Cap. 47 - SORRISOS E ABRAÇOS

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- Calma aí. Então quer dizer que sua mãe ficou de boa? – perguntou Elvis, levando-se da cama e indo em direção a Renato, que estava encostado no armário.

- Melhor do que eu imaginava.

- Bicha, então finalmente a senhora está livre! – Elvis abraçou Renato, quase sufocando o amigo.

- Livre? – disse Renato, tentando se livrar do abraço do amigo. – E desde quando eu estava preso, Elvis?

- Claro que a senhora estava presa. Presa em um armário, esqueceu? Mas agora, um mundo todo se abre à sua frente... vamos causar muito no mundo gay!

- Não exagera, Elvis.

Renato riu, saiu de onde estava e foi se sentou na cama do amigo.

- Mas quer saber? – continuou Renato - Parece que eu tirei um peso das minhas costas, impressionante. Estou me sentido tão mais leve.

Elvis sentou-se na cama também, do lado oposto ao de Renato.

- E eu não sei? Não tem nada melhor do que a gente se assumir, mana. Tirar aquela pressão de cima da gente, sabe?

- Sei.

- Quando todo mundo sabe, não ficamos com medo de alguém descubra. Questão de lógica, né? – brincou Elvis.

- Se bem que, no seu caso, esse lance de sair do armário nem deve ter sido tão dramático. Aliás, acho que você nem precisou sair de lá. – Brincou Renato.

Elvis jogou a cabeça para trás, como se jogasse uma enorme cabeleira e revirou os olhos.

- Não sei do que você tá falando.

- Ai, Elvis, para. Você se assumiu com quantos anos? Cinco?

- Tá louca? – protestou Elvis. – Eu não era tão velha assim!

Os dois caíram na gargalhada e deitaram cama, mirando o teto.

- E eu contei para ela sobre o Wesley também...

- Nossa. Então foi pacote completo?

- Aham...

- E como ela reagiu?

- No fundo, no fundo, eu não sei, talvez tenha ficado chocada. Mas pelo menos não disse nada messe sentido e ainda falou que acha ele "legal".

- Isso é ótimo.

- Sim, é ótimo com certeza.

- Vem cá, e quando será o jantar?

- Que jantar?

- O jantar de apresentação? Ai, mona, agora você tem que apresentar o cowboy oficialmente pra sua família.

Renato suspirou fundo.

- Família é muita gente, Elvis.

Elvis rolou na cama e repousou o rosto no braço, para encarar o amigo.

- Já pensou em como vai ser quando seu pai ficar sabendo?

- Essa é a segunda parte da trama...

- E talvez a mais complicadinha...

- Pode apostar que é.

- O importante é que agora você não está sozinho nessa guerra. Tem sua mãe ao seu lado.

Renato respirou fundo, saiu da cama e foi se sentar na cadeira junto à escrivaninha de Elvis.

- Só não sei até onde ela seria capaz de ir comigo nessa luta.

Elvis também saiu da posição esparramada na cama e se sentou de frente para o amigo.

- Peraí, viado. Você acha que sua mãe seria capaz de fazer a egípcia diante do seu pai?

Renato pensou um pouco. Se Elvis tivesse feito essa mesma pergunta há alguns meses, com certeza, a resposta seria que ele acreditava no engajamento de Joana. Porém, agora, diante de tudo que estava acontecendo em sua casa. Observando o fato de a mãe ter aceitado o pai de volta, depois de tudo que eles passaram nas mãos de Manuel, ele já não tinha tanta certeza assim do que sua mãe era capaz de fazer para ajudá-lo.

- A minha mãe tem um comportamento um tanto quanto misterioso. Nunca sei o que ela vai fazer, como vai agir. Às vezes, ele me decepciona um pouco.

- Está falando do fato de ela ter levado seu pai para dentro de casa, mesmo ele sendo uma pessoa... – Elvis ficou gesticulado com as mãos, procurando a palavra certa.

- Violenta? Preconceituosa? Homofóbica? – interferiu Renato. – Exatamente isso! Ela sabe muito bem como é o comportamento do seu Manuel, e mesmo assim, lá está ele. Morando debaixo do mesmo teto que ela.

- Complicado, hein?

- Muito.

- Ok – Elvis quase deu um pulo na cama, batendo palminhas e espalhando sorriso. – Vamos deixar de baixo astral, vamos pensar em coisas boas: metade dos seus problemas estão resolvidos. A sua história feliz com o garoto propaganda do sertanejo universitário está a um passo da realização.

Renato riu e sentiu milhares de borboletas no estômago.

- Tomara!

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Where stories live. Discover now