— O quê? O meu irmão vai nascer? — A voz da Mía ao fundo me faz sorrir. — Deixa eu falar com ele, dinda. Deixa eu falar!

— Tem uma pessoinha ansiosa querendo falar com você, Théo.

Eu dou risada, e Melissa passa o telefone para a minha filha.

— Oi, papai, o meu irmão vai nascer? — É notável a euforia na voz da pequena.

— Sim, bailarina, eu estou indo para o hospital agora com a sua mãe.

— Eu também quero ir! Eu posso ir?

Olho para Annie encostada na parede do elevador, a expressão tranquila e as mãos passeando pela barriga redonda. Mía está tão empolgada que tenho certeza que Annie consegue ouvir a voz dela de onde está.

— Você vai ficar com a sua dinda enquanto isso, tudo bem?

— Poxa, papai.

— Prometo que assim que ele nascer eu te aviso.

— Promete mesmo? - ela pergunta.

— Sim, bailarina.

Mía suspira do outro lado da linha.

— Tudo bem, eu vou esperar.

— Se comporta e obedece a dinda e o tio Vicente.

— Tá bom, papai.

— Te amo.

— Também te amo.

O telefone volta para a Melissa, e ela me garante que já está indo até o meu apartamento com Vicente e Mía. Minha mãe ficou com o meu pai, esperando até Melissa chegar para ir ao hospital. Não gostamos de deixar o meu pai sozinho, ele ainda está andando com dificuldade e precisa sempre de alguém por perto.

Apesar de ter me acalmado um pouco, ainda estou nervoso. É a primeira vez que passo por isso, é uma novidade aterrorizante para mim. Tudo o que eu quero é que passe rápido, e meu filho esteja logo em meus braços.

— Não precisa ficar nervoso desse jeito, vai dar tudo certo. - Annie sorri para mim.

Me sinto patético, até parece que eu que vou parir essa criança.

Me aproximo da Annie, aliso a barriga dela por cima do vestido e deposito um beijo na testa.

— Logo ele estará em nossos braços.

Annie concorda, e aninha o corpo no meu, meio desajeitado, mas é o melhor que conseguimos fazer.

Tento dirigir com calma até o hospital, mas a cada minuto eu fico mais tenso. Annie começa a sentir as contrações chegando, e o que começou com uma respiração ofegante se transforma em gemidos de dor enquanto ela se agarra no banco do carro e fica cada vez mais pálida conforme sente dor. As contrações vem e vão, eu consigo ver a barriga da Annie se contrair de uma forma bizarra e imagino o quanto isso deve doer. Eu não sei o que fazer, como lidar com essa situação. Aperto o volante com as duas mãos, estou tão tenso que sinto todo o meu corpo enrijecer. Tento acalmar a Annie com palavras de apoio, mas eu acho que não adianta de nada. Eu só rezo para que o meu filho não queira nascer dentro do meu carro.

No caminho até o hospital eu ligo para a médica da Annie, que acompanhou toda a gravidez, avisando que Matteo está pronto para nascer. Fico aliviado quando ela diz que chegará o mais rápido que conseguir.

Dou graças a Deus assim que chegamos. Estaciono o mais rápido que consigo, e corro até a recepção, deixando Annie no banco de trás do carro. Um enfermeiro volta comigo até o estacionamento, com uma cadeira de rodas para buscar a Annie.

Inalcançável - Livro 2Where stories live. Discover now