Capítulo 136

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- então vocês foram em uma balada ? - o jeito com que ele começa o assunto é estranho, o tom de sua voz está suave demais.
- sim, Sam conhece o dono e acabou ganhando dois convites VIPs. - sorrio fraco. - ele quase me implorou para irmos, e ... Eu não consegui negar isso a ele, não depois de tudo o que ele já fez por mim.
- acho que uma mensagem poderia ter evitado, pelo menos metade, da preocupação que eu tive com você ontem. - seu suspiro é pesado, o hálito fresco cheirando a gengibre e limão.
- desculpa, eu não lembrei do celular, na verdade, eu nem cogitei a idéia de avisar alguém, nem mesmo o meu avô.
- por que ?
- acho que eu devia ao Sammy um noite divertida, e somente esquecer do resto. - suspiro, sentindo um nó se formar em minha garganta ao vê-lo abaixar o olhar. - eu só queria fazer meu amigo ter uma noite inesquecível, algo que ele se lembre daqui a trinta anos e sorria. Eu não esqueci de você, só precisava de um tempo com Sam.
Os dedos dele parecem tremer, Andrew entrelaça os rapidamente e afasta os joelhos, deixando um espaço considerável entre as coxas. Os cabelos negros bem penteados e em sua bagunça matinal só deixam seu estado pensativo mais sexy, os lábios levemente abertos, a respiração calma.
Se eu soubesse o que ele está pensando...
Mordo meu lábio inferior fortemente, logo o soltando ao sentir o gosto de sangue em minha língua. O silêncio em um estado tão angustiante que meus ouvidos se concentram no barulho, no fraco barulho em que meu coração faz, mantendo o sangue fluindo pelas veias.
- tudo bem, só não faça isso de novo. Okay ? Não sabe como eu fiquei constrangido de vir aqui perguntar ao seu avô se ele sabia o seu paradeiro.
O som de um riso fraco é ouvido e eu sorrio, feliz por ele não ter cedido ao mau humor que provavelmente, iria causar uma briga.
- okay. Quer almoçar ?
- quero.
Agarro sua mão, o puxando para se levantar do sofá e irmos para a cozinha. Andrew abraça minha cintura e caminhamos com dificuldade até a cozinha.
- ainda não acredito que veio aqui falar com meu avô. - rio baixo, enquanto ele me solta e apoia os cotovelos sobre a bancada de mármore.
- eu achei que ele iria me dar uma tiro por vir aqui tão tarde, mas ele só me pediu para esperar até o amanhecer que antes de meio dia você iria voltar para casa.
Saio de seu lado e me direciono até o fogão, abrindo duas panelas e sentindo o cheiro maravilhoso de molho e da massa fresca do macarrão. 
- ainda quero entender como ele acertou.
- vovô me conhece muito bem amor.

