02. Trigger

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FRANÇA - Paris1940

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FRANÇA - Paris
1940

— Como sabem, sofremos um terrível ataque na costa da Normandia há dois dias. Rundstedt não foi generoso com sua tropa e conseguiu derrotar mais de cento e vinte mil dos nossos soldados. — Gaulle mantinha sua postura séria e rígida durante o discurso, assim como Annabeth e Peggy que ficavam ao lado do Primeiro-ministro. — Felizmente, graças à atuação das Forças Terrestres britânicas comandadas pela família Carter, e das Forças Navais comandadas por Ramsey, contivemos a situação.

    Desde que muitos estavam sendo mortos e a população não queria mais suportar o país banhado em sangue, houve a criação de uma divisão de partidos em que uns aprovavam o rendimento do país à Alemanha, e outros defendiam a luta da França com os Aliados até o último instante. O primeiro-ministro Gaulle, certamente contrário à se render, convocou os mais importantes para a formação de uma Resistência Francesa, comandada por Annabeth e Peggy.

    — Annabeth Carter será a sua nova capitã de batalha e Margaret Carter a capitã das estratégias em combate. — Os vinte e tantos homens sentados ali encararam uns aos outros e prenderam o riso. — O primeiro que as desrespeitar será imediatamente retirado da missão e preso até o fim da Guerra para evitarmos delações. Estão entendidos?

    — Sim, senhor! — Exclamaram eles e se viraram às duas irmãs, mantendo a continência.

    Bom, de uma coisa Annabeth sabia: a Resistência Francesa daria trabalho aos nazistas.

ÁUSTRIA - Salzburgo
Atualmente

    Annabeth foi obrigada a roubar um pequeno caderno junto de canetas na papelaria da estação de trem de Salzburgo. Sua cabeça latejava pela sequência de informações que a atingiam desde que havia conseguido fugir dos Vingadores e HIDRA de Munique, e com isso, para que não esquece tudo num piscar de olhos, decidiu que anotar suas novas memórias seria a melhor escolha.

    A mulher lembrou-se da primeira vez em que se encontrou com James Barnes, lembrou-se de quando ela e a irmã passavam horas e horas conversando sobre suas respectivas paixões e lembrou-se também de sua primeira noite com o soldado.

Assim como as coisas boas vinham calmamente, as horripilantes apareciam todas as vezes em que Annabeth descansava os olhos. Era como se toda as vezes que cochilasse sentisse seu corpo agarrado ao de Bucky na queda que acabou com tudo. Lembrava da dor infernal de quando suas costas atingiram o chão brutalmente e lembrava de James ao seu lado na neve, completamente ensanguentado.

Após algumas horas caminhando pela cidade, Anna conseguiu alugar um quarto por baixíssimo preço numa espelunca. Mal sabia como o austríaco da recepção havia aceito seus míseros euros, mas não queria questionar nada naquele momento. Coçando os olhos, a loira trancou a porta e observou o local com atenção, calculando uma rota de fuga caso seus perseguidores voltassem novamente.

Quando sua paranóia passou, Annabeth tirou as peças de roupa, que já começavam a adquirir mau cheiro, e entrou no banheiro. Ao encontrar-se completamente nua, Anna se intrigou com as milhares de marcas e cicatrizes espalhadas por seu corpo. A maior delas estava em suas costas, a qual ia do pequeno osso do final do pescoço ao final de suas costas. Era grotesca e feia. Mal pode a olhar por alguns minutos.

A água quente do chuveiro lhe fez bem. Relaxou seus músculos e aliviou sua mente por pouco tempo. O shampoo disponível ali não era tão cheiroso, mas limpou seu cabelo e o amaciou. O sabonete também fez um bom trabalho. Tirou-lhe a sujeira de corpo e fez com que Annabeth se sentisse um porcento renovada. Ao desligar o registro, secou-se e partiu para sua nova missão: organizar todas as suas lembranças no pequeno caderno preto.

