Cap. 38 - Mentes malvadas

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Suzy desceu na estação Carlos Drummond, o enorme relógio pendurado no teto marcava 15h30. Ela estava alguns minutos adiantada. Isso era bom. Se tinha uma coisa que irritava a prática garota virginiana era gente desleixada com seus compromissos. Ela definitivamente não tinha saco para gente que se dava o direito de chegar atrasada em algum evento.

Àquela hora, quando poucos trabalhadores usavam o transporte coletivo, o metrô era praticamente um deserto, de modo que ela não precisou desviar de outros passageiros para evitar esbarrões desnecessários.

Suzy subiu as escadas apressadamente e saiu na Avenida Oito de Julho, que ao contrário da estação do metrô, estava entulhada de gente. Do outro lado da avenida, ela podia ver o enorme prédio onde ficava a maior loja Starbucks da cidade. Três andares dedicados à marca. A garota se juntou à multidão aglomerada em frente à faixa de pedestre, esperando o sinal abrir. Assim que a luz verde se acendeu, Suzy atravessou a larga avenida, que cortava Paraíso às margens do Rio Estige, em direção à cafeteria. Sempre evitando o contato físico com outras pessoas.

Assim que entrou na loja, Suzy não preciso procurar muito. Juliano acenou para ela de uma mesa instalada lá no fundo do andar térreo. A garota colocou um enorme sorriso no rosto, segurou a bolsa rosa que trazia pendurada ao ombro (combinando com a saia) e foi ao encontro do rapaz.

- Que menina pontual, gosto assim – disse Juliano, levantando-se para cumprimentá-la com beijinhos no rosto. – Você está diva, como sempre. Adorei esse visual Meninas Malvadas. Sua cara. Assim que você entrou pela porta, eu pensei: meu Deus, olha lá a Regina George!

- Obrigada... amo esse filme. E amo mais a Regina – agradeceu a garota, enquanto se sentava.

- Quem não ama, né, meu bem? – Juliano sorriu, cúmplice. – E aí? Vai tomar alguma coisa? Tá com fome? – Juliano levantou a xícara de cappuccino na direção de Suzy.

- Não, já comi em casa. E depois, tudo aqui é tão calórico... credo.

- Calórico? Como assim, fofa?

- Eu não quero virar uma baleia, sabe?

- Calma, gatinha, você ainda tá muito nova para entrar nessas neuras.

Suzy fez uma careta.

- Nova nada. Se eu não me cuidar agora, com dezoito vou tá parecendo uma orca!

- Ok, então... nada de café ou comidinhas para minha amiga – ele riu.

Um breve silêncio ficou entre eles. Como uma criança culpada de ter feito algo proibido, eles olhavam ao redor como se fossem dois espiões tentando disfarçar suas identidades. Foi Juliano quem resolveu iniciar a conversa.

- Ok. Pode começar. Por que você precisava me ver com tanta urgência? Não podíamos ter falado pelo telefone?

- Não. Tinha que ser ao vivo.

Suzy olhou ao redor mais uma vez, antes de continuar.

- Você está mesmo a fim de ferrar com a relação do meu irmão com aquele peão idiota?

Juliano recostou-se na poltrona.

- Eita! Bonita e venenosa. Sem rodeios, né? – ele respirou fundo e mudou o tom de repente. – Com certeza.

- Ótimo. Então, acho que devemos tomar logo uma atitude. Estamos muito paradinhos. Guerra é guerra, mano!

Juliano tomou o pouco do cappuccino, franziu a testa e perguntou:

Entre Meninos (Romance gay) - Concluído Where stories live. Discover now