Os braços fortes de Andrew abraçam minha cintura enquanto eu termino de enxaguar a louça que sejamos no almoço. A água gelada escore pelas minhas mãos ainda depois de eu ter colocado o último prato sujo no secador, me levando a enxuga-las no pano de prato que fica pendurado no gancho.
- seu avô vai demorar muito ? - o hálito quente em minha nuca faz com que uma corrente elétrica se espalhe pelos meus nervos, me causando um leve tremor.
- não sei, da última vez que o Chevrolet deu problema ele passou quase o dia todo na casa de John. - devolvo o pano ao gancho de metal.
- quer ir tomar sorvete ? Podemos passar no parque depois disso. - ele me gira, fazendo com que eu encare seus olhos.
O verde tão intenso, as manchas castanhas quase resumidas a meros resquícios ao redor da pupila. Prendo o lábio inferior entre os dentes por alguns segundos, apreciando cada detalhe de seu belo rosto.
- sim, eu quero ir tomar sorvete e passear no parque. - um sorriso sapeca domina seus lábios.
- eu espero você trocar de roupa.
- vem comigo.
Um misto de confusão e desejo se mostra presente não só em sua expressão, mas também em seus olhos. Pego em sua mão direita, nos colocando para fora da cozinha afim de subir a escada e ir até meu quarto. Corremos para subir os degraus e ele me puxa para perto ao chegarmos no corredor, até então, iluminado apenas pela luz fraca no teto. Seus lábios encaixam sobre os meus, saboreando o misto de sensações e sabores que ali existe, a língua, tocando suavemente a minha, uma quentura começando a surgir em meu ventre.
A porta do meu quarto está aberta, o que facilita nossa entrada. Com as mãos fincadas na camisa de Andrew, empurro a porta com o pé desajeitadamente, o que causa uma perda de equilíbrio em minhas pernas. Suas mãos agarram minhas coxas nuas e me fazem subir em seu colo, cruzando os calcanhares para melhor me prender ao seu corpo. Arfo pesadamente quando seus lábios deixam os meus, sentindo os beijos molhados descerem pelo meu maxilar até o pescoço. Jogo a cabeça para o lado, parando a boca logo perto do ouvido esquerdo dele.
- sua camisa vai ficar amassada. - digo baixo, sendo capaz de sentir sua pele quente se arrepiar.
- foda se a camisa.
Com cuidado, ele me coloca sobre a cama. Os olhos verdes amendoados como os de um temível predador que acabara de encontrar seu lanche da tarde, a garantia de que essa noite, ele não sentirá fome. Tremendo, levo os dedos até o botão do short jeans, abrindo o cós da peça devagar. Enquanto eu puxo o zíper para baixo observo ofegante Andrew abrir cada botão de sua camisa, um de cada vez como se sua vida fosse depender da lentidão dessa tarefa. Ele já está no quarto botão quando forcei minhas mãos a deslizarem o tecido grosso para baixo, o short saindo do meu corpo, deixando minhas pernas e caindo, com a ajuda de um movimento dos meus pés, no chão. Andrew puxa sua camisa para os lados, expondo o abdômen e o peito brancos e incrivelmente definidos, o tecido fino da camisa desliza na pele de seus braços suavemente, caindo no chão em seguida. Puxo minha camisa para cima, um arrepio monstruoso subindo minha espinha no instante em que o tecido negro é dispensado.
- você não tem noção do quanto é linda. - seus olhos vagam pelo meu corpo, parando por poucos segundos em meu rosto.
Minha respiração está desenfreada, o tórax subindo e descendo em um ritmo desconhecido. Um espaço surgem em meio aos meus lábios na tentativa de puxar mais ar para meus pulmões. Andrew se aproxima devagar, os olhos tão gelados e excitados, as bochechas em um tom alaranjado.
Vamos matar a saudade meu amor.

" "

A sorveteria fica da outro lado da rua do parque, então, nos podemos pagar pelo sorvete e ir comer enquanto caminhamos pelas trilhas ou conversamos sentados debaixo da sombra de uma árvore. Peguei duas bolas de sorvete de baunilha, com direito a doces e cobertura de morango. Andrew optou por duas bolas de chocolate, sem jujubas e sem doces, apenas com uma calda de morango também.
- a boate em que você foi, é legal ? - a pergunta surge ao nos sentarmos em um dos bancos perto do lago.
- sim, é muito legal. Tem uma estátua de Dionísio no jardim e camarotes coloridos, cada um com uma decoração diferente. Fora que a na pista de dança tem alguns palcos redondos com aquela barras redondas de metal aonde mulheres ficavam dançando. - pego um pouco do sorvete com a colher de plástico, sentindo o gelado em minha língua. - no bar você pode pedir qualquer bebida se estiver com a pulseira correta.
- nossa, então é uma boate cara. - ele coloca um pouco do sorvete na boca.
- sim, mas não pagamos nada. Acho que a pulseira prata tem mais privilégios do que a dourada, ou qualquer outra cor dos camarotes.
- quer me levar lá qualquer dia ?
- eu adoraria, vou falar com Sam depois.
Dois cisnes extremamente bonitos nadam tranquilamente no lado, os pescoços longos e curvados sempre deu a esses animais o ar de superioridade, não só a forma de seu corpo, mas também por serem tão lindos em sua naturalidade.
- sabe, você inda não me mostrou seu vestido. - a voz aveludada de Andrew me faz desviar o olhar dos cisnes e focar em seus olhos.
- eu esqueci. - coloco mais sorvete na boca.
- sabe, acho melhor esperar até o baile.
- pode ser.
Seu braço passa por cima de meus ombros e eu chego perto de seu peito, o perfume amadeirado se misturando ao ar e se tornando parte da minha respiração
Eu poderia passar o resto da minha vida assim...
Apenas abraçada a ele com um sorvete nas mãos.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora