Capítulo 45

55.8K 4.3K 252
                                    

- como foi a aula de Pilates hoje vovô ? - pergunto enchendo o pote de ração de Charlie.
- foi bem, minha fisioterapeuta disse que meu corpo está se adaptando muito bem a rotina de exercícios agora. - ele retira os sapatos e os coloca ao lado da escada.
Perfeitamente alinhados
- que bom vô, e agora o que acontece ?
- ela vai duplicar meus exercícios e vou ter que fazer exames e consultas mensalmente.
- isso é bom né, sempre ficar cuidando da sua saúde é o melhor investimento que o senhor pode fazer. - coloco água no outro pote.
- sim, se não se importa minha neta eu estou cansado. Seu velho vai dormir como um bebê está noite.
- então vá criança - rio - e durma muito bem.
Ele vem Até mim e deposita um beijo em minha testa.
- boa noite Mia, não vá dormir tarde.
- boa noite vô, jajá eu subo.
Observa lo andar tão calmamente é tranquilizante, as lembranças de ver ele sendo carregado por enfermeiros era de me dar raiva dos meus pais afinal, foi por culpa deles que meu avô quase morreu.
Por minha causa também...
Meus pais tentaram reaver minha guarda e meu avô não reagiu muito bem, depois do infante eu conversei com dois juízes da vara familiar e consegui uma ordem de restrição contra os meus pais, mesmo minha mãe sendo uma ótima advogada e podendo fazer com que essa ordem fosse derrubada ela permitiu que o processo seguisse, talvez se sentindo culpada por quase matar o sogro. Eu sei que é algo monstruoso da minha parte não permitir que meus pais cheguem perto de mim ou do meu avô mas foi necessário para que eu não perdesse a única pessoa que se importa comigo desde que nasci. Quando ele some do meu campo de visão me viro para olhar meu gatinho branco, o pequeno Charlie brincando com seu brinquedo é algo fofo de se ver. Vou até a cozinha e encho um copo com água gelada, sentindo a água descer pela minha garganta e esfriar cada canto dela. Devolvo o copo a pia e apago a luz da cozinha, em seguida apagando a da sala e subindo as escadas para meu quarto.

Dentro do closet visto uma camisola preta rendada e um robe da mesma cor por cima, a noite está meio gelada então pego uma manta rosa para colocar em cima do meu edredom. Um calafrio sobe minha espinha e antes de soltar meus cabelos coloco a manta no meio das pernas para deixar as mãos livres. Saio e quando levanto os olhos ao pegar a manta nas mãos novamente vejo Andrew sentado na beirada de minha cama com as costas retas e as mãos entrelaçadas.
Assim como ele estava hoje a tarde na janela.
Seu olhar é confuso e preocupado, ele se mantém sentado e então eu aperto a manta em minhas mãos, caminhando devagar até ele me sento ao seu lado deixando a manta atrás do meu corpo.
- que bom que veio. - digo ajeitando os óculos, ainda evitando de olhar pra ele.
- eu preciso me desculpar pessoalmente com você, olha eu não queria falar com você daquela forma mas ... - ele suspira pesado.- pensar que você pode ser tão boa e ingênua ao ponto de perdoar aquele desgraçado me fez perder o controle.
Me viro para ele e vejo seus olhos marejados.
- olha Andrew, como eu sei que foi errado esconder isso de você okay, mas eu penso que não preciso te contar cada passo que dou durante o dia. - dou uma breve pausa. - sei que você ficou bravo por saber por ele, mas não te dava o direito de falar comigo daquela maneira. Assim como ele, você não parou quando eu pedi então o que te faz pensar que eu deveria te desculpar também ?
- são situações diferentes Mia.
- sim, mas não totalmente. Os dois me machucaram, mesmo que de formas diferentes, e os dois não me escutaram quando eu pedi, o jeito correto de me confrontar seria conversando não me expondo daquele jeito na frente das pessoas, você sabe que isso não foi certo. Eu estou magoada com você.
Ele abaixa os braços e apoia os cotovelos sobre os joelhos, colocando o rosto entre as mãos.
- eu sou um idiota ruiva, tudo em que eu ponho a mão apodrece. Eu me sinto mal pelo que fiz com você.
Ele está com lágrimas nos olhos e eu mordo o lábio sem saber o que fazer, me abaixo e ajoelho no chão a sua frente, afasto os braços e ele tenta manter a cabeça abaixada. Forço ele a olhar para mim e por fim acabo com seu rosto em minha mãos.
- okay, não precisa se sentir um lixo por isso. Previsa apenas me pedir desculpas e como você já fez eu já te desculpei, olha ... Coisas assim costumam acontecer, não com todas as pessoas, mas com a maioria acontece uma vez na vida. Eu te desculpei no momento em que entrei no meu carro naquela hora, se eu não te atendi ou respondi suas mensagens foi por que precisava pensar no que aconteceu e não por que queria fazer você se sentir mal.
Andrew se vira e olha meu pulso com repulsa, retirando o rosto de minhas mãos e pegando meu braço esquerdo em suas mãos.
- eu disse coisas pra você ruiva, coisas que poderiam te machucar.
- não machucou, mas não importa.
O amor machuca às vezes.
- como não importa ?
- não importa. - repito, focando em seus olhos. - Não aja como se tivesse me machucado fisicamente.
- eu não mereço você.
Uma lágrima solitária escapa de seus belos olhos verdes amendoados e eu estendo a mão que estava em seu colo para secar a mesma.
- eu não vou terminar com você por que nossa primeira briga passou dos limites Andrew, e já é tarde demais para proteger o meu coração da dor de perder você. Então por favor, pare de chorar e me mostre que você ainda me quer e que você nunca mais vai me machucar.
Me ame como nunca antes.
Por favor !
Acabe com a sua dor e com a minha vontade de te ter nos meus braços.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora