mesma porta que Adam apareceu.

Ele está com a camisa toda amassada.

Deve ter saído correndo de casa, preocupado e zangado.

Realmente zangado.

- Julieta Patrick, que foi que você fez?

Engulo em seco enquanto encaro meu pai furioso.

- Eu me meti numa briga. – digo.

- É mesmo mocinha?

- A Roberta que provocou. – Adam me defende.

Meu pai lança um olhar frio para ele e Adam fica um pouco vermelho.

Ai que fofo da parte dele vir em minha defesa!

Finalmente, Roberta e seus pais saem da sala do diretor.

Ela me olha com raiva e ao ver Adam tenta arrumar o cabelo, sem muito sucesso.

- Pode entrar, Julieta! – ouço o diretor me chamando.

Passo por eles e entro na sala com meu pai, mas antes vejo o Adam me lançar um olhar de encorajamento.

Que deus me ajude!

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