Antes mesmo que Steve pudesse entender o que fora questionado, o som estalado da mão de Avril colidindo com o braço do irmão em sinal de repreensão, que ele não tinha o menor direito de ser invasivo daquela forma.

- Não, não tenho – disse o soldado por fim, aproveitando para mudar de assunto e questionar a inquietação de Avril – Estou assumindo que você já sabia do segredo do Barton.

- Sim, e é melhor eu entrar logo...

- Está pronta para isso? – perguntou Petr, a seguindo para dentro da casa – Eu estou meio nervoso por você, já.

- Não, mas eu preciso muito ir no banheiro – brincou ela, mesmo sendo verdade. Seria melhor primeiro sair correndo para o banheiro mais próximo, e talvez até fazer uma parada na cozinha, mas tinha que encarar os Barton primeiro, o resto era sua recompensa. Tinha que ser como arrancar um curativo, um movimento rápido e único, por isso sua coragem diminuiu um pouco quando precisou parar mais uma vez, ao notar que Steve estava fazendo o caminho contrário ao deles – Stevie, está tudo bem? Não vai entrar?

"Podemos ir para casa, se você quiser".

"Não, ele não vai voltar".

"Steve, olha para mim".

Mesma voz, três sentimentos diferentes expressos em seu timbre, e duas das falas se repetiam apenas em sua mente sem pausa prevista, a terceira com um tom de preocupação que fazia com que parasse seu caminho ainda desconhecido, tendo que lutar contra todos os seus instintos para erguer os olhos para a mulher, imagens diferentes dela que sequer existiam se sobrepondo a um ponto que chegava a deixá-lo tonto. A construção no fundo ainda não ajudava em nada, fazendo piorar ainda mais aquele sentimento de ser algo inalcançável, um cenário a qual ele nunca pertenceria.

- Vou dar uma volta pelo terreno, volto daqui a pouco.

A dupla de irmãos assistiu o soldado se distanciar, ambos chegando à conclusão de que não era uma boa ideia se opor a seu desejo.

- Você sabe que ele está escondendo alguma coisa, certo? – comentou Petr, quando eles voltaram a se virar para dentro da casa. Avril apenas revirou os olhos e respirou fundo.

- O que seria de mim sem você para me dizer o óbvio?

- Você fica cega quando se trata desse cara, então sim, você estaria em sérios problemas sem mim.

Aquilo foi o suficiente para que ela parasse mais uma vez, sua impaciência crescendo exponencialmente quando o irmão ainda ousou dar mais dois passos despreocupados antes de também parar.

- Do que você está falando, Petr?

- Nada que deveríamos discutir aqui, você já tem coisa demais para ocupar sua mente – lembrou ele, sinalizando com a cabeça para o portal que dava para o que ele julgava ser a sala da casa, de onde já conseguia ver Clint tentando descobrir o que eles planejavam fazer.

Engolindo em seco, Avril ultrapassou o irmão e tomou a dianteira, adentrando apenas um passo para dentro da sala e esperando pelo melhor.

- Olá, família! – disse Avril com um falso tom de animação, ganhando a atenção de todos assim que entrou na casa. Levando em consideração o tempo que ficara longe dali e os motivos de tal afastamento, ela esperava que Laura fosse começar a gritar com ela, e que culparia a instabilidade da gravidez depois. Só que fora um Barton diferente que correra em sua direção, ainda usara o sofá de apoio no processo para pular em seus braços, se agarrando a ela com tanto desespero que chegou a assustar.

- Ei, Cooper? – ofegou Avril, apoiando um braço nas costas do garoto para garantir que ele não cairia, a outra mão pousando sobre sua nuca, mantendo sua cabeça encostada na dela. Buscando apoio, a mulher olhou para os pais da criança mais ao fundo. Seu desespero apenas aumentou quando ouviu um soluço baixo – Coop, voc... Clint, ele está chorando!

The Real Side II: Dark TimesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora