Capítulo 31

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Acordo cinco minutos antes do meu despertador e me levanto com preguiça, o dia está bonito mas ainda está um pouco frio. Arrumo minha cama e ao pegar um dos travesseiros o cheiro de Andrew chega às minhas narinas, esse perfume natural de sua pele me deixa nas nuvens. Termino de arrumar a cama e sigo para o banheiro, tomando uma ducha morna e rápida. Visto uma lingerie cinza e por cima coloco uma calça jeans escura, uma blusinha de alças cinza e meu vans preto. Faço uma maquiagem simples e pego meu óculos e o Celular, mando uma mensagem para Sam.

Posso ir buscar você hoje ?
M.

Não precisa morango, meu pai vai me levar hoje.
Amorzinho 😍.

Ah, tudo bem então. Te encontro lá.
M.

Beijos 😘.
M.

Beijos
Amorzinho 😍.

Penteio meu cabelo o deixando solto e jogo a mochila sobre os ombros, abrindo a janela do quarto e descendo para a sala. Olho para os lados e não vejo meu avô então decido ir até a cozinha e ele também não está lá.
Nossa, será que ele ainda está dormindo ?
Abro a geladeira e pego algumas frutas pequenas, me servindo um copo de suco de laranja e pegando um pouco de cereal e leite fresco. Tomo meu café calmamente e quando termino saio pela cozinha, indo até a garagem.
Ligo o Fusca e me coloco a caminho da escola.

" "
Abro meu armário e pego meus fones de ouvido rapidamente, infelizmente não vi Andrew hoje e nem sequer olhei em direção a sua casa quando estava de saída para ver se seu carro estava na garagem.
Suspiro pesado e fecho meu armário, coloco os fones e ligo no celular uma música calma enquanto caminho até a sala de literatura.
Passando pelo corredor observo os grupos que ali ficam parados, os jogadores de basquete em um canto do lado direito do corredor com suas jaquetas na cor de um vermelho e amarelo talvez decidindo na casa de quem será a próxima festa, as líderes de torcida com seus minúsculos uniformes da mesma cor das Jaquetas dos garotos fofocando sobre como estragar a vida de alguém esse ano, o grupo de nerds inquietos e incrivelmente isolados do resto da escola, o grupo do teatro com suas roupas coloridas e alegres, os góticos com seu estilo peculiar e adorável e o resto dos alunos, meninas que ou não ligam para o resto ou quase fazem de tudo para serem notadas pelos jogadores ou pelas lideres de torcida e garotos que tem espinhas demais ou que apenas não ligam pra essa coisa de status social. Eu nunca fiz parte de nenhum desses grupos, tudo o que eu sempre tive foi Sammy. A maioria das pessoas que aqui estudam já tem o futuro traçado : jogadores profissionais, modelos burras e famosas, grandes empresários, atores conhecidos e caixas de supermercado, lavadoras de carros, donos de loja de conveniência, traficantes.
Todos aqui já se confirmaram com o que vem adiante e isso me incomoda. Acho que eles mesmos deveriam decidir o que querem ser e quem ser, mas infelizmente nem todos pensam do mesmo jeito. Entro na sala e me sento duas cadeiras na frente da mesa do professor,a voz em meus ouvidos implora para não ser quebrada, para não ser machucada por algo tão simples. E perguntas voam em minha mente.
O que eu quero me tornar ?
Uma advogada corrupta como a minha mãe ou uma perfuradora de poços de petróleo que lava dinheiro com empresas fantasmas como o meu pai ?
Ser militar como meu avô ?
Retiro os fones de ouvido e coloco a mochila sobre a mesa, abro o zíper rapidamente e sinto uma mão em meu ombro.
- Sam por que ... - me viro animada e travo no mesmo tempo que vejo Daniel ali parado.
Ele me olha frio e eu retiro sua mão de meu ombro, evitando contato.
- o que você quer ?- pergunto ainda o encarando.
- pedir desculpas. - ele se senta na mesa ao lado. - o que eu fiz não foi certo e eu não me orgulho disso, percebi a merda que fiz quando meu melhor amigo quase me matou na porrada. Olha, eu sei que pareci louco ..
- pareceu ou estava ? - o corrijo.
- eu fiquei louco por ter sido recusado mais de uma vez pela mesma garota, eu sei que isso não justifica mas de alguma forma eu queria provar que ninguém me dizia não. - alguns alunos entram na sala e eu me sinto mais segura com pessoas por perto. - eu só queria me desculpa com você e pedir perdão pela minha atitude de merda. Por favor, me perdoa. Eu nunca quis ferir você.
- eu não guardo rancor de você Daniel, não o denunciei por que quero confiar em você para que aquilo não se repita mais. - retiro meu caderno da bolsa e o estojo rosa de dois bolsos.
- não vai, eu prometo. Eu só não consigo olhar pra você sem lembrar do seu choro ou dos seus pedidos de socorro. - ele abaixa os olhos azuis e eu cutuco seu joelho direito pra que ele me olhe.
- olha, eu também não esqueci de nada do que aconteceu naquele dia mas eu resolvi tentar amenizar as lembranças, eu perdoo você. Pode ficar tranquilo.
- você é boa demais pra qualquer um aqui. Me desculpe por ter feito pouco de você todos esses anos.
- passado é passado não é, agora que já está com seu perdão garantido pode ir sentar com seus amigos.
- esse é o seu jeito de me expulsar ? - e pela primeira vez eu o vejo rir.
- não, esse é o meu jeito de dizer que eu preciso estudar.
- tudo bem. Obrigada Mia.
Ele se levanta e sai, até parece que retirou um peso de seus ombros e eu espero que ele realmente esteja sendo sincero.

GraysonOnde as histórias ganham vida. Descobre agora