Por que a vida sempre tem que ser tão horrível?
Quer dizer, eu sei que tem gente no mundo em situação pior, pessoas a beira da morte, passando fome e tudo mais. Mas eu estou falando de mim.
Por que uma coisa tão terrível, essa catástrofe em nível de enchente, aconteceu justamente comigo? Eu sempre estudei muito e sou uma das alunas com maior nota na classe.
Tirei um três!
Já posso imaginar a cena. Eu chego em casa com uma nota dessas e meu pai me mata. Nem isso, talvez ele queira me deixar sem meu celular.
Prefiro a morte certa a ficar sem celular.
Isso é inacreditável. Será que a professora de educação física não confundiu minha prova com a de outra aluna, que também se chama Julieta Patrick?
- Qual é o problema, Julie? – minha melhor amiga virou-se para mim.
Estendi a folha para ela.
- Mas não é a toa! Você nunca participa de nenhuma das atividades, nem mesmo do xadrez você quer saber.
- Vai catar coquinho, Amanda! Eu não sei jogar xadrez. Sou um desastre na quadra. Não consigo nem mesmo correr que logo tropeço nos meus dois pés esquerdos.
- Nossa, mas você reclama hein!
- Não é para menos. Meu pai vai me matar!
Amanda nunca vai entender minha situação. Meu pai, que é advogado, trabalha que nem mula para pagar meus estudos, juntamente com os do meu irmão mais velho, o Dylan. E a única coisa que ele exige de nos dois é que tiremos notas altas.
Aquele três podia ser tudo, menos uma nota alta.
Como é que iria à festa da Amanda agora? Tipo, o meu pai iria me deixar de castigo pelo mês todo.
Não posso enfrentar isso!
- Ele não vai me deixar ir à sua festa, Amanda.
- Relaxa amiga. É só você não mostrar a prova agora. Se ele perguntar, diz que a professora não terminou de corrigir ainda.
- Mentir para ele! Não posso fazer isso.
- Quer ir à festa? Se sim, então é melhor fazer o que eu estou falando.
Bufei, porque ela estava certa, como sempre.
Ah meu Deus!
Eu largo o ferro um segundo deitado em cima da minha blusa de seda e o que acontece? Ela abre um buraco grande o suficiente para se enfiar a cabeça por ele.
Que raiva! E agora, o que visto?
Olho meio desesperada para o guarda roupa. Essa festa é muito importante.
Já falei que a festa é em homenagem ao Adam, irmão da Amanda? Ele chega dos Estados Unidos para estudar aqui em Franca, na minha escola.
Isso é um sonho que se realiza. Eu sempre quis que ele ficasse por aqui, assim talvez Adam começasse sentir algo por mim.
Sim, eu sou louca por ele. E daí? Que garota em seu juízo perfeito não acharia lindinho Adam Chagas, com suas covinhas superfofas, cabelo loiro e olhos azuis?
Na pagina do facebook dele vi muitas fotos suas com as garotas americanas. Todas muito bonitas, mas nenhuma foi capaz de fazê-lo tirar o status solteiro do perfil.
Por lá, ele morava com os tios. Agora voltaria a morar com os pais da Amanda.
Felicidade total! Tirando a blusa queimada. Acho melhor eu vestir a bata indiana com um short jeans.
Nem bem entrei na sala e meu pai já me olhava dos pés a cabeça.
- Que short curto é esse, Julieta? Onde pensa que está indo assim?
- Fala sério, pai! Estou indo na festa da Amanda. Cadê o Dylan que demora tanto?
- Ele já foi faz cinco minutos.
- O quê? Ele foi na frente?
- Não precisa ficar assim, filha. Eu levo você.
Fiz uma careta. A pior coisa que existe é se chegar à festa dos amigos com o pai. Isso é pedir para ser zoado pelo resto do ano escolar.
- Não precisa, pai. Eu pego a bicicleta e chego lá rapidinho. – peguei um bolinho de arroz do prato que estava na mesinha de centro, dei um beijo em meu pai e segui para a porta.
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Paixão Adolescente
RandomEsta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com lugares, empresas e pessoas é mera coincidência e produto da imaginação do (a) autor (a). ''Plagio é crime! Essa obra não deve ser reproduzida, total ou parcialmente, seja qual for o meio, mecânico...