Quando Anna anotou tudo o que tinha se lembrado e finalmente resolveu se enfiar debaixo das cobertas, ouviu passos do lado de fora e três baixas batidas na porta. A mulher levantou-se com cuidado e se direcionou até a pequena cozinha do quarto, logo armando-se com uma faca.

Mais outras três batidas foram dadas antes que Annabeth abrisse a porta e assustasse a senhora do lado de fora.

— Boa noite — a senhora sorriu simpática, falando um alemão carregado de sotaque. Anna não pode deixar de desconfiar disso, é claro. — Vim trazer seu jantar, senhorita.

— Não pedi por nenhum jantar — sua mão apertou com desconfiança o cabo da faca escondida atrás de si. — Tenha uma boa...

Antes que pudesse terminar, a senhora chutou brutalmente o carrinho de comida, atingindo Annabeth em cheio na barriga. A loira cambaleou, mas furtivamente desviou do golpe que ganharia em cheio no rosto. Percebendo que aquilo logo se tratava da HIDRA, Anna segurou a faca com firmeza e partiu para cima da outra.

A luta foi mais difícil do que o esperado e no final, a senhora encontrou-se morta e Annabeth com um ferimento não tão profundo no braço. Completamente irritada, a loira juntou suas coisas rapidamente — inclusive o traje de Warwick — e saiu do local antes que alguém a descobrisse.

Carter aproveitou para roubar uma boa quantia de dinheiro numa loja de conveniência e também comer alguma coisa. Estava faminta.

    O dia parecia ter demorado séculos para chegar, mas quando o fez, Annabeth pegou o primeiro trem para Graz, cuidadosamente para não ser percebida de novo.

Extremamente cansada, Anna relaxou no banco e observou a paisagem passar no lado de fora. Imaginava quando conseguiria paz.

SEDE DOS VINGADORES - Washington
Atualmente

Ela não pode ter ido tão longe — Natasha esfrega as mãos no cabelo, completamente irritada por ter sido ludibriada por Annabeth. — Não entendo como a perdemos.

Bucky sentia o aperto no peito aumentar cada vez mais. Sabia o que Anna estava passando e queria mais do que nunca abraçá-la, beijá-la e acariciar seus cabelos quando os malditos pesadelos viessem de noite para a atormentar. Temia que a HIDRA chegasse antes dele e a fizesse se tornar de novo o que ambos foram por muitos anos.

— Ela vai se lembrar, amigo — a mão de Steve conforta Bucky no ombro. — Anna é da família e vamos fazer de tudo para a ajudar.

    Assentindo fraco, Bucky observou os dois fazerem um novo plano de rota. Segundo eles, iriam para Graz, onde haviam registrado a compra de uma passagem por Annabeth e se não a encontrassem lá, iriam para Budapeste e depois para Bucareste. Talvez Bucky estivesse certo sobre terem implantado certos locais na mente de um soldado da HIDRA. Barnes se lembrava de ter feito quase todas as viagens que Annabeth estava fazendo.

    — Descanse Buckyzinho — o homem com um braço de metal revirou os olhos para como Natasha o chamou. Ela tinha o péssimo hábito de ficar dando apelidos para todos. — Sairemos cedo amanhã.

    Bobagem. James Barnes não era capaz de descansar. Todas as noites tudo o que conseguia dormir eram trinta minutos. Haviam infelizmente mais lembranças ruins do que boas em sua mente, e com isso, socar sacos de areia pela noite parecia ser uma melhor ideia do que relaxar o corpo rígido numa cama macia de mais e confortável de mais.

    Dormir era um gatilho para sonhos ruins, e infelizmente um gatilho que Bucky não gostaria de apertar.


    •Infelizmente esse capítulo teve que ficar um pouquinho mais curto, mas espero que tenham gostado mesmo assim :)•

Soldier | Bucky BarnesWhere stories live. Discover now